Por Pedro do Coutto –

Reportagem de Manoel Ventura, Renan Monteiro, Julia Noia e Vítor da Costa, O Globo deste sábado, revela que o presidente Lula da Silva anunciou que enviará Medida Provisória ao Congresso concedendo um reajuste de 8% aos funcionários do Poder Executivo federal, o que abrange, portanto, civis e militares. Sindicatos de funcionários públicos reivindicam 10%, mas não é provável que o reajuste seja revisto.

O reajuste terá um impacto de R$ 11,6 bilhões no orçamento em vigor para este ano, o que demonstra que o custo do funcionalismo civil e militar, a cada 12 meses, é de cerca de R$ 95 bilhões. A parcela é pequena diante do orçamento geral da União para este ano, que é de R$ 5,3 trilhões, incluindo a Previdência Social. O reajuste supera a inflação registrada pelo IBGE em 2022, que foi de 5,7%. Ainda que a inflação real seja superior ao índice encontrado pelo IBGE, a reposição de 8% chega a ser um avanço diante da estagnação em que ficou ao longo dos quatro anos do governo Jair Bolsonaro.

SELIC – No programa Em Pauta, na GloboNews, sexta-feira, a questão dos juros da Selic foi discutida e alguns comentários acentuaram que os juros altos não interessam a ninguém. Faço uma ressalva. A ninguém da população em geral, mas interessa aos bancos e aos grandes investidores que operam permanentemente no mercado financeiro.

Nem poderia ser diferente, pois se para uma inflação de 10% a Selic era de 13,75%, juros reais de três pontos, e para uma inflação de 5,7%, os juros reais passaram a ser de 8%, a diferença fica nas mãos dos grupos que concentram a renda no país. Os juros da Selic, portanto, na minha opinião, acrescentam a concentração de renda, um dos principais problemas do Brasil, talvez até  mesmo o principal.

Os 8% anunciados pelo presidente Lula da Silva tornam-se uma exceção diante do quadro de congelamento que precedeu à posse do atual governo. É preciso que os trabalhadores particulares sejam também reajustados em percentual semelhante, pois caso contrário aumentará a defasagem entre os vencimentos dos servidores públicos federais e os trabalhadores de forma geral. O reajuste de 8%, entretanto, como tudo é relativo, deve ser bem recebido tanto pelos militares quanto pelos civis. Afinal, 8%é uma taxa muito melhor do que a de zero por cento no governo Bolsonaro.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas da Americanas (AMER3). (Shutterstock/Brenda Silva/Reprodução)

AMERICANAS – Matéria de Bruno Rosa e Daniel Gullino, O Globo, focaliza a entrada na Justiça pelo Bradesco sobre um pedido das Lojas Americanas contra o pagamento a qualquer credor antes da aprovação do plano de recuperação judicial que deve ser apresentado até 20 de março. As Lojas Americanas, na quinta-feira, desejavam pagar de forma antecipada a cerca de 1300 credores trabalhistas e pequenas e médias empresas fornecedoras, num total de R$ 192,4 milhões.

Empregados das Lojas Americanas naturalmente encontram-se preocupados com o que possa acontecer em consequência da crise, sobretudo porque as dívidas da empresa são de R$ 42,4 bilhões.  Há um problema na Justiça que se encontra com o ministro Alexandre de Moraes do STF a respeito do acesso da empresa  aos emails trocados por funcionários preocupados com o seu destino em virtude do futuro da empresa.

As Americanas queriam tomar conhecimento dos emails entre os funcionários. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu esse acesso. Por outro lado, a justiça de São Paulo autorizou o Bradesco, como credor , a ter acesso a esses e-mails. No caso das Americanas, seus advogados anunciaram que vão recorrer ao Plenário do Supremo contra a liminar de Moraes.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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