Por Siro Darlan

Acabo de receber uma punição de censura da AJD, associação que faço parte há 15 anos e nunca pensei ser assim tratado por esses novos e jovens companheiros que assaltaram a AJD de forma autoritária e ditatorial. Dando as costas a seus princípios estatutários, assumiram a postura persecutória e punitivistas e abandonaram a velha solidariedade que reinava em nossas relações. Politizaram-se de forma sectária e vincularam-se a partidos políticos que nada de bom acrescentaram.

Nos últimos tempos, nos mais diversos espaços da política, a democracia tem sido uma palavra fácil, tornando-se difusa e vazia na boca de gregos e troianos. Na prática é um imenso desafio. No caso da AJD, considero a difícil construção da democracia interna o único caminho possível.

Nós, que nos identificamos com o campo da esquerda democrática, temos de tomar nas mãos esse desafio. Ou teremos sempre mais do mesmo, velhas e viciadas práticas, centralizadoras, autoritárias, desrespeitosas com os parceiros e colegas, encobertas pelo discurso que até nos une, mas não se reflete no cotidiano da instituição.

Estamos caminhando para o Centrão da hipocrisia dos que se auto denominam democratas de fachada.

Afirmamo-nos antipunitivistas e aplicamos penas não existentes em nosso Estatuto, sem respeitar o direito prévio de defesa. O discurso do ódio que tanto combatemos (combatemos?) tem sido usado quando a Diretoria dá as costas aos companheiros que colocam a cabeça a prêmio em defesa dos princípios estatutários.

Quantos colegas ficaram solitários quando necessitavam de companheiros solidários? Quando se elimina o companheiro em razão de seu discurso há uma negativa da própria natureza da AJD. A mais alta possibilidade da existência humana somente se viabiliza através do discurso, através do qual se reconhece a alteridade. Revela-se que o ódio é a antítese do companheirismo porque visa a eliminação do outro, do qual se discorda. Essa é a forma mais discriminatória da expressão do ódio. Demonstra a incapacidade de dialogar com os diferentes. A exclusão dos diferentes aniquila a possibilidade do discurso, e nega os atributos da própria humanidade.
É contraditório auto denominar-se democrata e fazer o discurso de ódio. Hannah Arendt sustenta que a principal característica da tirania é o isolamento. Os campos de concentração nazistas servia para o isolamento dos diferentes, excluídos do convívio familiar e comunitário pelos tiranos nazistas.

Aplicar uma pena (inexistente) de isolamento virtual não se diferencia das ações de ódio do III Reich.

Após virar as costas para os guerrilheiros da democracia que discursam com coerência, passaram a outras formas de destilar o ódio aos ajotadaenses que se destacam pelo discurso que querem aniquilar. No caso dessa punição Nullum crimen, nulla poena sine lege, o ofendido fui eu que tive que ouvir da PresidentA que uso a AJD para me promover. Essa é uma injúria grave, além de fake News.

Prezados Associados e Associadas integrantes de grupo

Comunicamos o teor da decisão do Conselho de Administração da AJD, tomada na reunião ordinária realizada na noite de ontem.

“O Conselho, em face das mensagens de conteúdo ofensivo dirigidas à Presidenta do Conselho, no GT Organização e Fortalecimento dos Núcleos, no dia 03/02/2022, por entender que tais mensagens desbordam os limites da saudável convivência associativa e da liberdade de expressão, deliberou por maioria, vencido o Conselheiro Gabriel, por suspender preventivamente o associado Siro Darlan de todos grupos de whatsapp da AJD de que participa (Independência Judicial, Família, Organização e Fortalecimento, Sistema justiça e prisional e AJD-FSM), por 7 dias, concedendo-lhe igual prazo para justificativa, findo o qual o Conselho voltará a deliberar.”

Cordiais saudações.

Claudia Dadico
Secretária do Conselho Executivo da AJD

SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.


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