Redação

Empresários pedem ajuda do governo para poderem operar.

Sem ajuda do poder público neste momento de contingência decorrente da pandemia do novo coronavírus (covid-19), as empresas de ônibus urbanos do Rio de Janeiro ameaçam tirar a frota de circulação a partir de amanhã (27). O anúncio foi feito, por meio de nota, pelo Sindicato das Empresas de Ônibus do Município do Rio de Janeiro (Rio Ônibus).

“O Rio Ônibus adotou todas as medidas estipuladas pelo poder público e até se antecipou para tentar manter o emprego dos mais de 26 mil rodoviários e o transporte público por ônibus, neste momento tão difícil para todos”, diz o texto.

Segundo o Rio Ônibus, o setor está entrando em “completo colapso total com o agravamento da crise por conta da pandemia do novo coronavírus”, com uma queda de 72,6% no número de passageiros registrada na terça-feira (24).

“Hoje a queda é ainda maior. Com o baixíssimo número de pessoas embarcando e sem nenhuma ajuda das autoridades, diferentemente de como acontece em São Paulo, as empresas não têm mais condições de manter a compra de combustível e os salários dos rodoviários.”

A prefeitura de São Paulo criou um grupo de trabalho com as empresas de ônibus para discutir ações e tomar medidas de prevenção contra o coronavírus no transporte público. O Rio Ônibus se diz aberto ao diálogo e “espera que o poder público apoie o transporte público por ônibus neste momento de suma importância para o combate ao Covid-19”.

Por parte dos trabalhadores, o Sindicato dos Rodoviários enviou um ofício à prefeitura solicitando que sejam tomadas medidas urgentes e que seja formada uma mesa de negociação para resolver a situação e evitar o colapso. O sindicato da categoria diz ter sido informado ontem (25) por dois consórcios de empresas de ônibus, dos cinco que operam as linhas na cidade, o Internorte e o Intersul, de que “não vão conseguir honrar os salários dos motoristas e demais profissionais que fazem circular a frota de ônibus do município”.

O ofício é assinado pelo presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José da Silva, e é endereçado ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella, ao presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe, ao presidente da Rio Ônibus, Claudio Callac, ao presidente do Tribunal Regional do Trabalho RJ, Jose da Fonseca Martins Junior, e ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho RJ, João Batista Berthier Leite Soares.

Os trabalhadores pedem que seja garantido o pagamento dos salários dos profissionais, além de proteger os motoristas para que seja cumprida a resolução que impede passageiros de viajarem em pé e a disponibilização de álcool em gel aos usuários e trabalhadores nos terminais e entrada e saída dos veículos.

Secretaria Municipal de Transportes

Segundo dados da Secretaria Municipal de Transportes, o sistema de ônibus urbanos da cidade transportou entre 90 milhões e 100 milhões de passageiros por mês no ano de 2018, os números mais recentes disponíveis no site da pasta. No mesmo ano, a frota determinada na cidade, em todos os consórcios, incluindo o BRT, foi em torno de 8.500 ônibus.

A secretaria disse que “mantém canal aberto com todos os consórcios e com o Rio Ônibus” e que já permitiu “diversas concessões ao sistema”, para que se adeque à realidade do combate ao coronavírus, como o fechamento temporário de 27 estações do BRT; interrupção dos serviços nos três corredores entre 0h e 4h; suspensão das gratuidades para estudantes da rede municipal; e limitação de quatro viagens por dia para os idosos.

“Neste momento, não há como conceder qualquer reajuste da tarifa dos ônibus municipais. A questão está na Justiça e uma audiência deverá ser feita, em breve, para discutir o assunto”, diz a nota da Secretaria de Transportes.

Sobre o ofício do Sindicato dos Rodoviários, a secretaria informou que a prefeitura vai buscar ajuda federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, “para custear a operação mínima do sistema de ônibus da cidade, enquanto as medidas de prevenção ao coronavírus continuarem em vigor”, com o objetivo de manter os serviços para os que dependem do sistema de ônibus e preservar o emprego dos 26 mil rodoviários.


Fonte: Agência Brasil