Por José Macedo

É de meu costume tecer comentários, sejam breves ou não, o que não retira a importância, sobre datas que possuem relevante significado para nossa história. É assim o que faço, neste momento. Nesta data, ocorreu a queda da velha prisão do Antigo Regime, símbolo do Absolutismo.

Na época, estava no poder o Rei Luis XVI. A seus intoleráveis desmandos e descontroles, acrescentemos as arbitrariedades, incluindo as da Justiça, que eram amálgama e campo fértil para revolta. Os ideais do Iluminismo estavam presentes e influenciaram seus formadores de opinião e líderes revolucionários. O povo não suportava mais manter uma corte ociosa e corrupta, além do Primeiro e do Segundo Estados, diga-se, clero e aristocracia. Esta prisão estava, praticamente, desativada, com apenas 7 prisioneiros, mas revestia-se de significativo símbolo, o da decadência do regime. O povo estava revoltado, em função da escassez de alimentos, em função dos privilégios e em função da cobrança de pesados impostos destinados para sustentar o luxo e ociosidade de uma minoria privilegiada, repita-se, representando apenas 2% da população.

Esta data reveste-se ainda de significado, porque lembra a revolta popular, marco para mudanças políticas, incentivo e exemplo para o surgimento de uma nova era e dos Estados modernos. O absolutismo de Luís XVI estava em fase de vulnerabilidade e decadência, em virtude do que foi dito. A este resumo de incertezas somou-se os efeitos da seca de 1785, a escassez de alimentos, gerando, carestia, fome e miséria. A insatisfação popular e revolta decorreram desse contexto, quando, sobre os ombros de 98% da população, composta de burgueses, comerciantes, artesãos, dos mais pobres e camponeses, todos em crise, recaiam o peso de sustentar o combalido Regime.

Com a crise, Luís XVI convocou o Órgão Consultivo (os Estados Gerais), compostos por membros dos 3 Estamentos. O Terceiro Estado não concordou com a contagem dos votos na Assembleia Constituinte, o que a partir daí estourou a Revolução Francesa. Com o assassinato de Marat, amigo do povo, a situação saio do controle. Esse episódio merece ser estudado, por que, dele, a humanidade herdou exemplo e influências para a constituição dos Estados modernos, que se seguiram, não olvidando os ideais consagrados, de liberdade, igualdade e fraternidade, a Declaração dos direitos do homem, fim da escravidão e mudanças na Justiça. Além de tudo, nunca podemos esquecer de que as mudanças, historicamente, têm sua origem na vontade popular, alimentada por ideais, acima indicados. Esse cenário estava formado para um dos principais acontecimentos da humanidade, até hoje, referência, para a humanidade. As rupturas sociais ocorrem, quando as variáveis impulsionadoras estão presentes. Os agentes e líderes dessas mudanças surgem em meio ao processo, sem que sejam, previamente, conhecidos.

No curso da Revolução Francesa, apresentaram-se líderes, muitos foram mortos e derramaram seus sangues, para, ao final, surgirem outros que deram prosseguimento às reivindicações e anseios do povo, sedento pela urgente mudança do Regime, abolindo a Monarquia e implantando a primeira República, em 21 de setembro de 1892.


JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.