Redação

O YouTube anunciou nesta terça-feira que irá proibir vídeos com conteúdo enganoso afirmando que houve fraude nas eleições de 2018. Também será removido da plataforma conteúdo que inclui alegações falsas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas na última eleição presidencial e de que os votos foram adulterados.

Segundo o comunicado da empresa, como os resultados oficiais das eleições presidenciais de 2018 foram certificados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estão sendo ampliadas diretrizes para combater conteúdos que promovam alegações falsas sobre fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados que joguem dúvidas sobre a lisura do resultado eleitoral.

ATINGE BOLSONARO? – As regras mais rígidas podem abrir brecha para que sejam removidos da plataforma vídeos do presidente Jair Bolsonaro (PL), que recorrentemente faz ataques às urnas eletrônicas e fala em possíveis fraudes.

Em julho do ano passado, por exemplo, Bolsonaro fez uma live prometendo apresentar provas de irregularidades no sistema eleitoral. Na hora da transmissão ele recuou e não apresentou o material, mas disse ter “indícios fortíssimos” que colocavam em dúvida os resultados. Além disso, afirmou que não tinha “como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”.

Bolsonaro chegou a exibir vídeos que supostamente mostravam eleitores dizendo que votaram nele em 2018, mas que teriam tido os votos anulados pela urna eletrônica. Ao mesmo tempo que mostrava o material ele repetia “não temos provas”.

YOUTUBE VAI DECIDIR – Procurado sobre a live presidencial que segue no ar na plataforma, o YouTube afirmou que está analisando internamente o caso.

Quando há mudança de diretrizes, a empresa retira vídeos já publicados, mas o canal responsável pelo conteúdo não é punido. As punições só começam a contar para novos conteúdos, após um período de adaptação de 30 dias.

Até então, vídeos com alegações de fraude eleitoral, inclusive aquelas no ar desde 2018, não eram removidos no Brasil, como mostrou O Globo em agosto do ano passado. Isso porque não havia normas específicas sobre o tema no país.

A plataforma já tinha entre suas políticas contra a desinformação uma proibição de conteúdo com alegações falsas de que fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados mudaram o resultado de qualquer eleição presidencial, mas a medida só valia para os Estados Unidos e Alemanha.

INFORMAÇÕES OFICIAIS – O YouTube anunciou também que quando usuários buscarem informações sobre voto eletrônico verão um painel na parte superior dos resultados da pesquisa, ou abaixo dos vídeos relacionados ao tema, com um link para informações oficiais do TSE.

De acordo com a plataforma, os painéis visam ampliar o acesso a informações de fontes confiáveis e já contemplam outros temas sensíveis, como a Covid-19.

A exceção para as novas regras é para conteúdo jornalístico que fale sobre urnas eletrônicas ou fraude nas eleições de 2018 de forma contextualizada.

POR EXEMPLO – Diz o Youtube que uma reportagem sobre uma autoridade local afirmando que a eleição presidencial brasileira de 2018 foi fraudulenta continuaria no ar desde que ficasse claro que o vídeo estava apenas relatando essa afirmação, mas não endossando.

Segundo a gerente de políticas públicas do YouTube Alana Rizzo, a meta é limitar cada vez mais a disseminação de vídeos enganosos ou que desrespeitem as diretrizes da plataforma.

“Ajustamos o sistema de recomendações para diminuir a visualização de vídeos que chegam perto de violar as diretrizes da comunidade. Nosso objetivo é manter as visualizações de recomendações para conteúdo duvidoso abaixo de 0,5%” — afirma Rizzo.

Fonte: O Globo


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