Por Alcyr Cavalcanti

Centenas de blocos esperam que o vírus vá embora e nunca mais volte.

Vai ser um Carnaval só pra “inglês ver” como diz um ditado antigo. A alegria da carne vai ficar para 2023, segundo a decisão conjunta do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro. A Pandemia insiste em atormentar a alma carioca e com o natural fluxo de turistas atraídos pelo verão carioca, os hotéis vão ficar cheios, com ou sem a Covid-19 que deve causar uma nova onda de variantes e invariantes desse vírus que se transmite com a maior facilidade. Fica uma pergunta, onde  essa multidão de foliões ocasionais e principalmente os tradicionais vão liberar seus instintos reprimidos há meses e mais meses devido a um confinamento que nunca se viu.

Blocos fazem a abertura não oficial do carnaval de rua do Rio de Janeiro. (Divulgação/RioTur)

Fantasias preparadas durante meses e principalmente os foliões não vão mais “sair do armário” e vão ter de esperar, não se sabe até quando. Namoros e amores da Folia como no Baile dos Mascarados vão acontecer, com ou sem regras, mas com muita vacina no braço.

“O maior espetáculo da Terra”, o carnaval do Grupo Especial do Rio. (Divulgação/Riotur)

Vai ser difícil controlar, blocos proibidos vão quebrar as regras e a maior festa popular do mundo vai ficar sine die. Os mais de 500 blocos oficiais e registrados esperam a decisão, mas ao que tudo indica com essa epidemia de gripe que tem derrubado milhares de pessoas vai ser difícil. Vai ficar a frustração de acordar bem cedo no sábado de  Carnaval e não poder correr para a concentração do Bola Preta para ver as rainhas Maria Rita e a belíssima Leandra Leal a subir no alto do carro para distribuir alegria a uma população sofrida no dia a dia de uma crise que insiste em permanecer.

Que o Santo padroeiro Sebastião/Oxóssi e os deuses da folia tenham pena de nós e que a alegria da inversão, da baderna organizada da maior festa popular do planeta volte a sorrir.

ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.


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NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.