Por José Carlos de Assis

Com mais de 50 anos de jornalismo, em grande parte profissional, jamais me deparei com uma cobertura de notícias tão incompetente, tão distorcida e tão parcial quanto a oferecida de forma entusiástica pela imprensa, internacional e nacional, sobre o corona vírus. Lendo sobre o assunto opiniões de especialistas acessíveis pela internet, com uma exposição absolutamente convincente sobre a natureza do vírus, não tive nenhuma dificuldade em entender que esse vírus é praticamente inócuo, a despeito do escarcéu em torno dele.

A opinião de um dos especialistas chegou a meu conhecimento através de um vídeo. Ele é um notável professor de pediatria da USP, com longos anos de experiência. Segundo ele, no caso do corona vírus, estamos numa situação de estatística, não propriamente de saúde. O que se sabe é que crianças e jovens não são infectados, gente em idade intermediária também não se tem bons hábitos de saúde, e apenas os idosos devem receber atenção especial, não exatamente por causa do vírus mas por causa de incidência de outras doenças.

O outro vídeo que recebi, gravado por um patologista que trabalha há 45 anos da Escola Paulista de Medicina, sustenta que o corona vírus não é patogênico e não é capaz de causar até mesmo uma gripe. É na verdade um vírus que está longe de ser letal. Por certo que morreram algumas pessoas que eram portadoras dele. Mas isso não significa de maneira alguma que o vírus foi o causador da morte. Para isso, é preciso de uma autópsia completa com coleta de todos os órgãos, exame minucioso do pulmão, etc.

Na opinião dos dois cientistas, a política adotada para combater o corona vírus no Brasil, acompanhando a uma ação internacional inepta, é absurdamente exagerada. Por alguma razão isso começou lá fora. Basicamente na China, no Irã e na Itália, sem maiores explicações. É que as autoridades políticas, ancoradas em demagogia pura, resolveram fazer o povo pagar a conta de medidas totalmente desnecessárias, como o confinamento, o fechamento do comércio, das escolas e de restaurantes, transferência de eventos etc.

No meu entender, o comércio, a indústria e particulares atingidos deveriam fazer uma ação coletiva de perdas e danos contra as autoridades públicas que estão adotando medidas restritivas contra o corona vírus, sem razão científica, e aparentemente com a simples intenção de aparecer para a mídia. Isso talvez seja a razão para medidas exageradas também nas outras “democracias” mundiais, cujas autoridades tem medo eleitoral de deixar de tomar medidas inúteis contra o desconhecido e serem acusados de omissão.

Os prejuízos que estão sendo impostos à sociedade, e sobretudo aos pobres, são consideráveis. A situação pode ser suavizada no caso de empregados com carteira assinada. Contudo, para os autônomos, o resultado é a perda de sua fonte de renda. É também o caso de trabalhadores em trabalho parcial, como acontece com a maioria dos profissionais de turismo. O fechamento de loja é outro motivo de redução inútil de renda. Em razão de tudo isso a solução do lado social é simples: desobedeçam as autoridades insolentes que querem matar a vida econômica e a fonte de renda de grandes cidades, como o Rio.

No meio dessa pantomima, surge alguém como o ministro da Saúde com uma recomendação patética, dramática, de que cuidem bem dos idosos. Vejam vocês. Não fosse o vírus não haveria necessidade de cuidar dos velhos. Como deveriam ser tratados? Finalmente, os donos dos navios turísticos, postos em quarentena, deveriam exigir das autoridades razões científicas definitivas para justificar a quarentena. Até onde entendi as declarações governamentais publicadas, elas não existem, sobretudo em confronto com as declarações dos dois cientistas acima.

*Mencionei os locais onde trabalham, mas, na pressa, não consegui ver no vídeo o nome dos dois cientistas mencionados. Contudo, é fácil identificá-los na USP.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS  é jornalista, economista, escritor e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.