Redação

relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse nesta terça-feira (8) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante o segundo depoimento dele à comissão, “inaugurou o neonegacionismo”.

Renan Calheiros afirmou que declaração do próprio ministro, antes do segundo depoimento, atribuía a uma questão política o veto à nomeação da médica Luana Araújo como secretária extraordinária de Enfrentamento da Covid. A declaração estava em linha com o que a própria médica havia dito à CPI. Mas nesta terça-feira o ministro mudou a versão e disse que o veto foi dele e não do Palácio do Planalto.

NEGANDO O NEGADO – Para o relator da CPI, Queiroga negou o que já havia falado anteriormente. “O ministro inaugurou uma nova etapa do negacionismo, o neonegacionismo”, afirmou Renan Calheiros.

O relator da CPI destacou, porém, que o ministro da Saúde admitiu a ineficácia da cloroquina no tratamento da doença. “Mas, por outro lado, continua sem coragem de tirá-la das normas do Ministério da Saúde”.

Em sua fala, Queiroga disse que a nota que recomendava o uso da cloroquina passou a ser um documento para a história e não tem mais validade, mas se recusou a retirá-la das normas do ministério.

SEMPRE BLINDANDO – Segundo Renan Calheiros, o ministro voltou à CPI com a orientação de seguir “blindando” o presidente, tanto em relação ao comportamento de Bolsonaro na condução do enfrentamento da pandemia como no episódio do veto à nomeação da médica Luana Araújo, cuja posição pública é contrária ao tratamento precoce defendido pelo presidente.

Na avaliação de Omar Aziz e de Randolfe Rodrigues, presidente e vice da CPI, além de mais “combativo” no seu segundo depoimento, o ministro Marcelo Queiroga voltou com a mesma disposição de proteger o presidente Jair Bolsonaro em temas de enfrentamento da pandemia.

“Ele seguiu retirando a responsabilidade do presidente da República e do Planalto, como no caso do veto à dra. Luana Araújo [para a secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid]”, afirmou o vice-presidente Randolfe Rodrigues.

MESMA TÁTICA – Repetindo suas declarações do primeiro depoimento, o ministro Marcelo Queiroga voltou a dizer que não cabe a ele julgar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro ao ser indagado o que achava da postura dele de não usar máscara e estimular aglomerações.

“Eu sou ministro da Saúde, não sou censor do presidente”, afirmou o ministro. Os senadores destacaram, porém, que ele admitiu que “as imagens falam por si só” depois da exibição de um vídeo com cenas do presidente sem máscara e participando de aglomerações.

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Fonte: G1 Brasília, por Valdo Cruz / Vídeo: Congresso em Foco