Redação

O delegado Pablo Dacosta Sartori, que comanda a Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos do Rio de Janeiro, iniciou uma investigação contra o editor-executivo do site The Intercept Brasil, Leandro Demori.

O jornalista virou alvo da polícia após escrever uma newsletter sobre operações policiais realizadas pela Coordenadoria de Recursos Especiais, a Core, que resultaram em dezenas de mortes.

O grupo da polícia civil carioca seria o responsável pela chacina de mais de 20 pessoas em Jacarezinho, no começo de maio. Agentes do Core também são apontados como suspeitos por outros casos emblemáticos de violência policial no Rio de Janeiro, como a morte do menino João Pedro, a chacina do Salgueiro e o caso do helicóptero da Maré.

O inquérito para investigar Demori foi pedido por Sartori, que também assinou como testemunha do caso. O delegado, porém, omitiu ter relação prévia com o grupo citado pelo jornalista. Ele atuou por três anos como chefe de Serviço Aeroespacial da Core, segundo registros do Diário Oficial do Rio.

Sartori é o mesmo delegado que intimou o youtuber Felipe Neto a depor por ter chamado Jair Bolsonaro de “genocida” . Ele também abriu investigação contra os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, da TV Globo. No primeiro caso, atendeu a solicitação de Carlos Bolsonaro e, no segundo, de Flávio Bolsonaro, ambos filhos do presidente.

Por conta da repercussão negativa de seus atos, a polícia do Rio chegou a retirar de Sartori a prerrogativa de investigar autoridades. A assessoria de imprensa da instituição foi procurada. Em resposta disse que o inquérito foi aberto no dia 12 de maio após denúncia de policiais da CORE, que se sentiram ofendidos pelas postagens dos dois jornalistas. O inquérito tem 30 dias para ser concluído, podendo ser prorrogado caso necessário. Quem assinou a abertura do procedimento foi a delegada Daniela Rebelo, que estava substituindo o titular da DRCI, afastado por licença médica.


Fonte: Congresso em Foco