Redação –
O presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta e publicou mensagem em rede social, nesta quarta-feira, dia 20, para cumprimentar o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O comunicado foi divulgado horas após Biden tomar posse no cargo, em cerimônia em Washington.
Aliado do ex-presidente norte-americano Donald Trump, Bolsonaro disse na rede social que Brasil e Estados Unidos têm longa e sólida relação, baseada “em valores elevados”. O presidente brasileiro citou a defesa da democracia e das liberdades individuais como elementos compartilhados entre os dois países.
“EMPENHO” – “Sigo empenhado e pronto para trabalhar pela prosperidade de nossas nações e o bem-estar de nossos cidadãos”, afirmou Bolsonaro na rede social. Ainda segundo Bolsonaro, a carta enviada ao novo titular da Casa Branca exprime cumprimentos do Brasil pela posse e expõe uma “visão de um excelente futuro para a parceria Brasil-EUA”.
Institutos e meios de comunicação anunciaram a vitória de Biden sobre Trump no dia 7 de novembro. A partir desse anúncio, vários líderes mundiais parabenizaram o democrata pela vitória. Bolsonaro, então alinhado ao governo Trump, só reconheceu a vitória de Biden 38 dias depois, em 15 de dezembro.
Na carta, divulgada por Bolsonaro nesta quarta, o presidente brasileiro diz ser “grande admirador dos Estados Unidos” e que, desde de que assumiu o poder no Brasil, passou a “corrigir” o que chamou de “equívocos de governos brasileiros anteriores”, que, segundo o presidente, “afastaram o Brasil dos EUA”.
AMAZÔNIA – Na sequência do documento, cita relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, no campo econômico, tecnológico e do desenvolvimento sustentável. O presidente dedica um trecho da carta para falar sobre mudanças climáticas, proteção ambiental e Amazônia.
“Estamos prontos, ademais, a continuar nossa parceria em prol do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia, com base em nosso Diálogo Ambiental, recém-inaugurado. Noto, a propósito, que o Brasil demonstrou compromisso com o Acordo de Paris com a apresentação de suas novas metas nacionais”, diz Bolsonaro.
CRÍTICAS – Durante debate com o ex-presidente Donald Trump, o então candidato Joe Biden fez críticas ao desmatamento na Amazônia. Biden disse que “começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia”.
“Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de destruir a floresta. E, se não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas”, afirmou Biden no debate. A declaração gerou uma resposta do presidente Jair Bolsonaro, que, na ocasião, classificou o comentário como “lamentável”, “desastroso e gratuito” e fez uma série de postagens críticas a Biden no Twitter.
ÍNTEGRA DA CARTA ENVIADA POR BOLSONARO A BIDEN
Senhor Presidente,
Tenho a honra de cumprimentar Vossa Excelência neste dia de sua posse como 46º Presidente dos Estados Unidos da América.
O Brasil e os EUA são as duas maiores democracias do mundo ocidental. Nossos povos ~estão unidos por estreitos laços de fraternidade e pelo firme apreço às liberdades fundamentais, ao estado de direito e à busca de prosperidade através da liberdade.
Pessoalmente, também sou de longa data grande admirador dos Estados Unidos e, desde que assumi a Presidência, passei a corrigir os equívocos de governos brasileiros anteriores, que afastaram o Brasil dos EUA, contrariando o sentimento de nossa população e os nossos interesses comuns.
Assim, inspirados nesses valores compartilhados, e sob o signo da confiança, nossos países têm construído uma ampla e profunda parceria.
No campo econômico, o Brasil, assim como os empresários de nossos dois países, tem interesse em um abrangente acordo de livre comércio, que gere mais empregos e investimentos e aumente a competitividade global de nossas empresas. Já temos como base os recentes protocolos de facilitação de comércio, boas práticas regulatórias e combate à corrupção, que certamente contribuirão para a recuperação de nossas economias no contexto pós-pandemia. A esses acordos se somam recente Memorando entre o Ministério da Economia do Brasil e o Eximbank, para estimular os financiamentos de projetos, e nosso Acordo de Cooperação para o Financiamento de projetos de Infraestrutura.
Na área de ciência e tecnologia, o potencial de cooperação é enorme, como ficou ilustrado pelo ambicioso plano de trabalho desenvolvido por nossa Comissão Mista e pela conclusão do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, que permitirá lançamentos espaciais a partir da base de Alcântara, no Brasil. O mesmo se aplica à área de defesa, com a conclusão de nosso Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação.
Nas organizações econômicas internacionais, o Brasil está pronto para continuar cooperando com os EUA para a reforma da governança internacional. Isso se aplica, por exemplo, à OMC, onde queremos destravar as negociações e evitar as distorções de economias que não seguem as regras de mercado. Na OCDE, com o apoio dos EUA, o Brasil espera poder dar contribuição mais efetiva e aumentar a representatividade da organização. Nosso processo de acessão terá, também, impacto fundamental para as reformas econômicas e sociais em curso em nosso país.
Estamos prontos, ademais, a continuar nossa parceria em prol do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia, com base em nosso Diálogo Ambiental, recém-inaugurado. Noto, a propósito, que o Brasil demonstrou seu compromisso com o Acordo de Paris com a apresentação de suas novas metas nacionais.
Para o êxito no combate à mudança do clima, será fundamental aprofundar o diálogo na área energética. O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e, junto com os EUA, é um dos maiores produtores de biocombustíveis. Tendo sido escolhido país líder para o diálogo de alto nível da ONU sobre Transição Energética, o Brasil está pronto para aumentar a cooperação na temática das energias limpas.
Brasil e Estados Unidos coincidem na defesa da democracia e da segurança em nosso hemisfério, atuando juntos contra ameaças que ponham em risco conquistas democráticas em nossa região. Adicionalmente, temos cooperado para impedir a expansão das redes criminosas e do terrorismo, que tantos males causam a nossos países da América Latina e do Caribe.
Necessitamos também continuar lado a lado enfrentando as graves ameaças com que hoje se deparam a democracia e aliberdade em todo o mundo e que se tornam mais prementes no mundo pós-Covid: o crime organizado transnacional; as distorções ao comércio mundial e ao fluxo de investimentos oriundas de práticas alheias ao livre mercado; e a instrumentalização de organismos internacionais por uma agenda também contrária à democracia.
Entendo que interessa aos nossos países contribuir para uma ordem internacional centrada na democracia e na liberdade, que defenda os direitos e liberdades fundamentais de todos e, muito especialmente, de nossos cidadãos. E estamos dispostos a trabalhar juntos para que esses valores fundamentais estejam no centro das atenções, seja bilateralmente, seja nos foros internacionais.
É minha convicção que, juntos, temos todas as condições para seguir aprofundando nossos vínculos e agenda de trabalho, em favor da prosperidade e do bem-estar de nossas ações.
O Brasil alcançou sua Independência em 1822, e os EUA foram o primeiro país a nos reconhecer. Em 1824, foram estabelecidas nossas relações diplomáticas. São dois marcos históricos cujo bicentenário, em futuro próximo, os brasileiros queremos celebrar com nossos amigos americanos.
Ao desejar a Vossa Excelência pleno êxito no exercício de seu mandato, peço que aceita, Senhor Presidente, os votos de minha mais alta estima e consideração.
Jair Bolsonaro
Fonte: G1
MAZOLA
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