Por Amirah Sharif –
Direito dos Animais!
Comentei com vocês que alguns pombos aguardavam a vez para fazerem uma “boquinha” na minha pensão. Percebi que são os mesmos quatro pombos que já sabem a hora que inicio os trabalhos de colocar alimento e água nos canos de PVC. Resolvi, então, pesquisar um pouco sobre eles e, para minha surpresa, foi muito difícil encontrar algo positivo.
Há uns dois meses, estava caminhando no centro de Niterói, quando vi um rapaz chutar um pombo. A avezinha chegou a gritar. Parei. A moça que acompanhava o rapaz lhe disse para não mais chutar o pombo, porque ela tinha medo desses bichos. Fui atrás deles e a aconselhei a ter medo dele, não dos “bichos”, porque se ele é covarde o suficiente para agredir uma criatura indefesa, o que ele não faria com ela? Eles pararam. Prossegui meu caminho.
Problema com pombos?
Basicamente, quando alguém vai pesquisar sobre pombos, se depara com matérias que os tratam como problema e aí ensinam como afastá-los de sua casa, de seu quintal, das ruas, das praças, enfim aconselham algum método eficaz para que eles fiquem bem longe para não nos causar doenças, mas aquele velhinho conhecido que todo dia joga um punhado de milho no chão, atraindo dezenas de pombos, certamente não pensa assim. E, enquanto correm de um lado para o outro para pegar o milho e escapar dos pontapés das pessoas que se dizem civilizadas, os pombos estão prestando bastante atenção e memorizando o rosto de cada uma.
Sabiam disso?
Essa foi a conclusão de cientistas da Universidade Paris Nanterre, que, em 2011, fizeram algumas experiências. Eles pediram a dois voluntários com a mesma idade, altura, peso e cor da pele para irem a um parque e interagirem com os pombos: o “bonzinho” lhes dava milho e o “mauzinho” os espantava. Após uma semana, as avezinhas se tornaram capazes de reconhecer o “bonzinho” do “mauzinho”.
Um trabalho para Sherlock Holmes
Os cientistas tentaram dificultar um pouco e confundir as aves. Vestiram o voluntário “mauzinho” com um sobretudo branco, que era a cor usada pelo “bonzinho”. Os pombos descobriram quem era o bom e quem era o mau. Posteriormente, o “mauzinho” passou a assumir uma atitude amistosa e os alimentou. As aves se lembraram de que ele havia sido hostil, o que levou o líder do estudo, o cientista Ahmed Belguermi a afirmar que “ficou provado que os pombos conseguem diferenciar e memorizar rostos humanos”. Quem diria que os pombos são verdadeiros “Sherlock Holmes”?
A origem do pombo-correio
A espécie mais comum dos pombos é a Columba livia, que foi domesticada há 5 mil anos por civilizações mesopotâmicas e que deu origem aos pombos urbanos atuais, os Columba livia domestica. Com o tempo, os gregos e os egípcios perceberam que os pombos tinham uma capacidade de orientação excepcional e que poderiam ser usados como correio, levando mensagens a até 100 Km de distância.
Os humanos usaram os pombos-correio por milênios, mas só recentemente é que a ciência descobriu que eles se guiam pelas posições do Sol ao longo do dia. A zoóloga Dora Biro, da Universidade Oxford explica que eles têm também outra referência: o campo magnético da Terra. Segundo a cientista, “o bico e os ouvidos do pombo contêm partículas ferrimagnéticas, ou seja, reagem ao campo magnético do planeta. É uma espécie de bússola biológica”.
Pomba branca: símbolo da paz
Há muito tempo, a pomba branca vem sendo usada em comemorações de datas cívicas, em aberturas ou encerramentos de Jogos Olímpicos, Copas do Mundo e outras tantas manifestações religiosas e/ou desportivas.
No capítulo 8 de Gênesis, primeiro livro do velho Testamento, Noé, que esperava na arca o fim do dilúvio mandou um corvo para ver se as águas haviam baixado. O corvo não foi bem-sucedido na missão. Então, Noé enviou uma pomba, que retornou com um ramo de oliveira no bico, o que, segundo a narrativa bíblica, simbolizava a paz entre Deus e os homens.
Pomba do Espírito Santo
Na mitologia judaico cristã, a pomba é o principal símbolo do Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Isso porque assim que Jesus foi batizado, o espírito de Deus desceu sobre ele em forma de uma pomba. E, desde então, a pomba é associada ao Espírito Santo.
Apesar de não haver menção da cor dessas pombas na Bíblia, os costumes da época explicam que a pomba era muito usada por judeus em sacrifícios e a ave não poderia ser pintada ou doente, teria de ser branca.
Mensagem de amor
Na canção de Moraes Moreira, o pombo-correio “voa ligeiro, leva no bico uma mensagem de amor”. Tomara que muitas mensagens de amor caiam nos corações humanos! Quem sabe ainda viveremos num mundo de paz?
Quem sabe?
AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br
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