Redação –
O autor do vídeo sobre suposto desabastecimento na Ceasa em Contagem, na Grande Belo Horizonte, prestou depoimento nesta quarta-feira, dia 15, à Polícia Civil de Minas Gerais. Ele afirmou não ter ligações com partidos políticos e disse que agiu sozinho na produção e divulgação das imagens.
O vídeo chegou a ser replicado nas redes sociais pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que depois apagou a publicação e pediu desculpas. O vídeo foi divulgado no Facebook pelo autor no dia 31 e colocado pelo presidente em sua conta oficial no Twitter na manhã do dia 1º de abril.
FAKE NEWS – A administração da Ceasa, em seguida, informou que não havia desabastecimento. A reportagem do Estado esteve no local em que o vídeo foi gravado e o movimento era normal, conforme informado por comerciantes.
No vídeo, o autor, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, afirma que a causa do suposto desabastecimento era a decisão dos Estados de seguirem com regras de isolamento por causa da pandemia em decorrência do novo coronavírus.
Segundo o delegado responsável pelas investigações, Saulo Castro, da Sétima Delegacia de Polícia Civil de Contagem, o autor do vídeo afirmou que não sabia que seu material teria “repercussão tão grande” e que, na avaliação que fez, o local estava realmente vazio.
SEM JUSTIFICATIVA – O autor do vídeo, porém, não quis explicar os motivos que o levaram a escolher um ângulo para a filmagem que deixava transparecer que não havia movimento no galpão naquele dia, como mostram imagens de câmera de segurança obtidas pela Polícia Civil.
“É direito dele como investigado”, disse o delegado. O vídeo foi gravado no Mercado Livre do Produtor (MLP), um galpão conhecido como Pedra, em que comerciantes vendem seus produtos. O autor do vídeo informou também que é um frequentador da Ceasa.
CONTRA O ISOLAMENTO – Segundo o delegado Castro, as investigações apontaram que o responsável pelas imagens tem por hábito publicar nas redes sociais, durante a pandemia, postagens contra o isolamento, além de replicar material contra a imprensa divulgado por políticos e líderes religiosos.
“Em uma, disse que havia desemprego em massa em alguns Estados do Brasil”, disse o delegado. Há ainda material a favor do presidente Bolsonaro, conforme as investigações. O inquérito deverá ser encerrado até a próxima sexta-feira, dia 17. Até o momento, as investigações apontam para que o autor do vídeo seja enquadrado por alarme falso ou por anunciar perigo inexistente, uma contravenção. A pena prevista é de prisão de quinze dias a seis meses.
Existe, no entanto, a possibilidade de que a pena seja convertida em fornecimento de cestas básicas ou prestação de serviços sociais. “Estamos finalizando as investigações”, continuou Castro. As informações repassadas até agora sobre o autor do vídeo é que se trata de um trabalhador autônomo de 48 anos.
Fonte: Estadão
MAZOLA
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