Por Miranda Sá –
O filósofo florentino Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, conselheiro de ocupantes do poder na antiga Itália dizia que “o objetivo da política era manter a estabilidade social e do governo a todo custo”; e alertava: – “Aquele que engana sempre encontrará quem se deixe enganar”.
Maquiavel, como é mais conhecido entre nós, tinha razão em ambas colocações e no caso do enganador a sua afirmação tornou-se tão popular que o trapaceiro adquiriu o sinônimo de maquiavélico…
No dizer do fabulista, teólogo e advogado La Fontaine a Trapaça é uma “ciência” que atrai muitas pessoas a se especializar nela, e praticá-la. Dicionarizado, o verbete Trapaça é um substantivo feminino vindo da palavra latina Trapa, significando armadilha, e chega ao brasilês como cilada ou arapuca….
Encontramos corriqueiramente a designação de Trapaça para qualquer ação desonesta para enganar alguém, manobra astuciosa empregada para iludir. Leva-nos a constatar fraude, logro e má-fé.
Há quem considere a Astrologia uma pseudo ciência explorada por trapaceiros, mas esta alegação é desmentida por milhares de pessoas que creem nela. Um enorme balaio de personalidades históricas de épocas variadas, como Júlio César, papas medievais, Napoleão e, mais recentes, no século 20, Eisenhower e Hitler, consultaram astrólogos e acreditavam em horóscopos.
Contrariamente, temos o exemplo do general árabe, comandante do exército do califa Valid, que embora descrente, consultou um astrólogo; ouvindo que iria morrer em breve. Para esnobar o Consultor perguntou-lhe o que os astros diziam sobre a vida dele. Ouvindo-o dizer que teria uma vida longa, disse: – “Confio tanto no teu conhecimento dos astros que lhe quero sempre junto comigo doravante, peço-lhe, portanto, que me espere no além”; e mandou que o decapitassem.
Também incrédulo, o jornalista e escritor ítalo argentino Pittigilli escreveu uma crônica sob o título “Grafologia” considerada também como “ciência”, e também controversa. Exemplifica que um certo grafólogo respeitado por decifrar textos manuscritos e autógrafos, pedia apenas que classifiquem a autoria, se é masculina ou feminina.
O Cronista arrasa de cara tal situação, perguntando como saber do íntimo das pessoas se não sabe distinguir se a letra é de homem ou de mulher? E conta uma história que ocorreu na Itália levando ao grafólogo da polícia de Turin uma assinatura do maestro Toscanini, um dos mais aclamados musicistas do século passado.
O reconhecido desvendador de crimes julgou que a letra revelava indisciplina, inconstância e escassa sensibilidade. Imaginem faltar sensibilidade e disciplina de Toscanini, que certa vez disse a um oboísta: – “Cuidado, no ensaio da terça-feira passada, você omitiu uma pausa de fusa no quinto compasso!”
As ciências pouco científicas que se propõem explicar as ocorrências e acidentes vitais de um indivíduo ou decifrar futuras ocorrências são usadas por pessoas espertas, de quem se pode esperar qualquer ação ardilosa.
Mesmo sem ter lido os livros de autores clássicos, a gente pode citar seus aforismos, anedotas, frases e pensamentos divulgados à larga pelo Google, assim temos do erudito chinês Lu Wen Liang a passagem da mais criminosa trapaça conhecida, contando a história de um poeta que se tornou inimigo figadal de um cortesão levando-o a publicar um livro em pergaminho com uma denúncia contra o Crítico e enviou-lhe uma cópia impregnada de veneno, sabendo que ele costumava umedecer os dedos com saliva para folhear as páginas.
E o desafeto morreu antes de terminar a leitura. Isto ocorreu há novecentos anos. Hoje, manobras trapaceiras podem até ser legais, de Estado e de Governo, podendo ser aplicadas ao gosto dos ocupantes corruptos do poder.
Como exemplo, uma dupla trapaça aparece no cenário da tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul. É do conhecido presidente Lula da Silva diante da hostilidade popular contra si.
Ouvindo o seu Goebblels (ao acordar) passou por cima do Agro, da legalidade e da opinião pública, resolvendo importar um milhão de toneladas de arroz, uma trapaça que se somou a outra, empacotando o produto com propaganda governamental.
O personagem brasileiro enriquece dessa maneira a sinonímia de trapaça, blefando, burlando, enganando como fez nos governos anteriores.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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