Por José Macedo –
As opiniões de historiadores e estudiosos sobre o assunto são divergentes, deixando em aberto qualquer conclusão, para quem queira prosseguir estudos e pesquisas.
Na verdade, desde a década de 20, do século XX, após a Primeira Guerra, as idéias fascistas prosperaram no Brasil e fincaram raízes na politica, até os dias atuais. A Semana de Arte Moderna, instalada, em 13 de fevereiro de 1922, provocou inspirações e discussões, trazendo questões como o da dependência política e cultural. Nessa Semana, seus participantes entendiam que o Brasil seguia modelos modelos estrangeiros acabados, desde sua formação, não havendo iniciativas, capazes de influenciar e modificar esse desenho e buscar nossa identidade e independência. Assim é que, nesse contexto, reivindica-se uma cultura de identidade nacional e de raiz brasileira.
Muitos estudos feitos sobre o viés ideológico autoritário e fascista na história política brasileira não são conclusivos, permanecem em aberto, até os dias atuais. O político paulista, Plínio Salgado, fundou um dos principais movimentos político brasileiro, o Integralismo. Ao que aparece imaginou um movimento, genuinamente, nacional, mas contradições, nesse sentido, foram escancaradas. Plínio Salgado apareceu na Semana de Arte Moderna, de 1922, embora discretamente, com seu livro, “o estrangeiro”. Em 1932, funda a AIB, Ação Integralista Brasileira.
Sabemos que, nesse tempo, existia uma polarização de ideias socialistas e fascistas, na Europa e, foram importadas para o Brasil. Benito Mussolini e seu fascismo influenciou essa ideologia, na Espanha e em Portugal. Plínio Salgado visitou a Europa e esteve com Benito Mussolini, sua grande contradição. No golpe de Getúlio Vargas, em 1937, apoiou Getúlio Vargas. Após Getúlio Vargas extinguir os partidos políticos, Plínio Salgado tornou seu adversário, foi então exilado, ficando em Portugal, até 1946. Porém, o Integralismo nunca deixou de ter influência na politica brasileira. Posso citar nomes influentes, adeptos do integralismo, Miguel Reale, Gustavo Barroso, Minotti Del Picchia, Dom Helder Câmara e até, Vinicius de Moraes. Com a criação de seu partido, que teve, pelo Brasil inteiro, cerca de um milhão de adeptos e filiados. Foi assim, deputado federal e candidato a presidente da República. Apoiou o golpe de 64, uma demonstração de suas idéias autoritárias, “nacionalistas” e conservadoras.
O objetivo deste texto é o de fazer uma reflexão, resgatar temas relevantes de nossa história e ainda, alertar para o instante político, também de forte viés ideológico autoritário e fascista. O momento atual rompe alguns anos de calmaria, quando podemos respirar. Esse tempo de relativa calmaria foi lendo engano. O integralismo renasceu, em 2004, com a formação de FIB, Frente Integralista Brasileira. A FIB segue as mesmas idéias de Plínio Salgado, idéias de Estado Único e integral, sob as bases de “Deus, Pátria e Familia”. O dirigente da FIB é assessor da ministra, Damares, Paulo Fernando Melo da Costa. Assim, já se vê evidente similaridade entre Bolsonaro e o Integralismo no resgate de seu fundamentalismo religioso. Olhemos o lema de Bolsonaro: “Deus acima de todos e o Brasil acima de tudo”.
O apreço de Bolsonaro ao autoritarismo, à ditadura, ao ultranacionalismo e anticomunista, além forte fundamentalismo religioso, agora vinculado às Igrejas evangélicas e pentecostais. Mas, seu ultranacionalismo é uma farsa, quando se ajoelha diante da bandeira americana e confessa subordinação a seu novo “amigo”, Trump. Para concluir, entendendo ter cumprido o objetivo descrito no título. Não podemos, também, esquecer da iniciativa do Bolsonaro, com relação à criação de seu partido, a “Aliança pelo Brasil”. Em seu projeto, “Deus, Pátria e Família”, que era o lema da AIB, de Plínio Salgado, é citado. Assim, caminha essa Pobre República!
JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
MAZOLA
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