Por Dom Pedro Luiz Stringhini –

No dia 12 de outubro de 2021, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, ao celebrar missa no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, afirmou:

“Para ser Pátria amada não pode ser pátria armada. Para ser Pátria amada (é preciso ser) uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção e pátria amada com fraternidade”!

O deputado Frederico Braun D’Ávila (PSL-SP) ocupou a Tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), refutando as afirmações de Dom Orlando Brandes, em tom agressivo e com palavras ofensivas ao arcebispo de Aparecida e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. Dirigiu-se aos bispos usando termos fortes como “pedófilos e safados”, afirmando que “a CNBB é um câncer a ser extirpado do Brasil”. Referiu-se a Dom Orlando e à CNBB como “gente nojenta e imunda” e, ao encerrar sua alocução, usou o qualificativo “canalhas, canalhas”.

Cabe aqui lembrar a reação de Jesus Cristo diante de Pilatos ao ser esbofeteado por um soldado: “se falei mal, mostra em que; mas se falei bem, por que me bates?” (Jo 18,23).

Cabe perguntar: há algum erro quando Dom Orlando propõe que a Pátria se paute pela não-violência, verdade e fraternidade? Qual, então, o motivo de tanto ódio e agressividade emanados da boca do deputado Frederico contra o arcebispo e à CNBB? Seria em razão da solicitude e solidariedade da Igreja, dos cristãos e pessoas de boa vontade para com os pobres?

Sim, a Igreja não deixará de explicitar sua preocupação com os atuais rumos do País e de se solidarizar com os que sofrem a dor causada pelos 600 mil mortos na pandemia, os 14 milhões de desempregados, os 19 milhões passando fome, a crescente inflação e os preços abusivos. Não deixará de anunciar o sonho de uma sociedade de fraternidade e de paz.

Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo diocesano de Mogi das Cruzes – SP
Presidente do Regional Sul 1 da CNBB


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