Por Kleber Leite

Uma e meia da tarde a bola rola nos Emirados Árabes. Em campo, o bicho papão Chelsea, em tese, barbada contra o Al-Hilal. Espalhados em volta da TV, seis amigos, todos torcedores do Flamengo, na certeza de uma vitória tranquila do time inglês, caminho mais simples para que não morra a musiquinha que nos encanta e incomoda demais a torcida palmeirense.

Neste ponto, o primeiro pitaco: “Vamos ver o jogo. Não adianta secar o Palmeiras pensando naquela musiquinha, pois eles já conquistaram a Copinha, portanto, a musiquinha já era…

Ato contínuo, o protesto: “Uma ova! Não pode ganhar é o Mundial. A Copinha não tem força suficiente para deletar a musiquinha…

E, todos concordaram. Quando saiu a escalação do Al-Hilal, alguém gritou: “Ué, cadê o Michael? Pagaram uma grana ao Flamengo para colocar o baixinho no banco?”

De bate-pronto, o comentário cheio de veneno: “o treinador é português…

A bola rolou no primeiro tempo e só deu o time inglês: 1 a 0!

Esse time do Chelsea é muito inferior ao Liverpool de 2019. Se o Andreas não faz aquela lambança, o nosso bi estava no papo…”.

Alguém discordou: “Pera aí! Tudo bem que este time do Chelsea seja inferior ao Liverpool que nós pegamos, só que o Flamengo de hoje também é bem inferior ao Flamengo de 2019. Aliás, dentro e fora do campo…

Como todos ficaram calados, era um claro sinal de concordância.

No segundo tempo, mal a bola rolou, bateu o sentimento de pitonisa na ponta direita da sala de TV. “Estes ingleses vão botar a língua pra fora e vão entregar o jogo e o campeonato para o Palmeiras…”.

“Vira essa boca pra lá… vai terminar uns três a zero…”, foi a resposta rápida na ala oposta.

O tempo foi passando, o Al-Hilal surpreendendo, atacando e perdendo gol incrível. O amigo pitonisa, cheio de moral, sapecou: “estava na cara, só quem não sabe nada de futebol não via que isto iria acontecer. E esta anta deste treinador português não coloca o Michael. Burro!!!

Faltando dez minutos para o final do jogo, o repórter anuncia duas alterações, sendo uma delas a entrada de Michael. “Só agora, e ainda tirando os dois jogadores mais criativos do time? Como é que a bola vai chegar?

Incrível que, imediatamente, segundos após este comentário, Neto, que participava da transmissão da Band, repetiu, com as mesmas palavras, o que foi ouvido na sala. “Ouviram? Este Neto tem voz de caipira, mas sabe tudo de bola… que treinador incompetente!!!

Sem chegar a tanto, até porque não tenho conhecimento de causa para julgamento justo, vi naquele movimento equivocado do treinador português algo comum que observamos no Brasil. Treinadores, no desespero, colocam quatro, cinco atacantes, como se isto fosse garantia de um melhor poder ofensivo. De que adianta colocar uma penca de atacantes, se a bola para eles não chega…

Final de jogo, e a conclusão de que o título está em aberto. Pode dar qualquer um no sábado. E imaginar que, ao invés de amontoados em uma sala de TV, poderíamos estar lá, participando de mais uma – bem possível – jornada inesquecível.

Enfim, vida que segue…

De preferência, com mais acertos do que equívocos, dentro e fora do campo.

Para encerrar, três perguntas:

1 – Você assistirá à decisão do Mundial de Clubes?
2 – Por quem torcerá?
3 – E, quem você acha que será o campeão?

KLEBER LEITE é jornalista, radialista, empresário, dirigente esportivo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Fundador da Klefer Marketing Esportivo em 1983.


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