Redação

Os presidentes da Câmara e do Senado aparecem como “Rodrigo Felinto” e “David Samuel” numa extensa denúncia de dezembro de 2019. O documento era conhecido, mas nunca ninguém havia se dado conta dessa camuflagem.

Os nomes completos são: Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia e David Samuel Alcolumbre Tobelem.

SUSPEITA

O time do procurador-geral da República, Augusto Aras, vem procurando possíveis inconsistências e erros em denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato. A avaliação é que essa “camuflagem” dos nomes de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre seria uma técnica para os procuradores de Curitiba investigarem autoridades sem se submeterem aos foros adequados.

A PGR em Brasília encontrou vários casos semelhantes. Haveria até nomes incompletos de ministros do STF, que podem ter tido seus sigilos quebrados de maneira irregular.

Até agora, não há provas de que de fato os nomes camuflados em denúncias possam ter sido todos investigados. É isso que a PGR em Brasília agora tenta descobrir.

Políticos citados na tabela da denúncia são identificados pelos nomes públicos –como Dilma Rousseff e Aécio Neves– e pelos partidos. O que não ocorre com Maia, Alcolumbre e alguns outros. Por exemplo, “Elmar José Vieira” é o deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA).

VISITA EM CURITIBA

O incômodo da Lava Jato começou com pedido da PGR para ter acesso a dados. A ida da procuradora Lindôra Araújo ao Paraná para cumprir a decisão de Brasília motivou abertura de sindicância a pedido da força-tarefa curitibana.

denúncia –de 13.dez.2019– envolve Walter Faria, do Grupo Petrópolis, por suposta atuação em 642 atos de lavagem de dinheiro. O esquema teria tido participação de outras 22 pessoas e movimentou R$ 1,1 bilhão.

LAVA JATO: INVESTIGAÇÃO SE RESTRINGIU A ‘AGENTES LIGADOS ÀS EMPRESAS’

A força tarefa da Lava Jato encaminhou nota a respeito do caso ao Poder360 depois da publicação desta reportagem. Leia na íntegra:

“A investigação e a denúncia se restringiram às condutas de agentes ligados às empresas envolvidas na lavagem de dinheiro. Nenhuma autoridade com foro privilegiado foi alvo da investigação ou denúncia.

Na denúncia, consta uma tabela com 321 doações eleitorais feitas pelas empresas investigadas, que foram identificadas em pesquisa no Sistema de Prestação de Contas Eleitorais, sem juízo de valor sobre elas. O fato relevante era a realização de despesas pelo Grupo Petrópolis a pedido do Grupo Odebrecht.

As doações tabeladas constam com maiores detalhes em documentos anexos à denúncia, em que consta o nome completo de todos os candidatos beneficiários. Pelo menos 37 das 321 linhas indicaram nomes incompletos ou sem identificação do partido, o que em nada prejudica a imputação nem a identificação das doações que constavam igualmente de modo completo nos documentos anexos à denúncia.”


Fonte: Poder360