Por Amirah Sharif –
Direito dos Animais.
Em 26 de agosto, comemora-se o dia do cão, por influência dos Estados Unidos que começou a celebrar nesse dia, em 2004, o National Dog Day, para agradecer tudo o que esses animais verdadeiramente leais têm feito por nós nesses mais de 16 mil anos de convivência com os humanos.
O ancestral mais antigo do cão é o miacis, um pequeno carnívoro parecido com uma doninha que viveu há 40 milhões de anos.
Pesquisas recentes mostram que os cães são os únicos animais capazes de interpretar emoções em faces humanas. Eles conseguem identificar quando estamos tristes, nervosos ou alegres com apenas um olhar.
O célebre escritor Machado de Assis disse, certa vez, que “felizes são os cães que, pelo faro, descobrem os amigos” e eu me pergunto se também pelo faro eles descobrem os inimigos.
Crueldade com cães
Digo isso, porque em pleno 26 de agosto, dia do cão, li uma notícia no jornal “Paraíba Notícia” sobre cães que estavam sendo abatidos a tiros na zona rural de Alagoa Grande, cidade localizada na região do Brejo paraibano, distante a 103 quilômetros da capital João Pessoa.
“A população da cidade está horrorizada, mas não denuncia a autoria das mortes por medo”, explicou a ativista da causa animal e presidente da ONG “Ajude Anjos de Rua”, Fabíola Rezende.
Segundo moradores das proximidades, o dono de uma propriedade rural de Alagoa Grande tem uma cadela de raça que, ao entrar no cio, atrai vários cachorros de rua e, para afastá-los, o proprietário rural os mata a tiros.
Um cão vítima dos tiros do proprietário “sem noção” acabou sobrevivendo graças a um rapaz que ouviu o choro e grunhidos de dor do animalzinho. Imediatamente acionou a ONG, que levou o animalzinho ao Hospital Universitário Veterinário (HUVet), localizado na cidade de Areia, município vizinho a Alagoa Grande, onde foi retirada uma a bala de calibre 22, localizada próxima à coluna do cãozinho.
“Guerreiro” (agora o cãozinho tem um nome!) foi adotado por D. Cícera, senhora humilde que reside com o marido e dois filhos em Alagoa Grande. O cãozinho passa bem, mas corre risco de ficar paralítico. Vamos pedir ao “Padim Padi Ciço” para intervir e pedir a Deus para que Guerreiro volte a andar e a viver bem.
Faroeste no Velho Oeste
Quando se lê histórias como a de Guerreiro, em que um proprietário de terra sai dando tiros e mata cachorros ou o que estiver à sua frente, pensamos que estamos em uma das cidades do Velho Oeste dos Estados Unidos, em pleno século XIX, mas engana-se quem pensa que o tiroteio lá, àquela época, rolava solto. A vida era bem mais tranquila do que os filmes de Hollywood costumam retratar. Estamos no século XXI e as cenas de “faroeste” se repetem. Se castrasse a cachorrinha, não seria mais simples? Não haveria nem mortos, nem feridos.
Recepcionistas de restaurante
No México, cães foram adotados e ganharam “emprego” de recepcionistas com direito a crachá e uniforme.
Costela e Marinada são dois cães que viviam pelas ruas da cidade mexicana de Toluca, até que foram adotados, em 2017, pelos donos de uma franquia de restaurantes. Por serem muito dóceis, os proprietários tiveram a ideia de colocá-los como recepcionistas.
Os cachorros foram resgatados há mais de três anos, mas só no ano passado os responsáveis decidiram apresentar “Costela e Marinada” e contar a história deles em rede social. A foto acabou se tornando pauta de diversas reportagens em vários países.
Apesar de não esperar pela repercussão, a rede de restaurantes mexicana ganhou muitos elogios pela iniciativa, vista por algumas pessoas como uma forma de incentivo à adoção de pets abandonados.
Li a matéria sobre os cães recepcionistas no restaurante “Rancheros del Sur”, no México, em agosto de 2020. Um ano depois, leio a notícia sobre cães abatidos a tiros na zona rural de Alagoa Grande, na Paraíba.
Nesse caso, me lembrei novamente de Machado de Assis, quando disse que “a arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal”. Tentemos, oremos e sigamos em frente!
AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br
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MAZOLA
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