Por Miranda Sá –
“Nada há que seja verdadeiramente livre nem suficientemente democrático. Não tenhamos ilusões, a internet não veio para salvar o mundo” (José Saramago)
Nos dias de hoje, em que assistimos uma sequência de ondas espumando tendências para tudo, arte, linguagem, literatura, política, e até vícios, deixando para trás a moda que era só o vestuário com sua presença vulcânica no cinema.
A moda nasceu dos costumes de vestir-se no dia-a-dia, diferenciando as roupas de casa e da rua, alimentando a criatividade e a escolha de desenhos e cores que atraía multidões, enriquecia costureiros, e estimulava o jeito de se pentear, se maquiar e se comportar.
Hoje é protagonista nas orientações publicitárias e na aceitação das pessoas pela influência da tecnologia nos meios de comunicação. A atualidade sócio-política estendeu a moda para além das celebridades, que embora ainda cativem muita gente, perdem-se entre os milhões de usuários das redes sociais.
O que entra na moda agora são as novidades que a Internet trás. Vão da terminologia até a importância do algoritmo, uma palavra e um conceito que estão em todos os meios e conversas de bar, como eram antigamente os filmes de Ingmar Bergman e Almodóvar….
Algoritmo virou mania em alguns círculos, aconselhado para ser aplicado em todos níveis das atividades humanas, seja para conquistar uma posição no trabalho, ou atuações políticas e sociais, e até na cozinha e no trato dos animais domésticos….
Para muitos, parece uma coisa nova, mas não é. Trata-se do estímulo ao raciocínio, a busca sistemática de instruções ou operações para alcançar um objetivo, limitando-se a dados concretos.
Não sei como é o ensino atual no curso que no meu tempo se chamava Ginásio; só sei que há 80 anos já aplicávamos o algoritmo nos cálculos matemáticos e na minha paixão que era a geometria. Trago até hoje decorado o enunciado do Teorema de Pitágoras: “Nos triângulos retângulos, o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos”. Meus contemporâneos lembram?
Pois está aí o algoritmo. Esta relação matemática entre o comprimento dos lados de um triângulo retângulo é um algoritmo puro, um nome antiquíssimo que vem do árabe, um antropônimo do matemático Al-Huuarizmi, que chegou ao latim vulgar como “algorismus” ou “algorithmus”.
Chegando à Informática, compreende o conjunto de regras e operações bem definidas e não ambíguas, que, aplicadas aos dados coletados num número finito de etapas, solucionam o problema apresentado.
Dessa maneira, como vimos acima, uma imensa parte da população global está vinculada à tecnologia da informação e sabe as ferramentas da web, smartphones, computadores, smart, TVs e tablets funcionam com sistemas baseados em algoritmos.
Eis que de repente toda a evolução tecnológica caiu no mundo inteiro exigindo mais do que comandos seguros, mas principalmente explicações do porquê ficarem fora do ar os serviços do Facebook, sejam WhatsApp, Facebook e Instagram.
Foram ruidosas as reclamações pela indisponibilidade do Instagram, mas não superaram o desespero dos usuários do WhatsApp, o aplicativo de troca de mensagens via celular, que é o maior veículo das fake news. No Brasil, deixou desesperados os negativistas aliados do coronavírus, incapacitados de disseminar notícias falsas sobre a vacinação.
Mas não faz mal: diferentemente das redes atingidas pelo apagão, o Twitter não usa exclusivamente o algoritmo para determinar o feed e foi mantido disponibilizando o acesso e a informação.
Assim, os tuiteiros, críticos independentes dos defensores da política necrófila do capitão Bolsonaro, se alegraram com o silenciamento por seis horas sem precisar desmentir as suas contumazes mentiras do bando de Carluxo….
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
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