Por Osvaldo González Iglesias –
Num mundo cada vez mais dominado pelos avanços científicos e tecnológicos, a filosofia é a mãe de todas as ciências, desvendando as questões mais profundas da existência humana e projetando o seu olhar para além das limitações materiais. Neste contexto, a metafísica surge como a abordagem mística que explora o ser humano e a sua transcendência, abordando aspectos para além da realidade tangível.
A filosofia, desde os seus primórdios, procurou compreender a essência da realidade e o sentido da existência. A metafísica, como ramo fundamental da filosofia, investiga o reino do transcendental, explorando questões fundamentais sobre a natureza do ser, a realidade e sua conexão com o divino. Torna-se assim uma ponte entre o tangível e o intangível, entre a ciência e a espiritualidade.
Em contraste com a visão limitada da ciência, que se concentra no observável e mensurável, a metafísica abraça o não evidente, mergulhando na dimensão espiritual e na ligação do indivíduo com algo além da sua existência terrena. Esta abordagem reconhece a importância dos aspectos emocionais e espirituais na compreensão completa da realidade humana.
A ciência, com os seus métodos empíricos e analíticos, oferece respostas valiosas, mas é limitada pela sua incapacidade de abordar o metafísico e o espiritual. A filosofia, especialmente por meio da metafísica, amplia o horizonte do conhecimento, permitindo-nos explorar dimensões que vão além das restrições da ciência tradicional.
A escolástica, uma abordagem filosófica da Idade Média, tentou harmonizar a fé cristã com a razão, fornecendo uma explicação lógica através da metafísica para aspectos que a ciência não conseguia abordar. Esta tentativa de dar sentido à revelação e à existência de um Deus todo-poderoso destaca a necessidade de recorrer à filosofia quando a ciência encontra os seus limites.
Em suma, a filosofia, especialmente a metafísica, constitui uma ferramenta essencial para compreender a transcendência humana e explorar as questões mais profundas sobre a existência e a realidade. Reconhecendo que a ciência não pode abranger todos os aspectos da experiência humana, abraçamos a riqueza do pensamento filosófico, que nos convida a olhar para além das formas e técnicas, em direcção à própria essência da nossa existência.
Em Busca de Significado: A Crise Espiritual na Era do Desenvolvimento Material
No turbilhão de desenvolvimento material que tem caracterizado a sociedade contemporânea, surge uma preocupação palpável: apesar dos avanços tecnológicos e do conforto material, os seres humanos enfrentam uma profunda insatisfação moral e espiritual. Esse mal-estar coletivo se manifesta na busca desesperada por respostas nas redes sociais, nos livros de autoajuda e nas diversas formas de fuga, evidenciando uma falta de sentido que as conquistas materiais não conseguem preencher.
Vivemos numa época em que os relacionamentos são efêmeros e os vínculos parecem carentes de substância. A angústia, revelada no comportamento coletivo, reflete uma sociedade que luta para encontrar sentido em meio à aparente desconexão emocional. A procura de respostas intensifica-se num contexto onde as normas e regras do sistema impõem um ajustamento constante, espartilhando os nossos instintos e controlando os nossos desejos. Esta realidade nos mergulha na angústia existencial, levando-nos a questionar o verdadeiro sentido da existência.
O sistema, cada vez mais orientado para a eficiência, a eficácia e a economia, rachou a nossa essência, transformando-nos em seres que se sentem constantemente observados, censurados e obrigados a dar explicações sobre as nossas escolhas. Nesse contexto, a insatisfação se perpetua e nos perguntamos se a busca constante por conquistas materiais realmente justifica a nossa existência.
A superficialidade predominante na reflexão, a obsessão pela utilidade e pelo progresso, distancia-nos da possibilidade de nos conhecermos. A pressão para ter sucesso numa sociedade que define o sucesso em termos materiais distancia a realização humana da sua verdadeira essência espiritual. Neste cenário, a filosofia se coloca como um farol em meio às trevas, oferecendo um espaço de reflexão profunda, longe dos falsos profetas da autoajuda e das limitações da psicologia convencional.
É na filosofia onde encontramos a chave para compreender a origem da nossa raça, a história da nossa formação psíquica e o sentido da nossa existência. Enquanto a sociedade contemporânea procura respostas superficiais, a filosofia convida-nos a mergulhar nas águas mais profundas da reflexão, onde a verdadeira realização espiritual espera ser descoberta. Em tempos de confusão espiritual, a filosofia permanece como a ponte que nos conecta com a nossa essência além dos limites materiais.
Tradução: Siro Darlan de Oliveira.
OSVALDO GONZÁLEZ IGLESIAS – Escritor e Dramaturgo. Director do jornal eletrônico Debate y Convergencia, correspondente do jornal Tribuna da Imprensa Livre na Argentina.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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