Por Pedro do Coutto –

A equipe de transição do presidente eleito, Lula da Silva, que se transformou num grupo de construção e de aconselhamento político, fracassou amplamente no intuito de planejar governo e articular, afastando-se do objetivo principal que é o de fazer um diagnóstico do país no governo Bolsonaro e preparar um relatório sobre a realidade encontrada. Mas, ao mesmo tempo, voltou-se para projetos de planejar e articular a formação dos ministérios.

As articulações políticas foram marcadas pelo fracasso, tanto que a senadora Simone Tebet, cotada para integrar o governo e que foi um fator decisivo para a vitória de Lula nas urnas, foi esquecida no projeto original em que ela se encaixa e deseja: o Ministério do Desenvolvimento Social que inclui o novo Bolsa Família.

CONDIÇÃO – Reportagem de Bianca Gomes, O Globo desta sexta-feira, destaca que a própria Simone Tebet condicionou a sua participação na administração federal somente se for para o Ministério do Desenvolvimento Social, caso contrário ela se afastará de qualquer diálogo com as forças do PT. A legenda volta-se contra a sua indicação porque, vejam só, revela temor diante da possibilidade do seu crescimento nacional ao comandar o Bolsa Família.

Por falar no programa, é preciso considerar que ainda não foi feito o cadastramento do número de crianças menores de seis anos que integram famílias em acentuada carência. Como será feito esse levantamento? Não é fácil, dá margem a equívocos e fraudes. Pessoas podem se apresentar como pais de um número de crianças que não são seus filhos e receberem o auxílio mensal de R$ 150 por criança. Mas essa é uma questão operacional. Por fim, a equipe de transição falhou.

ORÇAMENTO SECRETO –  A transição lulista falhou também na questão do orçamento secreto. O Supremo concluirá o julgamento na próxima semana, mas na decisão final, seja qual for, é preciso separar bem as coisas. O julgamento terá que seguir esse roteiro. Uma coisa são as emendas do relator, claro, são constitucionais. Mas não para finalidade secreta. Aí há inconstitucionalidade. O voto dos ministros foi o de que o segredo não pode ser aceito, pois a lei tem que ser clara para conhecimento de todos. O Congresso tenta substituir o segredo por uma solução que encaminhou para a ministra Rosa Weber, presidente do STF.

O Orçamento secreto é uma excrescência e deve ser abolido. Quando publicado integralmente o acórdão do julgamento, será possível saber que a maioria dos ministros votaram contra o segredo. O PT não assumiu uma posição clara a respeito do tema, procurou contemporizar na esperança de ser aprovada a PEC do Orçamento que permitirá ao governo Lula retomar o Bolsa Família. Na edição de O Globo de ontem, o tema é objeto de excelente reportagem de Mariana Muniz e Bruno Góes.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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