Por Osvaldo González Iglesias –
Friedrich Nietzsche, renomado filósofo alemão do século XIX, deixou uma marca profunda no pensamento contemporâneo, especialmente na pós-modernidade.
Seu conceito de “a morte de Deus” e seu apelo à emancipação do homem tiveram um impacto significativo na maneira como interpretamos o conhecimento e como lidamos com o sentido da vida e o destino humano.
Nietzsche proclamou a morte de Deus como uma metáfora para expressar o declínio da religião e a perda de um fundamento transcendental na sociedade ocidental. A seu ver, a crença em um ser superior que dava sentido e propósito à existência humana havia se tornado obsoleta e não era mais capaz de satisfazer as necessidades e anseios do homem moderno.
Essa ideia da morte de Deus teve um impacto profundo na concepção de conhecimento na pós-modernidade. Nietzsche argumentou que sem a orientação de um ser divino, o homem deve assumir a responsabilidade de criar seus próprios valores e significados em um mundo aparentemente sem sentido e caótico. Essa perspectiva desafiou a noção tradicional de verdade objetiva e levantou a ideia de que o conhecimento é inerentemente subjetivo e socialmente construído.
A influência de Nietzsche tornou-se evidente em correntes filosóficas posteriores, como o existencialismo e o niilismo. O existencialismo, representado por pensadores como Jean-Paul Sartre e Albert Camus, abraçou a ideia de que o ser humano está fadado à liberdade e deve enfrentar a angústia e a responsabilidade de criar sua própria existência em um mundo sem transcendência. O niilismo, por sua vez, explorou as implicações da ausência de valores e significados absolutos, questionando os fundamentos da moral e da ética tradicionais.
A superação da perspectiva religiosa e transcendental na pós-modernidade colocou desafios e conflitos para o homem. Afastar-se da ideia de um ser superior implícito diante da materialidade e da efemeridade da vida, bem como assumir a responsabilidade de dar sentido e propósito à existência individual. Essa transição não foi fácil nem sem angústia, pois significou abandonar o conforto e a proteção que se acreditava vir de um ser divino.
No entanto, essa emancipação também abriu novas possibilidades para a exploração da identidade e da liberdade individual. A ausência de um ser supremo para determinar o destino humano permitiu ao homem assumir o controle de sua própria vida e tomar decisões fundamentais com base em sua própria vontade e escolhas pessoais.
No campo cultural, a influência de Nietzsche se manifestou na literatura, na arte e na música pós-modernas. A ruptura com as estruturas tradicionais e a busca por novas formas de expressão tornaram-se características distintivas do pós-modernismo, refletindo a ideia de que o ser humano é um ser criativo e autônomo capaz de gerar sua própria realidade.
Em conclusão, a influência de Nietzsche no pós-modernismo foi profunda e transcendental. Seu conceito da morte de Deus desafiou os fundamentos tradicionais do pensamento e levou a uma reavaliação de como interpretamos o conhecimento e nos relacionamos com o mundo.
A emancipação do homem da dependência de um ser superior tem sido um processo doloroso, mas libertador, permitindo-nos assumir a responsabilidade por nosso próprio destino e encontrar significado e propósito na materialidade da vida.
Embora a morte de Deus levante questões existenciais e desafios éticos, ela também abriu novas oportunidades para a exploração da liberdade e da criação individual. A pós-modernidade abraçou a subjetividade e a construção social do conhecimento, reconhecendo que cada indivíduo é capaz de moldar sua própria realidade e determinar seu próprio destino.
Em última análise, a influência de Nietzsche nos lembra que a vida é uma jornada em constante evolução e que nossa capacidade de transcender as limitações impostas por velhas estruturas e crenças nos permite descobrir nossa verdadeira essência e construir um mundo mais humano e significativo.
A morte de Deus trouxe a emancipação do homem, convidando-nos a assumir o peso do nosso próprio destino e a encontrar a verdade e o propósito na materialidade e na experiência da vida.
Tradução: Siro Darlan de Oliveira.
OSVALDO GONZÁLEZ IGLESIAS – Escritor e Dramaturgo. Director do jornal eletrônico Debate y Convergencia, correspondente do jornal Tribuna da Imprensa Livre na Argentina.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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