Por Miranda Sá –
Afastados da lareira do poder, que esquenta até gente morta, os Bolsonaro vagueiam à deriva do cenário político brasileiros. Pisaram do freio, renunciando a continuar interpretando os quatro cavaleiros do Apocalipse descritos na Bíblia de dona Michelle.
O Capitão, que arrastou os filhos para cargos eletivos pelo prestígio adquirido como líder do sindicato dos fardados, ficou inelegível somente no primeiro processo, pois vêm outros mais.
Agora cuidadoso, o quê não foi antes, o ex-Presidente tenta manter a liderança da Direita, visivelmente dividida em pelo menos três facções: a direita autêntica que se afasta dele se achegando à moderação; os “conservadores monarquistas de fancaria; e os “maria-vai-com-as-outras” vacilantes, ainda seguindo-o.
Dentre estes grupos, somente a direita ideológica revê consciente o quadro composto na eleição de 2018, contra a corrupção lulopetista que lhes aproximou o centro democrático.
Para o Capitão, será difícil reconquistar o apoio político dos antigos aliados depois das cretinices extremistas na pandemia, do anticomunismo fantasmagórico e da idiotia de encher o governo como militares da reserva.
O segundo na hierarquia parlamentar, Flávio, perde em qualidade comportamental e intelectual no Senado para os colegas da oposição antiPT, Eduardo Girão, Hamilton Mourão, Magno Malta, Marco Rogério e Sérgio Moro. Seu primarismo político vai obriga-lo a arrumar as malas; não será reeleito no Rio de Janeiro.
Em terceiro lugar, Eduardo, aquele que desprezou os sindicalistas fardados que o elegeram deputado federal em São Paulo liderados pelo pai, queria ser “diplomata”, indo (imaginem!) para a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos… Somente se acreditando o tal, porque era recebido por Donald Trump, o líder imperial das direitas golpistas de lá e de cá.
O quarto cavaleiro é Carlos, que ocupou uma vereança federal em Brasília durante o mandato do pai, assumindo-se como “ministro da propaganda, à lá Goebbels”, controlando uma rede de micreiros repetidores de palavras-de-ordem nem sempre do interesse nacional. Notabilizou-se no estúpido combate às vacinas na pandemia e rareia agora nas redes sociais.
Diante disto, vale perguntar: – “Qual será o futuro desta corrente que implantou no País uma “familiocracia” por quatro anos? É certo que não estão dispostos a apoiar o governador paulista Tarcísio de Freitas, direitista moderado, a quem o Capitão já começou a queimar.
Também é evidente que não manterão sob suas rédeas eleitorais os conservadores, conscientes de que foram enganados por eles; e repugnam a hipocrisia religiosa e se revoltaram com a tentativa de apropriação indébita das joias pela Primeira Dama amparada pelo marido.
O Livro do Destino tem a resposta; mas além de ser criptografado, não está à venda nas livrarias. Nem pela Amazon.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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