Redação

Um dia após o primeiro turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou o atraso na apuração dos votos para questionar o sistema eleitoral brasileiro. Sem provas, ele disse nesta segunda-feira (16/11) a apoiadores no Palácio da Alvorada que o país precisa ter “um sistema de apuração que não deixe dúvidas”. “Tem que ser confiável e rápido”, afirmou.

O presidente, eleito pelo mesmo sistema que questionado, afirma que é necessário que não haja “margem para suposições”. “Agora, é um sistema que desconheço no mundo onde ele seja utilizado. Só isso, mais nada. Agora, eu tive proposta, o Supremo (Tribunal Federal – STF) disse que é inconstitucional o voto impresso. Tem proposta de emenda de Constituição na Câmara. Se não tivermos uma forma confiável de apuração nas eleições, a dúvida sempre vai permanecer”, disse.

MAIS LENTO E CONFIÁVEL – Depois de falar que o sistema tem que ser confiável e rápido, Bolsonaro afirmou que a população quer um sistema em que seja garantido que o voto foi para determinada pessoa, ainda “que possa demorar um pouco mais.

“Nós devemos atender a população. Não sou eu que fala, quem fala é o povo. Alguns falam sem ouvir o povo, sem sair dos seus gabinetes. No meu caso, estou sempre ouvindo a população, e eles querem um sistema de apuração que possa demorar um pouco mais, não tem problema nenhum, mas que seja garantido que o voto que aquela pessoa deu vá para aquela pessoa realmente de fato”, pontuou.

“NÃO ESTOU PASSANDO BEM” – No Palácio, nesta segunda, o presidente tirou algumas fotos com apoiadores e disse que não gravaria com ninguém. “Não estou passando bem, pessoal”, explicou.

Bolsonaro não se saiu bem como cabo eleitoral, não conseguindo eleger muitos daqueles a quem prestou apoio. Um dos exemplos é Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo. Apoiada por Bolsonaro, ‘Wal do Açaí’ – ou ‘Wal Bolsonaro’ — não conseguiu se eleger para a Câmara Municipal de Angra dos Reis.

Seu filho Carlos teve menos 36 mil votos do que na eleição de 2016 e a ex-mulher Rogéria Bolsonaro, que foi vereadora duas vezes, teve apenas 2 mil votos no Rio de Janeiro.

GRANDE ATRASO –  O primeiro turno das eleições teve um grande atraso na apuração. No sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é possível observar que a última atualização em São Paulo e Maceió, por exemplo, foi às 2h. No domingo (15), o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, explicou que um defeito no hardware no supercomputador que contabiliza as informações de votação gerou uma lentidão no sistema e um atraso na apuração dos votos enviados pelos tribunais regionais eleitorais.

Barroso garantiu, no entanto, que não houve prejuízo à lisura do processo, visto que as urnas eletrônicas funcionam fora da rede e a transmissão das informações dos TREs ocorre em uma rede fechada. O presidente ainda ressaltou que é possível verificar todos os votos nas zonas, nos TREs e com as legendas, que recebem os resultados de cada urna.

Ainda no domingo, o TSE passou por um ataque de hackers promovido por um grupo coordenado nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Brasil. O objetivo era tentar sobrecarregar os sistemas do tribunal, mas o órgão garante que tudo foi prontamente neutralizado.


Fonte: Correio Braziliense