Por Iluska Lopes –
No Brasil, o turismo perdeu 55,6 bilhões de reais com a crise do novo coronavírus. Nos Estados Unidos, o maior mercado do mundo, o setor viu sumirem aproximadamente 500 bilhões de dólares. A boa notícia é que as pessoas estão sedentas para cair na estrada, ou pegar o avião, se for o caso. O brasileiro não vê a hora de fazer turismo, e o impulso é tão forte que o setor poderá ter uma retomada tão rápida quanto foi a súbita queda. Como não poderia deixar de ser, as empresas estão atentas ao movimento.
Agências, operadoras, companhias aéreas e hotéis já agem para atender à demanda que virá dos futuros visitantes.
A força do turismo pode ser comprovada por números. Há alguns dias, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) identificou os objetivos dos brasileiros para o pós-pandemia. O principal desejo das pessoas é viajar (veja o quadro acima), mais do que comprar casa ou trocar de carro. Trata-se de um resultado marcante. Antes de procurar um imóvel melhor, ou adquirir a residência própria, o brasileiro pretende aproveitar a vida em lugares diferentes. Outro levantamento, dessa vez feito pelo IBM Institute for Business Value, consultou 15 000 adultos em diversos países, inclusive no Brasil. O resultado é similar: voltar a viajar é mesmo o principal desejo dos consumidores, e muitos deles afirmaram que pretendem fazer isso mesmo sem vacina — o que não é recomendável, ressalte-se.
As empresas querem acelerar o processo e definiram inúmeras estratégias para atrair os turistas. Os especialistas afirmam que haverá dois momentos distintos na retomada. De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), o mercado doméstico deverá ganhar ímpeto a partir do meio do ano, com reabertura completa das atrações e destinos nacionais. Em julho, por exemplo, a Azul prevê retomar 85% de sua malha. Já os roteiros internacionais tendem a receber maior volume de brasileiros apenas no último trimestre do ano, quando, espera-se, boa parte do mundo estará imunizada — incluindo, claro, os próprios brasileiros.
Para aproveitar o esperado aumento da demanda nos próximos meses, negócios criam pacotes exclusivos e lançam promoções.
No mundo atual (ou pré-pandemia), o turismo tornou-se essencial para a economia da maioria dos países, e no Brasil não seria diferente. Estima-se que o setor responda por 8% do PIB nacional e gere renda para 10 milhões de brasileiros. Sob qualquer ângulo, é um dos ramos de negócios mais importantes. Por isso mesmo, a recuperação tem sido tão aguardada. Quando a pandemia passar, milhões de pessoas poderão sair de casa e, enfim, realizar o sonho de visitar uma cidade desconhecida. É só ter paciência, porque esse dia está cada vez mais próximo. (Informações da VEJA, edição nº 2735)
***
Turismo de saúde e bem-estar é antigo, mas volta a se destacar na pandemia
A pandemia da Covid-19 impôs à grande parte da população mundial uma série de cuidados, entre eles o isolamento social. No ano passado, muito se discutiu sobre a qualidade de vida que é possível ter nas moradias, a necessidade de janelas, de um ambiente arejado, da luz solar. Agora, quando o turismo começa a retomar, lentamente, a sua força, por meio de modalidades em que não são necessárias as aglomerações , percebe-se que quem vai viajar também tem sido mais criterioso, desejando encontrar tranquilidade e paz, algo que o turismo de saúde e bem-estar sempre ofereceu.
Viajar de férias não é mais apenas conhecer novos lugares, museus e praias. Nunca foi apenas isso. Entretanto, agora outros critérios passam a ser considerados importantes por turistas de todo o mundo ao planejar uma viagem, como higiene, segurança e estrutura para receber o turista de forma agradável.
Segundo a vice-coordenadora do mestrado em turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Verônica Mayer, que coordena pesquisas sobre bem-estar em viagens, o turismo de saúde é uma modalidade de viagem na qual as pessoas buscam melhorias pessoais, sejam físicas, psíquicas ou emocionais.
“O turismo de saúde envolve o deslocamento de pessoas que tão interessadas na prevenção de doenças, na manutenção da saúde ou na recuperação e até na cura e reabilitação de problemas de saúde. Na prevenção, há pessoas buscando aliar o estresse do dia a dia, por exemplo. Buscando novas possibilidades, patamares na sua saúde física, mental, emocional e espiritual”, afirma Verônica.
Essa busca por um tratamento de saúde holístico, que se cuida não com remédios, mas com qualidade de vida e tratamentos difusos, que façam os indivíduos se sentirem mais felizes, demanda por serviços específicos de profissionais especializados, como terapeutas, por exemplo.
“Podem ser terapias que vão envolver tanto o corpo físico, como massagens, ou que melhorem a saúde a partir da nutrição. Os serviços que os turistas buscam podem envolver uma série de coisas diferentes. Isso porque a saúde é encarada [nessa modalidade turística] como holística, com muitas dimensões”, explica a pesquisadora.
E tais serviços geralmente contam com uma forte infraestrutura para receber o turista. São hotéis com spa, serviços turísticos agregados, combinação de estruturas artificiais com os recursos naturais, como spas que funcionam em regiões de águas termais, que utilizam propriedades especiais da natureza. “Tudo isso é bastante tradicional. O turismo de saúde, que pode englobar o turismo de bem-estar e o turismo médico também, é bastante tradicional e histórico. Há muitos exemplos de lugares e estabelecimentos capacitados para receber esse turista”, afirma Verônica.
No Brasil, esse tipo de turismo não só é tradicional como também lucrativo. Segundo Ministério do Turismo, o estrangeiro que vem ao país para cuidar da saúde é o que permanece mais tempo, aproximadamente 22 dias, além de ser o que mais gasta, em torno de R$ 660 por dia.
“Como tudo no turismo, essa modalidade é movida pelo comportamento das pessoas, pelas tendências. A busca pela saúde, melhoria da saúde física, emocional, mental e até espiritual é o que funciona como um norte para a modalidade e os serviços que serão ofertados. Há turistas interessados em práticas mentais como meditação, outros podem estar mais preocupados com questões físicas, melhoria da performance ou o relaxamento físico”, explica a pesquisadora, ao falar sobre o que os destinos e estabelecimentos desses destinos precisam desenvolver para receber bem o turista dessa modalidade.
A ideia é que os espaços estejam preparados para oferecer valor ao turista, destacando-se da concorrência ao poder proporcionar ao viajante mais conforto e serviços especializados na cura, no relaxamento e no bem-estar.
“Uma coisa é ficar hospedado em um hotel, outra coisa é estar em um spa e poder usufruir de uma série de serviços especializados que, em geral, têm valores diferenciados, como terapias corporais ou com chás, massagens, aromoterapia, formas de nutrição diferenciadas”, opina Verônica. “Existe uma valorização de práticas milenares. Práticas que são reconhecidas em muitos países, como o Japão e Índia, como a meditação”.
Para a pesquisadora da UFF, a pandemia da Covid-19 vem transformando o turismo de saúde, fazendo com que o bem-estar se torne algo mais amplo, desejado por todos, mesmo em outras modalidades turísticas.
“O momento que a gente está vivendo é muito importante, muito único, o bem-estar tem que começar a ser visto não apenas como um segmento muito específico, mas todos os hotéis e prestadores de serviço nesse momento precisam tomar esse cuidado em oferecer um ambiente que leve tranquilidade para as pessoas. É necessário, mais do que nunca, ter cuidado com o acolhimento, com a hospitalidade e, eventualmente, até com a oferta de práticas que podem não ser muito especializadas, mas que podem diminuir o nível de estresse e de desconforto que algumas pessoas podem estar vivendo nesse momento”, afirma a pesquisadora.
“Muitas pessoas não estão querendo viajar, mas quando o fazem, estão escolhendo lugares não apenas em que elas confiam, mas também que tenham a possibilidade de acesso ao ar livre, o contato com a natureza. E isso representa uma vantagem competitiva neste momento”, completa.
Além os serviços oferecidos e o cuidado no acolhimento do turista, a professora destaca a importância da capacitação dos empreendedores e funcionários de estabelecimentos que lidam diretamente com os turistas, principalmente neste momento da pandemia, quando tudo está muito delicado, a saúde mental, o cuidado com higiene e o distanciamento, para evitar infecções pelo novo coronavírus. “É preciso capacitação porque fala-se muito pouco sobre esse tema, apesar da modalidade ser tradicional”. (Informações do portal UOL)
ILUSKA LOPES – Jornalista, Especialista em Turismo, Professora, Locutora, Colunista e Diretora de Redação do jornal Tribuna da Imprensa Livre. iluska@tribunadaimprensalivre.com
MAZOLA
Related posts
Editorias
- Cidades
- Colunistas
- Correspondentes
- Cultura
- Destaques
- DIREITOS HUMANOS
- Economia
- Editorial
- ESPECIAL
- Esportes
- Franquias
- Gastronomia
- Geral
- Internacional
- Justiça
- LGBTQIA+
- Memória
- Opinião
- Política
- Prêmio
- Regulamentação de Jogos
- Sindical
- Tribuna da Nutrição
- TRIBUNA DA REVOLUÇÃO AGRÁRIA
- TRIBUNA DA SAÚDE
- TRIBUNA DAS COMUNIDADES
- TRIBUNA DO MEIO AMBIENTE
- TRIBUNA DO POVO
- TRIBUNA DOS ANIMAIS
- TRIBUNA DOS ESPORTES
- TRIBUNA DOS JUÍZES DEMOCRATAS
- Tribuna na TV
- Turismo