Por Iata Anderson –
Não por acaso, Pedro Vuaden ficou quase quatro minutos na tela, após apitar pênalti contra o Guarani, na emocionante final do jogo contra o Vasco, sexta-feira, em Campinas. O tradicional jogo de “seis pontos” deixou o Gigante da Colina em situação difícil para voltar ao primeiro patamar dos clubes brasileiros. Final dramático com cores de emoção poucas vezes vista numa partida de futebol que, como o basquete, tem esse privilégio. O Guarani, em segundos, deixou de perder três pontos, com pênalti a favor do Vasco, que tem um bom batedor, Cano, viu um chutão de sua área para o meio de campo, um desvio de cabeça, falha da zaga vascaína até o improvável gol da vitória, também de Vuaden, que teve seu patrocinador no ar por longos e preciosos minutos.
Melancólico fim de carreira para quem já foi apontado, por mim inclusive, como maior promessa da arbitragem brasileira. Serviçal atencioso, como a maioria, jogador não respeita mais. Vive de “levar o jogo”, acomodar. Antes eles eram respeitados pela qualidade, hoje querem fazer parte do jogo, levantam jogador, bebem água com eles e quando acaba a partida são cercados e ficam felizes com isso, resenhando no meio de campo. Cadê o chefe deles que não manda se retirar para o vestiário, longe da aglomeração? A publicidade na camisa aparece plenamente.
A derrota para o Botafogo, em São Januário, complicou mais ainda a situação do Vasco, que já admite começar a se programar para repetir o ano.
O Flamengo venceu mais uma e novamente Michael foi o melhor em campo, contra o Atlético Goianiense. David Luiz jogou, pela primeira vez, uma partida do campeonato brasileiro. Mal lançado, quando chegou, total desrespeito ao planejamento e organização, apressaram sua volta e o prejuízo foi enorme, inclusive com perda de pontos importantíssimos. Como parece que não há comando no futebol do Flamengo, jogadores entram em campo, assinam o ponto e vão embora, quando não são expulsos, sem nada acontecer. Alguns ganham até “folgas”, como Gabigol. As inúteis substituições, de três jogadores, como agravante, sem nenhuma utilidade, aos 42 minutos, somando aos 5 de descontos, 8 minutos em campo. Nem aquecem, sabe-se disso no primeiro período de educação física. Ainda correm o risco de lesão. Pra que servem preparadores físicos, médicos, fisiologistas, fisioterapeutas, se ninguém discute isso? Voltando todos os antigos titulares, Arrascaeta, Bruno Henrique, Gabigol e Everton Ribeiro, Michael o atual melhor jogador do time, volta ao banco de reservas?
Graças ao talento e experiência de Marcelo de Lima Henrique, um dos poucos que jogador respeita – o Gre-Nal de sábado não terminou em tragédia, quando acabou. A porrada estancou e Marcelo ficou de fora, observando tudo. Vermelho nos arruaceiros, sem se passar por arbitro de luta livre ou box, o que a maioria faz para mostrar a marca do patrocinador. Árbitro não pode ser protagonista, mas parte do jogo, porque ninguém compra ingresso para vê-los. “Subir as linhas”, “Marcação alta”, nada disso existe, a não ser na cabeça de algumas pessoas que ocupam microfones importantes nas rádios e tvs, quando não deveriam. O campo é plano, sempre se disse que pode- se “avançar” ou “recuar” as linhas, o óbvio. Mas a ideia é inventar, criar pseudo neologismos, complicar o idioma, faz parte, é o sistema comandando. As marionetes só repetem as anomalias predominantes. Vertical, só lembrando, é perpendicular à horizontal, um foguete subindo, por exemplo.
Pedrinho, ex -Vasco, comenta muito bem, faz boa leitura do jogo, craque que foi, mas precisa usar a língua portuguesa, ao invés de seguir a malta. Atenção jornalismo da Band (Jornal do Rio, principalmente). “Daqui a pouco” não é informação. Sempre que há um jogo à noite, e os horários são variados, o repórter diz que “logo mais” ou “daqui a pouco”, o “Flamengo enfrenta o Atlético”, no Maracanã. A informação que interessa leva local e horário do jogo, jornalistas. Logo mais não é informação.
A luta continua.
IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.
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