Por Miranda Sá –
“Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele” (Martin Luther King)
É impossível esconder o protesto dos 380 mil mortos pela covid-19 contra o presidente Bolsonaro, mais preocupado com a sua reeleição do que em promover a vacinação em massa, única maneira de debelar a pandemia.
Em vez de adquirir vacinas e insumos hospitalares, de mobilizar e ampliar equipes de atendimento às vítimas do vírus, a Familiocracia no poder recruta mercenários e “tolos ideológicos” como agitadores para esconder a política negacionista e fazer do Capitão Minto o “Pai da Vacina”…. É o novo slogan: “A fraude acima de tudo”.
Levantam-se protestos mundo afora; do empresariado, dos trabalhadores, dos intelectuais, do sistema econômico, da magistratura e da política; mas o protesto dos mortos traz a força milenar da maldição do “Rei Tut”, encontrada na tumba dele em 1922 pelo arqueólogo Howard Carter.
Numa parede cheia de pinturas representando Tutancâmon e os seus feitos em vida, numa vasilha contendo fungos, hieróglifos alertavam: – “Ai de quem violar o sono do Faraó! ”. Uma ameaça explícita a quem violasse o túmulo que atingiu os seus descobridores, pois a maioria dos membros da equipe de Carter morreu de causas sobrenaturais; e também alcançou Lorde Carnarvon, o financiador da expedição.
Muitos negam isto, afirmando não passar de uma lenda; mas há quem considere e acredite nas antigas profecias, fazendo ilações sobre acontecimentos coincidentes.
É, mais ou menos, o que vem ocorrendo no Brasil: duas correntes de opinião; uma que questiona os fatos em busca da verdade; e outra que se baseia nas repetidas mentiras do mitômano Bolsonaro.
Nos entrechoques da política miúda, prevalece a sabedoria popular ao dizer que “nem tudo que reluz é ouro”, um princípio que alerta para as fraudes do folheado a ouro, da máquina de fazer dinheiro, da pérola falsa e da demagogia populista….
Nenhuma destas arapucas armadas por vigaristas consegue enganar quem está prevenido sobre as vírgulas de um decreto, a convocação de uma CPI para não investigar, e não levar a sério o bando oportunista que se fantasia “de direita” e “conservador”.
Os observadores da política nacional estão vacinados contra o fanático culto de personalidades e seguidores de ideologias adulteradas por falsos gurus. Vêm claramente a orquestração do grupo que atua sob a orientação baixada de salas contíguas à do Presidente no Palácio do Planalto.
É o ativismo bolsonarista. São poucos, mas confirmam a observação de Mark Twain que disse: – “os tolos representam quatro quintos da humanidade”, dando oportunidade aos espertos para conduzi-los.
Nas redes sociais a gente está sempre topando com um deles, particularmente os recém-chegados no Twitter, que não seguem os princípios éticos que adotávamos e deixam de lado os critérios de socialização (é possível que algum desses imbecis confunda socialização com socialismo, mas não é).
Com este pessoal, passamos a encontrar mensagens padronizadas, opiniões selecionadas, ofensas pessoais e xingamentos com palavrões…. E vão ao exagero com ataques a quem não reza pela cartilha do desvario governamental grotescamente ideologizado.
Contra tudo isto, chega o protesto dos nossos mortos “transportando estrelas no negro infinito”, como os viu o poeta mexicano Amado Nervo. Do além, inspiram as suas famílias e os seus amigos a também repudiar a falta de consciência e a desumanidade de Bolsonaro na prática da sua política necrófila.
É preciso que a presença espiritual dos que morreram graças ao negacionismo, faça os civis se comoverem, e que os militares cumpram o princípio da caserna: “A verdade é um símbolo da honra militar”.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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