Por Jeferson Miola –
A extensão dos prejuízos da presepada do bufão bolsonarista Roberto Jefferson para a campanha bolsonarista ainda estão por ser totalmente verificados, mas os danos já apurados poderão ser fatais.
O ataque asqueroso deste bolsonarista-raiz à ministra do STF Carmem Lúcia no sábado [22/10] já produzira enormes efeitos negativos para a campanha bolsonarista.
Após a divulgação do vídeo de Roberto Jefferson pela filha Cristiane Brasil, agentes da linha de frente fascista – charlatães religiosos, parlamentares, políticos, influenciadores digitais – ocuparam as redes sociais para se solidarizar com o criminoso nos ataques ao STF e ao TSE.
Nenhuma crítica veemente deles, porém, às terríveis ofensas à ministra Carmem Lúcia, tratada por Jefferson como “prostituta, vagabunda arrombada”, além de outros ultrajes.
No dia seguinte [domingo, 23/10], o episódio teve desdobramentos sensacionais; todos desfavoráveis ao governo e à campanha do Bolsonaro.
As oito horas de resistência armada de Jefferson à ordem de prisão do STF adicionaram uma formidável coleção de imagens e fatos capazes de arruinar a campanha bolsonarista em ambientes que não os da sociabilidade estrita da matilha, ou seja, da “bolha bolsonarista”.
O desastre do episódio para Bolsonaro só não foi maior porque à última hora o governo desistiu de “negociar” com o bandido amotinado por meio do ministro da justiça.
A campanha bolsonarista será obrigada a dedicar um tempo precioso desses últimos dias da eleição para fornecer a “narrativa” distópica que alimenta a bolha bolsonarista.
Mas essa medida, no entanto, terá eficácia apenas relativa, pois não conseguirá reverter o impacto desfavorável nos segmentos indecisos e de antipetistas não-bolsonaristas do eleitorado que poderiam votar em Bolsonaro.
A campanha Lula, por outro lado, ganha uma riqueza de ingredientes que condensam as trevas bolsonaristas para serem explorados ad nauseam: terrorismo, violência armada, misoginia, truculência, condescendência de agente bolsonarista da PF com bandido, desrespeito às leis, autoritarismo, caos …
O acontecimento forneceu um roteiro praticamente pronto para os programas de rádio e TV da campanha Lula.
O eleitorado genuinamente bolsonarista do Bolsonaro, abduzido por delírios, barbaridades e falsidades, não deixará de votar no pedófilo. Mas parte do eleitorado que Bolsonaro poderia conquistar entre antipetistas e indecisos, se escandalizou e se assustou com o episódio, e poderá votar no Lula ou, pelo menos, não votar em Bolsonaro.
O rombo no casco da campanha bolsonarista é enorme, e poderá ser fatal. A tentativa de Bolsonaro de se desvencilhar de Roberto Jefferson não vingará.
O inferno astral bolsonarista na semana final de campanha é completado, ainda, com os 116 direitos de resposta da campanha Lula no rádio e na TV.
A guerra de Bolsonaro e dos militares contra o pouco que resta de democracia no Brasil será intensificada. É previsível que a campanha fascista busque compensar os estragos causados pela presepada do bufão bolsonarista com outras estratégias criminosas e terroristas.
JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.
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