Por Iata Anderson –
Como escrevi semana passada, nosso campeonato, outrora considerado o “mais charmoso do país”, chega a seu melancólico final com um suculento Fla x Flu, pelo menos isso.
Já disputado em três turnos (décadas de 1950/1960), depois dois turnos (Taça Guanabara e Taça Rio), hoje é jogado com apenas uma rodada de “todos contra todos”, sem mando de campo decente. Fluminense, que venceu apenas a Taça GB, leva vantagem, como na derrota para o Botafogo, tendo disputado apenas nove partidas. É assim, todos assinaram, paciência, reclamem com o Papa Francisco. Comecei a ver futebol em 1955, virei fã de Dida, depois seu amigo, guardo com carinho uma de suas camisas. Na melhor de três (jogos), Fla 1×0 América, gol de Evaristo, depois América 5×1, por final, na “negra” (pode ?), show de bola e gols do pequeno alagoano que chegara um ano antes e foi lançado por Solich para dar o segundo tri ao Flamengo e aumentar a maior torcida do Brasil. Depois veio seu sucessor e virou “Nação”. Mas isso é outra história. O Botafogo foi brilhante, ganhou mas não levou. Brilhante, não, empolgante. O jogo foi ruim tecnicamente mas sobrou empolgação pelos alvinegros, enquanto o Fluminense, talvez abatido pela eliminação pelo Olimpia, na Libertadores, não foi bem, fez uma má partida. Salvou-se nos acréscimos, por descuido da defesa do Botafogo, que pagou caro. Parou de jogar antes do apito final, quando tinha uma falta a cobrar, e saiu da final.
Muito “deixa disso”, nada a comentar, que falem os “especialistas”.
Mais viva que nunca a frase de Benjamin Wright quando afirmou que futebol é uma caixinha de surpresas. Dessa vez a bomba caiu sobre os italianos, tetracampeões do mundo, derrotados na semifinal da repescagem das classificatórias (QUALIFAYING) para a copa do mundo (aqui chamada de eliminatórias). O autor, Trajkovski (foto abaixo), acertou um belo chute, dos raros que sua seleção produziu, nos acréscimos do segundo tempo, deslocando-se pelo meio e batendo enviesado para vasar Donnarruma. A Itália chutou a gol 30 vezes, o que reflete quanto é desprezível certas estatísticas, que acabou tirando os italianos de uma copa pela segunda vez consecutiva, na história da campeonissima “Azzurra”. A Macedonia do Norte, que fazia parte da extinta Iugoslávia, vai enfrentar Portugal na final da repescagem, que terá, uma vez mais, o interminável Cristiano Ronaldo, o exterminador de tabus.
Um filhinho de papai, e não são poucos, bancado numa ótima Faculdade de Comunicação, disse um dia que o gramado molhado faz o jogo mais rápido. Ele nunca chutou uma chapinha, certo professor Ronald Carvalho, mas está na patotinha do chefe, cadeira cativa nas transmissões e programas dito especializados. Mentira. Os jogadores, esses sim, ficaram mais bem preparados, diminuíram os espaços, aumentaram as marcações, correm muito acima da média antiga. Se não, porque serão sempre citados o Honved e a seleção húngara de 1950, o Ajax com seu fabuloso carroussel, liderado por Johan Cruiff, O Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes, O Real Madrid de Di Stéfano, O Flamengo de Zico e a seleção de Guardiola, último dos times quase imbatíveis? Porque tinham craques e craque faz a diferença. A Vila Belmiro no apogeu do Santos, era um charco e o time fluía como uma locomotiva da Sorocabana, que um dia levou de Bauru um menino de 16 anos para conquistar o mundo e se tornar rei.
O resto você conhece.
Por que os árbitros de futebol – únicos no mundo – ainda carregam lápis e papel para anotar o que ocorre em campo. Para que servem os aparelhos de comunicação que carregam nunca se saberá. Pode ser para respirar, dar um tempo para pensar numa decisão, mostrar a publicidade nas camisas, qualquer coisa, menos para melhorar seu trabalho. Com a infinidade de câmeras e o contestado VAR, nada mais inútil. Basta deixar um aspone na cabine anotando. “Amarelo para Fred”, diz o árbitro, já sabido por todo mundo. Amarelo para Fred, repete o apitador. “É o segundo”, diz o auxiliar. Mete a mão no bolso e manda para o chuveiro. Ganha tempo, não tem como errar. Mas parece ser complicado desburocratizar a arbitragem, melhor deixar como está.
Penso que a contratação da Fórmula 1 pela Band será o divisor de águas na disputa pela audiência, agora mais acirrada na TV. Excelente, uma vez mais, Sergio Mauricio narrou no capricho o Grande Prêmio da Arábia Saudita (deu saudade), com Reginaldo Leme, Felipe Giaffone, Felipe Kieling (muito bom) e a maravilhosa Mariana Becker de casa, recuperando de uma cirurgia. Show de imagens e vistas lindíssimas, mesmo à noite, da segunda cidade mais importante da Saudia. Lamento muito porque torço por eles, que a produção não tenha se preocupado em procurar um saudita ou quem morou lá, muitos profissionais do futebol, para acertar as pronúncias. A cidade é JÊDA, não Jedá, e profeta chama-se MOHÂMADE, NÃO Mohaméd, com foi repetido várias vezes.
Lamentável.
IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.
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