Por Silvio Cascione –

A campanha presidencial começa de vez nas próximas semanas, com o registro das candidaturas e o início da propaganda. As pesquisas eleitorais devem mostrar um quadro mais incerto, com mais instabilidade, e algumas sondagens tendem a mostrar Bolsonaro à frente. Lula é o favorito, mas o jogo ainda precisa ser jogado, e a campanha pode ganhar tons dramáticos.

Enquanto isso, a disputa para vagas no Congresso e nas assembleias estaduais deve repetir o mesmo script das últimas vezes. Drama? Nenhum. Alguns candidatos serão velhos conhecidos tentando voltar – Eduardo Cunha, Romero Jucá. Outros vão render memes e piadas – já viram o “Gabigol da Torcida” para deputado estadual no Rio?

NEM SE LEMBRAM… – Mais de 60% dos eleitores, segundo o Datafolha, não se lembra em quem votou em 2018, e a eleição deste ano tampouco será memorável.

Fachada do Congresso Nacional, em Brasília. (Agência Brasil)

O distanciamento dos eleitores em relação ao Congresso tem muitas explicações. A complexidade das regras do nosso sistema proporcional de lista aberta é uma das mais citadas, mas também pode haver um certo ranço.

Segundo o mesmo Datafolha, apenas 12% dos brasileiros consideram que o trabalho dos congressistas seja ótimo ou bom. O Congresso é há muito tempo um alvo importante da raiva dos brasileiros com as instituições políticas. As pessoas não se sentem representadas, deixam de se engajar, e em muitos casos veem no Congresso uma casa de privilegiados em defesa dos ricos e poderosos.

PROBLEMA GRAVE – Essa falta de conexão com o Congresso já seria problemática no passado, mas é ainda mais grave atualmente dado o protagonismo cada vez mais relevante que os parlamentares têm assumido na agenda política do país.

Entender as tendências do próximo Congresso é tão importante quanto prever o resultado da eleição presidencial.

Mudanças nas regras eleitorais – como o fim das coligações e novas regras de distribuição de cadeiras – terão alguns efeitos importantes no perfil dos próximos deputados, e a disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro, com um forte sentimento antisistema na população, também deve mexer com o debate dos próximos quatro anos.

AMPLA COALIZÃO –  Seja Lula ou Bolsonaro o próximo presidente, dá para dizer que haverá condições no início para uma ampla coalizão que poderá seguir adiante com importante medidas econômicas, como uma reforma tributária.

Mas o presidente terá que estar bastante atento à disputa pelo controle do Orçamento e à presença de uma oposição maior e mais aguerrida do que nos últimos quatro anos. Ao longo do mandato, o risco de paralisia ou derrotas tende a crescer.

O Congresso será menos fragmentado, com partidos e bancadas regionais mais concentradas. E as bancadas à direita e à esquerda elegerão novas lideranças que farão bastante barulho, continuando a perturbar os políticos profissionais – e a tentar conectar o Congresso com os eleitores.

Fonte: Estadão

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