Por Sérgio Ricardo

A belíssima imagem da presença de um grupo de botos-cinza nadando na enseada da Urca é mais uma comprovação de que a nossa Baía de Guanabara está viva!

Esta espécie marinha é o símbolo do Rio de Janeiro e, apesar isso, infelizmente, encontra-se ameaçada de extinção: eram 800 indivíduos desta espécie até a década de 1990 e atualmente não passam de 2 a 3 dezenas de botos vivendo nas águas interiores da Baía de Guanabara. Esta espécie está no topo da cadeia alimentar, portanto seu declínio ou redução do número de indivíduos afeta diretamente a preservação e a sobrevivência de todas as demais espécies marinhas.

Na atualidade, vivenciamos um quadro de crescentes ameaças e riscos tanto à vida marinha, quanto a atividade da pesca artesanal, que são parte do ‘Sacrifício Ambiental’ que vem afetando as 3 baías fluminenses (Guanabara, Sepetiba e da Ilha Grande), o que é o resultado de um modelo de desenvolvimento urbano-industrial altamente poluidor e impactante.

Nesta Década dos Oceanos (2021-2030, ONU), por meio de uma parceria firmada entre a Reitoria da UERJ, o Baía Viva e a Associação de Moradores de Paquetá (MORENA) será implantada a Universidade do Mar da Baía de Guanabara formada por um consórcio (ou pool) que já congrega cerca de 30 instituições entre universidades públicas e privadas, órgãos públicos, setor pesqueiro e entidades da sociedade civil, cujo objetivo é o de contribuir com soluções técnicas e iniciativas de projetos voltados à promover a Recuperação Ambiental Integrada da Baía de Guanabara: a Universidade do Mar terá um Campus Avançado em Terra a ser sediado no imóvel do Solar del Rey em Paquetá e um Campus Avançado no Mar que será instalado na Ilha de Brocoió. Hoje a região do Arquipélago de Paquetá é, ao mesmo tempo, o berçário e refúgio dos botos cinzas que perderam seu território original para a expansão industrial ilimitada que se deu na Guanabara após o início da exploração do Pré-sal.

Anualmente, estima-se em 10 mil navios e rebocadores trafegando por ano nas águas da Baía, o que tem afugentado espécies sensíveis como os botos.


SÉRGIO RICARDO VERDE – Ecologista, membro fundador do movimento BAÍA VIVA, gestor e planejador ambiental, produtor cultural, engajado nas causas ecológicas e sociais, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, membro do Conselho Estadual de Direitos Indígenas (CEDIND-RJ) pela organização GRUMIN presidida pela escritora Eliane Potiguara.