Por Pedro do Coutto –

Com a morte da rainha Elizabeth II, após 70 anos do maior reinado do trono britânico, fecham-se as cortinas de um longo período de grandes acontecimentos que marcaram a história. Coroada em 1952, aos 25 anos de idade, ingressou na adolescência em 1939, quando as bombas nazistas de Hitler explodiram em Londres.

Deparou-se com uma situação extremamente crítica, mas que teve no comportamento e na resistência britânica a base de sua formação política e social. Participou até o fim do conflito, em 1945, do esforço de guerra britânico e deu à realeza e à aristocracia um tom que os aproximou do povo britânico e até mesmo dos povos de outros países, inclusive o Brasil, quando aqui esteve e incluiu o Rei Pelé entre os agraciados pela Coroa.

CONDECORAÇÕES –  A popularização da realeza antes mesmo de 1968, quando esteve no Maracanã, havia condecorado a estilista Mary Quant pela invenção e pelo sucesso da mini saia. Condecorou também os Beatles, o piloto Jackie Stewart e entregou a Taça do Mundo de 1966 à seleção britânica. No campo político, a mais grave crise política enfrentada foi a invasão do Canal do Suez em 1956, que culminou com a queda do primeiro-ministro Anthony Eden.

Quando assumiu o trono, já encontrou a independência da Índia e do Paquistão, ocorridas no final da década de 1940, o que causou o principal encolhimento do império britânico. Seu comportamento baseado num silêncio político raramente rompido tornou-se marca do seu reinado.

Charles III assume o trono aos 73 anos

Enfrentou também crises familiares, sendo os maiores o caso do divórcio entre o agora rei Charles III e a princesa Diana e, recentemente, na fase final de sua vida, o afastamento de seu neto Harrison da Corte de Saint James. Politicamente, só assumiu de forma indireta dois posicionamentos: contra o Brexit, que marcou a saída do Reino Unido da União Europeia, e o plebiscito da Escócia, quando aconselhou os escoceses a pensarem bem antes de votar pela emancipação.

DEFLAÇÃO –  Na manhã de ontem, o jornal da GloboNews anunciou que o IBGE acabava de registrar – incrível – uma nova deflação de 0,3% para o mês de agosto. Pelo visto, a falsa deflação vai prosseguir até 30 de setembro, dois dias antes das urnas do primeiro turno. Os preços sobem, mas a deflação torna-se um fato de apoio ao governo Bolsonaro.

Como sempre questiono, o percentual está comparado a qual período? Ao mês anterior, ao mês de junho ou ao início do ano? Em matéria de percentagem, como sustentava Roberto Campos, é fundamental estabelecer-se a incidência em relação ao número absoluto da compra. É o caso do Produto Interno Bruto. Quando se diz que ele crescerá este ano 2%, é preciso que se diga que esse valor incide sobre R$ 5,5 trilhões.

RECURSOS – Da mesma forma, quando se fala em rolagem da dívida nacional, é preciso fazer o cálculo aplicando a taxa Selic (13,75% ao ano) sobre o montante da dívida que atinge, segundo o Banco Central, R$ 5,8 trilhões. Aliás, cabe uma pergunta ao governo; de onde vêm os recursos para pagar juros de R$ 650 bilhões por ano?

Vêm, digo, da colocação de novos títulos também regidos pela Selic no mercado brasileiro. Assim, há um processo de capitalização de juros, daí porque o endividamento está sempre crescente. A remuneração de 13,75% ao ano não tem como objetivo combater inflação alguma, mas assegurar remuneração aos bancos, aos fundos de investimentos e aos fundos de pensão das estatais.

DESENVOLVIMENTO HUMANO –  Reportagem de Manoel Ventura, O Globo desta sexta-feira, destaca que o Brasil perdeu três colocações em matéria do ranking do desenvolvimento humano calculado pela ONU. Não poderia ser de outra forma.

Os salários continuam congelados, a redistribuição de renda não existe, metade da população brasileira não é atendida por rede de tratamento de esgotos.

Estamos recuando no tempo e nos fatos.

Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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