Por Luiz Carlos Prestes Filho –
Para a pré-candidata a vereadora de São Gonçalo, Luana Mota, sua cidade tem enorme potencial: “Nossa localização pode ser explorada positivamente, estamos próximos geograficamente da capital; com fácil acesso às demais cidades da região metropolitana; além de uma população boníssima e jovem.” Ela acredita que através de políticas voltadas para o Meio Ambiente é possível melhorar a qualidade de vida da população: “A Área de Proteção Ambiental (APA), no Engenho Pequeno, assim como a caverna, com rio corrente de águas claras, em Santa Izabel, são maravilhas que devem e podem ser valorizadas.” Luana Mota destaca, nesta entrevista exclusiva para o jornal Tribuna da Imprensa Livre, que o eleitor, o cidadão comum, precisa ser empoderado politicamente: “Todas as categorias devem estar organizadas em sindicatos, associação de moradores, grêmios escolares ou acadêmicos. Através do contato intenso dessas organizações, que representam os interesses do povo, que os legisladores poderão implantar melhorias para a coletividade”.
Luiz Carlos Prestes Filho: São Gonçalo é uma das maiores cidades do Estado do Rio de Janeiro. Sua importância poderia ser mais valorizada pelos gestores públicos e empresariais locais e estaduais?
Luana Mota: São Gonçalo tem um enorme potencial! É uma cidade com um território que pode ser explorado positivamente. Estamos próximos, geograficamente, da capital e com fácil acesso a todas cidades da Região Metropolitana. Nossa população é boníssima e jovem. Mas, apesar de contar com mais de um milhão de habitantes, a nossa infraestrutura ainda é uma colcha de retalhos. Mobilidade urbana inexistente; gestão municipal há décadas sem compromisso com a geração de empregos; problemas por conta da falta de serviços públicos eficientes; grande violência urbana; carência de saneamento básico e de pavimentação. Aqui ainda convivemos com a fome! Essa situação, nada sustentável, grita pela execução de um orçamento voltado para o social. Aqui nunca tivemos em condição de oferecer o que a nossa vizinha Niterói oferece. Por exemplo, abrigar turistas que não conseguem vagas no Rio quando acontece um grande evento. Mesmo sendo próxima da capital, a cidade conta com apenas um hotel. O comércio está mal estruturado; não temos programas eficientes para geração de emprego; a seguridade social é frágil. Desta maneira, a população gonçalense, se transforma somente numa mão de obra barata. O gonçalense vai buscar trabalho no Rio, em Niterói, Maricá ou na Baixada Fluminense. Vai a qualquer lugar atrás de emprego formal para colocar o pão na mesa. Há um olhar insensível e pouco corajoso por parte dos governantes locais e dos empreendedores. Certamente, há interesse de outros municípios de manter São Gonçalo nessa condição: fornecedor de mão de obra barata.
Prestes Filho: As políticas de Meio Ambiente poderiam ser estruturantes para a gestão municipal?
Luana Mota: Temos em São Gonçalo as seguintes Áreas de Proteção Ambiental (APAs): Estâncias de Pendotiba; de Itaoca; do Engenho Pequeno; e do Alto Gaia. São locais únicos, ricos em diversidade animal e vegetal. Ao incentivar a despoluição dos rios – hoje focos de doença e agentes tenebrosos nas enchentes – podemos diminuir os riscos. Temos que incentivar a coleta seletiva; fortalecer as Organizações-Não-Governamentais (ONGs) que fazem o trabalho de reciclagem; conectar estas atividades com o espaço escolar. Assim, criar a consciência. A implantação de uma legislação adequada para o Meio Ambiente colabora para um desenvolvimento sustentável da cidade. Melhora a qualidade de vida; revitaliza espaços degradados; melhora a estética; e a implantação de novos empreendimentos. Exemplo, a sociedade civil e os comerciantes que cuidam da Praia das Pedrinhas, fazendo ser viável a atividade dos bares. Se a gestão municipal entrar nessa parceria melhora a qualidade de vida, o bolso dos trabalhadores, o lucro dos empreendedores e a arrecadação da cidade. São Gonçalo é muito quente, por isso sempre penso melhorar a arborização. Mas como fazer plantio com essa desorganização de fios? Fios que já provocou a morte de dois menores no Portão do Rosa, em 2019. Colocar fios subterrâneos seria importante para melhorar a estética; evitar acidentes; gerar empregos; incentivar o plantio de árvores; e melhorar o clima da cidade. O Meio Ambiente deve cooperar com as urgências da cidade. Acredito que as políticas de meio ambiente devam orientar, todas as pastas. Inclusive, a simbiose dessas atividades é o que salvará a nossa identidade. As pessoas reclamam muito de São Gonçalo como se, de forma inata, fosse um município de menor valor. Porém, vejo com muita tristeza a ação humana e industrial do século passado, sinto imenso pesar por ninguém se empenhar em reparar os danos cometidos. São Gonçalo tem vastas áreas montanhosas, cortadas por rios e tem duas praias. Parece que estou descrevendo o paraíso! Mas, infelizmente, as pessoas que pulavam de parapente no Salgueiro não o fazem mais, por causa da violência. Os trabalhadores que angariavam o seu sustento na Praia da Luz, com passeios de barco, pesca e atividades comerciais vinculadas com orla, estão perdendo esse espaço, em decorrência da violência e do descaso para com o Meio Ambiente. Os rios hoje são valas fétidas que transbordam e invadem as residências, inclusive, o shopping no centro. As áreas montanhosas estão povoadas de pessoas de valor, lamentavelmente esquecidas, e em extrema vulnerabilidade social. Nossa cidade tem artistas talentosos e atletas. Ninguém acredita, mas é em nossa cidade que nasceu e vive o compositor, instrumentista, escritor e interprete, Altay Veloso. Foi daqui que vieram o Vinícius Júnior e tantos outros, conhecidos ou não. Cuidar dos recursos naturais e revitalizar a cidade, é preservar a espécie, cuidar da saúde, ampliar nossa noção de pertencimento e, concomitantemente, alavancar as atividades de turismo, cultura e esporte.
Prestes Filho: O Rio de Janeiro foi sede dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo. O esporte deve ser consolidado pela gestão publica?
Luana Mota: Atividades esportivas são cruciais em diversos aspectos, para todas as faixas de idade, elas são importantes para a manutenção da saúde. Para a criança e o jovem, é fundamental para trabalhar autoconfiança e desenvolver diversas habilidades. A praça do bairro do Rocha tem equipamento de ginástica, mas não tem instrutor. Um risco. Ficam as perguntas: porque essa estrutura não poderia ser disponibilizada em todas as praças, de todos os 92 bairros?; por que não contratar profissionais de educação física para o projeto ser executado com responsabilidade? Precisamos de atividade física; da implantação desses espaços, com assistência profissional. Também, a realização de Olimpíadas Escolares e Universitárias; campeonatos esportivos para todas as idades; e, claro, do incentivo aos esportistas profissionais residentes.
Prestes Filho: O contexto regional poderia colaborar para o desenvolvimento de São Gonçalo?
Luana Mota: No contexto da pandemia, recebemos doações de cidades vizinhas para hospitais especializados no enfrentamento ao coronavírus porque é sabida nossa fragilidade orçamentária e estrutural. O gonçalense perde qualidade de vida se deslocando em um transporte ruim; disputa vaga de emprego em praticamente todas as cidades próximas; sobrecarrega alguns hospitais, como o Getulinho e o Antônio Pedro, de Niterói. Sem contar a busca por educação pública, também em Niterói. Todo contexto regional tem muito mais a ganhar se São Gonçalo promover seu desenvolvimento. Não podemos mais ser meros fornecedores de mão de obra barata. Temos que estruturar um projeto que promova o desenvolvimento econômico e social, algo mais sólido e inovador para crescer. Existem bolsões de miséria em São Gonçalo. Isso causa um mal tremendo, incluindo o aumento da violência. Pessoas fragilizadas socialmente, desesperadas, tendem a compactuar com legendas mais conservadoras porque o discurso simplificado, e cheio de carga emocional, atinge com muita facilidade quem está instável. Vale lembrar 66% das urnas gonçalenses, no primeiro turno de 2018, deram voto para a legenda que propunha uma agenda mais radical para o governo federal. Isso, com certeza, influenciou o resultado final das eleições e, obviamente, do futuro político de todo o Estado do Rio de Janeiro.
Prestes Filho: As políticas fundiárias estão adequadas? Precisam ser atualizadas?
Luana Mota: Há muito desequilíbrio e ajustes a serem feitos. Em um recorte, imensa população de pessoas em situação de rua, famílias inteiras, até no centro da cidade… Em outros recortes, pessoas vivendo em encostas que a qualquer momento podem deslizar, ceifando vidas inocentes. Há também muitas famílias de baixa renda aguardando um sorteio pela conquista da habitação popular. Política fundiária uma pauta de extrema importância, no entanto pouco discutida.
Prestes Filho: Sua candidatura representa uma proposta de renovação para a política municipal?
Luana Mota: Sou pré-candidata a vereadora por amar demais a minha cidade e compreender ser urgente a oxigenação da nossa política. Sempre tive interesse, desde muito jovem, em colaborar para o bem comum. Na faculdade, cheguei a nutrir o desejo de apenas pesquisar, dar aulas. Porém a calamidade na cidade é gigante. Há a alternância de rostos diferentes que atendem ao mesmo projeto de manter a cidade subserviente e precária. Então, decidi que eu mesma devo tomar a iniciativa e assumir liderança nesse processo de transformação. Quando vejo as pessoas juntando dinheiro para irem morar em Niterói, Maricá ou Rio Bonito, porque não aguentam mais São Gonçalo, me causa profunda tristeza. Eu não vejo essas pessoas como egoístas, mas sofrendo um processo de expulsão por parte daqueles que se comprometem em manter a cidade sempre caótica. Pretendo implementar novas práticas, um novo olhar e poder ajudar meus conterrâneos a recuperar a autoestima. Fortalecer o sentimento de pertencimento a este chão, o orgulho de ser gonçalense. Amo a cidade e me esforço de pensar nos pormenores e colaborar para uma realidade melhor. Mas, sabendo das muitas demandas e que o legislativo exige uma atenção especial a certas pautas, me dedicarei intensamente para que a educação, a inclusão, a assistência social, o incentivo à geração de emprego, o cultura e a transparência na gestão pública melhorem. Eu sou muito criativa, estudiosa e tenho uma alma inquieta. Porém, a forma do meu mandato dar certo, sempre lembro aos meus apoiadores, é estarmos juntos: não me abandonem depois de eleita! Sonho com um gabinete cheio, contato constante com a população e lideranças comunitárias.
Prestes Filho: Pelas suas proposições vejo que a saúde está entre suas prioridades. Correto?
Luana Mota: É inadmissível que os Postos de Saúde de São Gonçalo estejam precários. Tem posto que só funciona para aferir pressão. Quem almeja uma consulta com um clínico geral, um ginecologista ou um pediatra leva meses, e nos horários mais inadequados, fazendo a fila da fila para conseguir uma consulta. O mesmo processo se dá para a marcação de exames; na feitura e na busca do resultado. Esse processo se estende por seis meses ou mais. Nesse ínterim, a realidade hormonal de uma mulher já se modificou completamente, sem contar demais urgências que as pessoas possuem. Essa insuficiência em um serviço tão básico cria a cultura de pessoas que ficam anos sem acompanhamento médico, ou emergências hospitalares lotadas, pois a pessoa toma a iniciativa de ir quando já está muito mal. Criação de aplicativos para a saúde é algo urgente. Extingue essa tortura da fila da fila e facilita a vida das mulheres que fazem malabarismo para, em horários horríveis, conseguirem serem atendidas. Tendo que conciliar a casa, os filhos, o horário da escola, do trabalho. São Gonçalo precisa de mais médicos nos hospitais e mais profissionais de outras especialidades. O nosso legislativo precisa de um olhar muito sensível e justo para com os profissionais de saúde e servidores administrativos. Estes, frequentemente ficam sem pagamento por parte das empresas terceirizadas. Acontece das emergências pararem porque os profissionais, muitas vezes ficam três meses sem salário, precisando de doação de cesta básica para comer. A atual gestão municipal, que é de um profissional da saúde, é extremamente deficiente. Agora, o descaso com a saúde e com os trabalhadores é de longa data. Batalhar por emergência psiquiátrica é um grande objetivo também, visto que essas pessoas sofrem demasiada violência em hospitais convencionais. Hospital psiquiátrico e treinamento dos profissionais nas outras unidades para saberem lidar com pacientes mentais é algo extremamente importante.
Prestes Filho: Você tem trajetória acadêmica, percebo que ela foi importante para o seu crescimento. Como legisladora municipal você pretende criar condições para valorizar a educação?
Luana Mota: A educação pode transformar a realidade de São Gonçalo. Sou Bacharel em Ciências Sociais, pesquisadora, mas também curso licenciatura na Universidade Federal Fluminense (UFF). Sou mãe de uma criança autista, que demanda uma atenção muito especial, e felizmente sou rodeada de educadores. Existem muitos projetos para a educação, mas como São Gonçalo tem feito vergonha, sou obrigada a brigar inicialmente por coisas essencialmente básicas, como ter merenda dentro da data de validade; escola sem reboco caindo e sem infestação de pragas urbanas. Isso é compromisso do primeiro dia. Eu vou batalhar muito pela creche pública e em horário integral. Educação infantil é um direito da criança e está extremamente vinculado à independência financeira da mulher. A mãe paga impostos o suficiente e deve gozar da tranquilidade dos filhos estarem seguros, bem estimulados e alimentados, para que ela possa trabalhar. A realidade das nossas mães é o desemprego, a subsistência com alguns trabalhos feitos em casa ou então uma árdua jornada de deixar os filhos na casa de parentes para poder trabalhar. Infelizmente, a rotina da mulher pobre é a de esconder do empregador que tem filho para poder ter o direito à atividade laboral; de conciliar essa rotina louca com a criança; contar com a ajuda de terceiros; e torcer para que o filho não adoeça. A cidade precisa ter vagas para todas as crianças a fim de garantir o direito do pequerrucho à educação e o da mãe de poder ter autonomia financeira. O espaço escolar precisa de mais atividades que contemplem o lúdico e as muitas formas de inteligência. Nossas crianças precisam ser resgatadas do contexto difícil, assim como a missão da escola é a formação do humano global e não só de técnicas em português e matemática. Estarei sempre levando essas propostas adiante e buscando o retorno dos professores. Professores esses que travam uma batalha enorme para poderem receber o piso. Muitos profissionais da educação estão com contracheque de cem reais no isolamento social, uma selvageria que também não é exclusiva da atual gestão. Enquanto legisladora, vou batalhar pelo real direito de acesso à educação de nossas crianças e jovens; assim como por melhores condições de trabalho para esses profissionais. Todas as escolas do município precisam ter mediadores para as crianças com deficiência intelectual ou com alguma necessidade especial de suporte. Não promover a presença desses profissionais especializados é como boicotar a capacidade de desenvolvimento dessas crianças e jovens.
Prestes Filho: A Terceira Idade, afirmam, é Melhor Idade. Esta afirmativa vale para São Gonçalo?
Luana Mota: Os idosos da cidade enfrentam uma realidade muito dura. No aspecto da saúde, carecem de muitas especialidades de exames e tratamentos que o município demora a ofertar. Garantia dos tratamentos, exames e acesso rápido é algo de extrema urgência. Uma situação muito delicada também é a instabilidade social e financeira. É preciso um serviço de assistência social forte para investigar as causas e dar o melhor direcionamento. Digo isso porque são muitos idosos em trabalhos informais pelas ruas da cidade. Não conseguiram a aposentadoria; ou o Benefício de Prestação Continuada (BOC) do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS); ou estão sendo vítimas de exploração econômica? Isso me dói muito, me preocupa e é algo que carece de muita atenção. Algo efetivo que pretendo combater é a humilhação da biometria nos ônibus. As pessoas de idade perdem uma infinidade de tempo passando o dedo na biometria. As vezes, depois de inúmeras tentativas, pedem um outro dedo. Após muito desgaste que o motorista libera a roleta. E nisso o motorista arranca com o ônibus, expondo o idoso a possibilidade de sofrer acidentes. É constranger a pessoa a não poder gozar de um benefício que ela tem direito. Os ônibus de São Gonçalo poderiam adotar outro tipo de biometria ou simplesmente excluir, o usuário passaria o cartão junto ao Registro Geral (RG).
Prestes Filho: Você, mulher e mãe, tem projetos específicos para o combate do feminicídio e ampliação do mercado de trabalho para as mulheres?
Luana Mota: A mulher é a base de tudo e quero muito batalhar por elas com todas as minhas forças. Integrar ainda mais o poder municipal com os órgãos de proteção e combate à violência contra a mulher; aumentar o acesso à informação dos serviços; criar meios alternativos para as mulheres realizarem suas denúncias; expandir a quantidade das casas abrigo para vítimas de violência. Iluminar 100% das ruas para a trabalhadora e a estudante voltar em paz à noite para casa. Desejo criar canais de fiscalização e denúncia para que a lei se cumpra, para que os motoristas sejam autorizados a deixar as mulheres fora das paradas, após às 22h. Precisamos de locais seguros! O processo para integrar as mulheres, em vulnerabilidade, no mercado de trabalho formal é longo. Idealizei um Projeto de Lei que oferece incentivo fiscal para as empresas que contratarem um percentual significativo de mulheres/mães gonçalenses; ou que apoiem o empreendedorismo feminino, criando cursos gratuitos de educação financeira.
Prestes Filho: Sua família apoia sua candidatura?
Luana Mota: Minha família não tem inserção na política. Na verdade, eu vim de um lar bem conturbado. Minha mãe e meu pai nunca formaram uma família. Nasci em novembro, sou fruto do Carnaval (risos). O nome de meu pai entrou na minha certidão, quando eu tinha 13 anos. A chefe do meu lar sempre foi a minha avó, empregada doméstica no Rio. Ela veio do interior, de Trajano de Morais, para trabalhar aqui. Teve um casamento que não deu certo. Desde quando me entendo por gente, sei que vovó não tinha marido. E ainda assim ela comprou um imóvel sozinha, mesmo sendo uma trabalhadora humilde e sem escolaridade. Meu entendimento de força feminina vem do que eu sempre vi na dona Marly.
Prestes Filho: De onde vem o seu interesse pela política?
Luana Mota: Eu sempre fui uma criança sensível e questionadora. Quando eu ia para o Rio, no trabalho da minha avó, me perguntava como podia o bairro do Flamengo ser tão bonito, ter tantos prédios, e ainda assim ter tantas pessoas dormindo na rua. Me perguntava como podia minha avó ter apenas duas folgas mensais e não ser rica, já que todos pregavam que a quantidade de trabalho determina o patrimônio. Quando comecei a frequentar o centro espírita Kardecista, aos 8 anos, logo me envolvi em atividades sociais como campanha do quilo, visita a asilos, orfanatos e hospitais. A desigualdade me incomodava profundamente. Isso foi fundamental para a formação do meu caráter e todas as escolhas que fiz na minha vida. Logo me tornei uma pessoa extremamente questionadora no ambiente escolar. Sempre corri atrás de professor que o estado não tinha para colocar para lecionar uma ou outra disciplina. Sempre tentando melhorar os ambiente de escolas com ventilador caindo e portas quebradas. Quando, em 2012, aconteceu a política de desmonte do Wilson Risolia, na gestão do Cabral-Pezão, que fechava as escolas, a escola estadual onde eu estudava sofreu. Naquela ocasião a minha atividade política começo a se intensificar. Fui atrás de lideranças do bairro, de vereadores da cidade, de deputados estaduais. Rodei abaixo assinado no Boa Vista, Boaçu e Portão do Rosa contra o fechamento da minha escola. Consegui um ônibus e levei meus colegas, uma professora de sociologia que nos apoiava muito, a Constança, para tentar frear aquele problema. Infelizmente, não obtive êxito, a escola foi fechada. Mas extraí daquele episódio que a mobilização popular precisa ser cada vez maior e o número de pessoas comprometidas com as pautas do povo, ocupando os espaços de poder, deve ser cada vez maior. Fechar escola não pode ser meta de governo algum!
Prestes Filho: Democracia pressupõe o fortalecimento das organizações populares?
Luana Mota: Nenhuma democracia é igual a outra. Sempre tem pontos e diferenças correspondentes à particularidade de cada lugar. Mas apenas no espaço democrático que o povo pode ter representatividade, voz e liberdade. Logo, ela deve ser defendida a fim de que não tenhamos um poder operando para atender aos anseios de um grupo restrito. Toda a população deve ser contempla, a despeito da classe social a qual pertence. Para melhorar a nossa democracia, o eleitor, o cidadão comum, precisa de empoderamento do seu papel de animal político. Todas as categorias devem estar organizadas em sindicatos, associação de moradores, grêmios escolares ou acadêmicos. Através do contato intenso dessas organizações, que representam os interesses do povo, que os legisladores poderão implantar melhorias para a coletividade.
LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).
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