Por Bolivar Meirelles

Aceitemos que nada tem de nova essa percepção. Marx e Engels já haviam percebido há mais de século e meio. Apenas uma adaptação dialética a realidade do hoje. O grande Charles Chaplin em “Tempos Modernos” já havia criticado as influências do Taylorismo e do Fordismo nos processos produtivos.

A revolução científica e tecnológica vem de influir fortemente na produção atual. Influencia o centro das economias desenvolvidas, influencia as demais economias mundiais periféricas. Tecnólogos, “engenheirólogos” emergem nitidamente. A nível de prestação de serviços, técnicos vão surgindo e novos sistemas aparecendo. As moradias das camadas médias altas vão surgindo na quarta geração de edifícios. Estes são criados em sistema de segurança privada, minimizadas as dimensões dos apartamentos e aumentada a sofisticação das áreas de prestação de serviço coletivo e lazer. Não nos assustamos ao verificar o surgimento de cozinhas coletivas onde os produtos alimentares são efetivados sobre a coordenação de profissionais técnicos para isso preparados, o serviço de limpeza efetivado por técnicos que substituirão as antigas faxineiras que demandavam mais de oito horas de presença na casa de suas patroas pequeno burguesas. Técnicos/as de limpeza, com o mesmo tempo, servirão a quatro imóveis ou mais. Os processos fabris revolucionando, cada vez mais, expulsando das atividades diretas mão de obra desqualificada. Os tecnólogos, os engenheirólogos e os técnicos, absorvendo o fazer. Os pensadores do processo produtivo, cada vez mais, locados nos países centrais e os países “em desenvolvimento” e atrasados consumidores desses produtos do “conhecimento” a eles exportado. Surgirá, mantido o mesmo tempo de participação no processo produtivo, uma enorme quantidade de profissionais exclusos do processo, desempregados, surgirá, também, forte “exército” de desqualificados frente a nova demanda de profissionais para os novos tempos.

Muitas pessoas não absorvidas, desemprego em massa por incapacidade do processo produtivo absorve-las ou muitas pessoas inabilitadas para as novas formas de trabalho. As primeiras desempregadas, as segundas impossíveis de serem empregadas pelo simples fato de estarem, totalmente, inabilitadas.

Economistas, estudiosos, simplesmente da obra de Adam Smith e dos neoliberais resultantes, não tem condições, até porque só veem a economia na ótica dos capitalistas, de dar solução a realidade concreta desse mundo novo. O comércio e o sistema financeiro também surgem como fortemente desempregadores, os sistemas, as máquinas e os robôs, vão substituindo os Postos de Trabalho. A mendicância vai aumentando nas grandes cidades. As milícias do mau vão concorrendo ou se associando a indústria do narcotráfico. As mortes por assassinato dos exclusos vai se tornando comum.

Os mal remunerados, cada vez mais, vão sendo afastados do acesso ao consumo. O comportamento egoísta eleva-se, cada vez mais num individualismo ideológico crescente.

Aposentados e pensionistas passam a ser alvos privilegiados da ganância dos capitalistas, “que morram!”. Que morram os desqualificados para a nova onda da exploração capitalista. Que morram é a nova Ordem do Capital e do Império. Que morram os mendigos. Que morram todos e todas que, na ótica dos exploradores capitalistas são percebidos como inúteis a avassaladora necessidade de manter a mesma “taxa de exploração”, “a mais valia” e a “mais valia relativa”.

A ótica da exploração de classes, a ótica do capitalismo “lava às mãos” para as guerras localizadas, “lava às mãos” para a mortandade, as epidemias que matam, principalmente, idosos aposentados e pensionistas. “Lavam as mãos” para a morte de mendigos e pobres. Esse é o capitalismo na sua lógica mórbida. Por isso, adaptando o manifesto mais que sesquicentenário de Marx e Engels: “desempregados e inimpregáveis de todo o mundo, uni-vos!”. Alertem-se os revolucionários para conduzir a luta necessária.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do Caminhando Jornal TV (TVC-Rio).