Por Pedro do Coutto –

Reportagem de Renata Galf, Folha de S. Paulo desta quinta-feira, revela o caso espantoso da falsificação de um vídeo em que o jornalista William Bonner divulga no Jornal Nacional da TV Globo que Jair Bolsonaro encontra-se à frente nas pesquisas eleitorais.

A falsificação, é claro, focaliza tacitamente que o bolsonarismo já tem como certa a derrota do presidente da República, pois se assim não fosse, divulgaria fatos positivos e concretos que definiriam a sua posição na corrida eleitoral de 2 de outubro.

VIRALIZAÇÃO – A matéria acentua que o TikTok e o Kwai vêm fomentando a viralização de notícias falsas na internet. Cada plataforma tem regras e critérios distintos para os conteúdos que compartilham. Os conteúdos têm a sua importância ampliada na reta final das eleições.

Estamos a dois dias das urnas e no momento em que escrevo, tarde de ontem, não tinha ainda sido divulgada a pesquisa do Datafolha marcada para o final da tarde.  Mas os eleitores deste site certamente terão conhecimento e também poderão ler nos jornais de hoje pela manhã.

FAKE NEWS –  Na mesma edição da Folha de S. Paulo, reportagem de Patrícia Campos Mello, Paula Soprana e Renata Galf focaliza amplamente a invasão de fake news em série nas redes sociais.  Na minha opinião, as fake news não influenciam em eleições majoritárias. São apenas instrumento dos que confundem a realidade com aquilo que desejam que aconteça.

É uma prática antiga injetada no cenário político pelos adeptos de Carlos Lacerda. Antigamente era pelo telefone que lacerdistas fanáticos se comunicavam com outras pessoas, espalhando boatos e fazendo acusações falsas a candidatos.

O telefone de ontem de pouco alcance foi substituído pelas fake news de hoje, de grande alcance, no sistema da internet. Mas, pessoalmente, não creio no efeito concreto dessas falsificações. As urnas estão aí, daqui a 48 horas, e confirmarão ou não o que penso do assunto.

DISSIDÊNCIA NO PL –  Nesta altura da disputa eleitoral, a poucos metros da chegada, verificou-se, de acordo com O Globo e a Folha de S. Paulo de ontem, uma cisão no PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Foi divulgada na tarde de quarta-feira, matéria injetada por integrantes do PL voltando a questionar, sem apresentar provas, a segurança das urnas eletrônicas.

Em documento intitulado “Resultados da Auditoria do PL” existe um quadro de atraso no TSE em relação à medida de segurança da informação, o que assinala vulnerabilidade das urnas eletrônicas. O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, determinou a abertura de inquérito, destacando que as acusações são falsas e que em nenhum momento verificou-se qualquer problema no sistema.

SEM ASSINATURA – O documento em nome do PL não tem assinatura, apenas o timbre do partido e foi divulgado, neste ponto o nome aparece, pelo Capitão Augusto, vice-presidente da legenda. No O Globo a reportagem é de Mariana Muniz, Eduardo Gonçalves, Bruno Abud e Andréa de Souza. Na Folha de S. Paulo a matéria é assinada por Matheus Vargas, Júlia Chaib e Marianna Holanda.

Como se constata, a internet, através de suas redes sociais, é um campo aberto ao texto de qualquer um que assume a dupla posição de editor de si mesmo. Ao meu ver, deve caber sempre o direito de resposta, cuja repetição no mesmo volume das fake news desacreditaria os canais propulsores das inverdades. No caso da falsificação do vídeo de William Bonner, o caso é mais grave. Trata-se de um crime para o qual as penas são maiores.

EMPRESARIADO –  Manoel Ventura, Luciana Rodrigues, Bela Megale, João Sorima Neto, Sergio Rôxo e Ivan Martinez-Vargas são os autores de extensa reportagem focalizando de um lado o apoio que Lula da Silva recebeu de empresários de grande peso no país e a reação do presidente Jair Bolsonaro encarregando o ministro Paulo Guedes de entrar em contato imediato com os empresários paulistas para evitar que desloquem seus votos para o ex-presidente da República.

Na minha opinião, Jair Bolsonaro escolheu o nome errado, pois a atuação que Guedes desenvolve há quase quatro anos no Ministério da Economia é o que há de mais anti-voto, antipopular e inadequado sob qualquer aspecto político. Agora, por exemplo, como a GloboNews noticiou na quarta-feira, lançou a ideia de o país vender praias para estrangeiros.

Em 2020, quando da reforma da Previdência Social, anunciou que a modificação acarretaria um superávit anual de R$ 100 bilhões, o que no fim de uma década se transformaria em R$ 1 trilhão. Não aconteceu nada disso.

INVESTIGAÇÃO – Há poucas linhas, fiz menção a uma decisão do TSE mandando investigar e apurar a responsabilidade de documento que circula na internet atacando as urnas eletrônicas. Citei e estava esquecendo de explicar o motivo de chamar de dissidência o movimento interior da legenda do PL.

É que o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, e que nesta condição visitou o sistema de computação de votos do TSE em Brasília, afirmou que as urnas são invioláveis, que as eleições se realizarão pacificamente e que quem vencer tomará posse. Este posicionamento, está claro, é oposto ao documento divulgado pelo Capitão Augusto.

DEBATE –  Na manhã de hoje, todos nós, leitores da Tribuna da Internet, já podemos analisar e comentar o que o debate da véspera traduziu. Mais uma campanha político-eleitoral que chega ao fim de uma de suas etapas.

Digo uma de suas etapas porque em vários estados haverá segundo turno, ao contrário do que prevejo para o confronto derradeiro entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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