Por Miranda Sá –
“A verdade que fere é pior do que a mentira que consola” (Chico Xavier)
Já falei da bipolaridade em outro texto, mas este transtorno mental nada tem a ver com a duplicidade. Um se caracteriza por manias e depressões observados por terceiros e o portador não sente; o outro obedece a um comportamento refletido e velhaco diante de outrem.
A bipolaridade é uma doença, acompanhada por psiquiatras e psicanalistas. Os “duplos” assumem as suas atitudes passivas ou ativas, mas geralmente arrogantes ao tratar com as pessoas que gostam ou desgostam.
Provocada pela pandemia do novo coronavírus, a crise planetária pôs em evidência mudanças nos relacionamentos sociais. Comprova-se isto em todos os níveis de convivência, muito tristemente nas redes sociais, onde têm realçado a hipocrisia e má-fé que antes não se via.
Pelos fundamentos do “Bloco Universal”, passado, presente e futuro existem simultaneamente em dimensões diferentes… Esta situação tridimensional se aceita, decepciona e entristece ao mesmo tempo as projeções do que estão por vir no futuro. Que destino nos aguarda no pós-pandemia?
As crises existenciais que surgiram com o novo coronavírus no Brasil mudaram flagrantemente o comportamento das pessoas; na política, acrescentou-lhes o fanatismo, o medo e ódio, levando-as ao estágio inicial das crenças primitivas, temendo o desconhecido e submetendo-se ao comando superior do poder na paz e na guerra.
Estas síndromes, do fanatismo, do medo e do ódio, expõem-se às fraudes que negam as manifestações não identificáveis da Natureza, como, por exemplo, as vacinas antivírus. Fazem igual como os sectários religiosos Testemunhas de Jeová, que são contra a transfusão de sangue, mesmo para salvar as vidas dos pais, esposa e filhos.
Apareceu, também, no campo político, o padrão negacionista. As palavras-de-ordem do chefe, mesmo que seja reconhecidamente ignorante ou sociopata, é aceita como verdade absoluta, tornando-se um mantra nos grupos do WhatsApp…
Tudo isto decepciona e entristece, repito, principalmente na vivência da letal covid-19 que já ceifou a vida de cerca de 180 mil brasileiros, em sua grande maioria enlutando suas famílias graças ao negacionismo demonstrado pelo desdém do presidente Jair Bolsonaro pela pandemia, referindo-se a ela como uma ‘gripezinha” e um “resfriadinho”.
A psicopatia do Presidente, para completar, desdenhou novamente a pandemia, as infecções e mortes, dizendo esta semana no Rio Grande do Sul que a peste “está no finzinho”. E é desmentido pelos números do seu próprio governo, com o Ministério da Saúde registrando o aumento dos óbitos e das pessoas contaminadas…
Infelizmente, este desprezo arrogante do Presidente pela terrível doença tem seguidores ativos – minoritários, mas organizados e audaciosos –, aceitando o charlatanismo de remédios ineficazes, aplaudindo a administração da Saúde Pública incompetente e mentirosa, desrespeitando os fundamentos científicos reconhecidos mundialmente.
De sã consciência, considero o comportamento negacionista um desempenho conturbado e agressivo que carece de lucidez e tranquilidade emocional para debater os problemas advindos da pandemia.
Não me permito aceitar quem, em pleno século 21, não vejam os avanços civilizatórios da humanidade na Ciência e na Tecnologia. Condeno, e condeno veementemente, aqueles que em vez de apresentar argumentos objetivos e reais, caem na torpeza dos ataques pessoais; e há quem venha em seu favor.
No meu modo de ver, valorizo a Ciência e não regateio aplausos para as vacinas que estão sendo pesquisadas mundialmente por cientistas de várias nacionalidades, inclusive os brasileiros que trabalham com a AstraZeneca/Oxford na Fiocruz, Coronavac no Instituto Butantan, a Sputnik V no Instituto de Tecnologia do Paraná, e em vários hospitais universitários.
A estes patriotas, trabalhadores da Saúde, dedico a “verdade que fere” de Chico Xavier: declarando o meu respeito por eles, inversamente proporcional ao meu repúdio ao deboche anticientífico dos ultrapassados defensores da “Terra plana”…
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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