Por Pedro do Coutto –
Se o Brasil que é a nona ou décima economia do mundo, com um Produto Interno Bruto da ordem de R$ 6,5 trilhões, não tem recursos para investir na modernização e expansão do sistema elétrico, não será uma empresa particular que possuirá tal disponibilidade no momento em que o governo tenta levar a efeito a privatização do comando da Eletrobras.
Os que criticam os que se manifestam contra a privatização, não levam em conta pontos confusos do esquema traçado pelo governo Bolsonaro. No projeto de privatização está previsto, por exemplo, a aquisição antecipada de dez termelétricas e também uma rede de gasodutos em locais que não são fonte de produção de gás. Um lance de dados dos séculos XX e XXI.
O jornalista Celso Ming, edição de sexta-feira do Estado de S.Paulo, defende a privatização da Eletrobras e atacou os que se opõem a essa iniciativa do governo Bolsonaro inspirada em projeto do ministro Paulo Guedes.
ELON MUSK – Nas edições desta sábado, Ivan Martinez-Vargas, O Globo, e Júlio Wiziack e Paula Soprana, Folha de S. Paulo, publicam extensas reportagens sobre o encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o empresário Elon Musk sobre o combate ao desmatamento na Amazônia, além da monitoração com equipamentos do empresário para o exercício de uma fiscalização sobre o problema, incluindo a comprovação do fato de o Brasil estar com resultados positivos na preservação das florestas verdes, conforme afirmou Bolsonaro.
As matérias ressaltaram que o encontro, como se verificou, deu margem a uma repercussão muito grande em nosso país. Mas, o programa de monitoração por satélite da Amazônia já se encontra em funcionamento. Assim, é desnecessário qualquer acordo entre Bolsonaro e Musk, inclusive o que foi conversado ficou no campo das intenções, pois não houve nada de concreto assinado.
A impressão que se tem é que foi um lance para a arquibancada. O programa de monitoramento existe desde 2018, executado pela ViaSat e pela Telebrás. Além disso, na minha opinião, da mesma forma que o raciocínio aplicado no exemplo que dei da Eletrobras, o problema do combate ao desmatamento é nacional, não necessitando de contratos entre o Estado e a Tesla, empresa particular de Elon Musk.
TERMELÉTRICAS – A Folha de S. Paulo publicou na edição de sexta-feira alguns pontos fundamentais do processo de privatização da Eletrobras, incluindo uma entrada de R$ 25 bilhões e R$ 42 bilhões a serem pagos em trinta anos. Isso me faz lembrar uma frase famosa do Lord Keynes, ministro da Fazenda de Winston Churchill quando da criação no final de 1944, do Banco Mundial.
Levaram para ele um projeto que disseram ser de realização a longo prazo. Ele respondeu: “Há longo prazo não, pois a longo prazo estaremos todos mortos”. O dinossauro na questão da Eletrobras é a obrigação de serem mantidas em operação térmicas movidas a gás, abastecidas por gasodutos que não se encontram projetados para os setores de produção e comercialização.
PREJUÍZO – Alexa Salomão e Nicola Pamplona, Folha de S. Paulo, escrevem sobre problemas relativos à térmicas cujas instalações encontram-se atrasadas e que, com isso, causam à Eletrobras um prejuízo de R$ 18 bilhões.
No momento em que o governos e preocupa com o congelamento de R$ 8 bilhões no orçamento, não faz sentido que um órgão do governo, como a Aneel, ter suspendido o pagamento de R$ 209 milhões em multas a quatro térmicas cujas obras estão em atraso e que vão custar 18 milhões até 2025.
JABUTI – A decisão da Aneel tomada no meio da última semana pertence à Âmbar Energia, que por sua vez integra o sistema da JJ, controladora da JBS de Wesley Batista. A decisão causou surpresa nos setores ligados à eletricidade. Paulo Pedrosa, presidente da associação que reúne os grandes consumidores de energia do país, afirmou que o governo criou um grande jabuti, na realidade, um dinossauro com a decisão.
A alternativa, disse Pedrosa, contraria a regra do leilão prevista nos contratos e vai contra o princípio da redução das contas de energia. Há outros detalhes que incomodam os especialistas do segmento. É que o leilão dos projetos das termelétricas era para atender a projetos novos e não como ocorre com a Âmbar para usinas já em operação.
Pedro do Coutto é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ)
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