Por Jeferson Miola

O ato terrorista de Roberto Jefferson retirou a capacidade de iniciativa e de reação da campanha do Bolsonaro faltando apenas cinco dias para a eleição.

Bolsonaro se dedica de todas as formas à missão impossível de se desvencilhar do Bob Granada. O comando da campanha está há dois dias tentando encontrar uma bússula.

No desespero para desviar a atenção do assunto, dois Goebbels’s da campanha – os Fábios Faria e Wajngarten – improvisaram à última hora uma entrevista coletiva [24/10] para mentir com denúncia falsa sobre falsos problemas na veiculação de milhares de programas de TV em estados do nordeste. Os baderneiros levaram um pito do presidente do TSE, que os intimou a apresentarem provas em 24 horas, sob pena de incorrerem em crime de fraude eleitoral.

A campanha do Bolsonaro não conseguirá tempo para tentar explicar o inexplicável nos programas de rádio e TV.

A bolha bolsonarista está momentaneamente paralisada e dividida, não sabe como deve reagir. A turma se divide entre os que continuam glorificando o bandido e os que hesitam em continuar defendendo-o.

Os acontecimentos do final de semana, que começaram com os ultrajes à ministra Carmem Lúcia, as ameaças ao TSE e STF e terminaram com as tentativas de homicídios de quatro policiais federais, condensaram praticamente todos os elementos da essência bolsonarista: “pessoa de bem” armada, atirador valentão, misógino, truculento, terrorista, desrespeitador das leis, autoritário, ameaçador das instituições e da democracia, causador de baderna, tumulto e caos.

Ministra Carmen Lúcia. (Rosinei Coutinho/SCO/STF)

Roberto Jefferson não é um criminoso qualquer. Ele é um arquétipo integral do tipo ideal bolsonaristaBob Granada é, enfim, o âmago do bolsonarismo.

Depois do terrorismo do Bob Granada, na melhor das hipóteses Bolsonaro conseguirá conter, em alguma medida, a erosão da bolha bolsonarista, que é fanatizada e abduzida por critérios delirantes.

Mas, afora isso, Bolsonaro dificilmente conseguirá captar votos de certos segmentos antipetistas, mesmo os mais renitentes, com exceção daqueles que padecem de grave deformidade ética, moral e existencial e têm total descompromisso com a democracia.

O efeito desastroso do Bob Granada é exponenciado pelo “inferno astral” da campanha bolsonarista, enredada em se explicar sobre a pedofilia do Bolsonaro e o arrocho do salário mínimo, das pensões e aposentadorias.

Os mais de 50 tiros de fuzil disparados e as granadas detonadas alvejaram em cheio a campanha do Bolsonaro. O Brasil está a cinco dias do começo do fim do pesadelo.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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