Redação –
O secretário executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, estava entre as dezenas de convidados da festa do aniversário de 37 anos do jogador do Palmeiras Felipe Melo, em um condomínio em São Paulo, que começou na sexta-feira, dia 26, e entrou pela madrugada deste sábado, dia 27. Em vídeos aos quais o Estadão teve acesso, os convidados, incluindo o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro, aparecem sem máscara.
Após críticas ao evento com aglomeração durante a pandemia do coronavírus, o atleta usou as redes sociais para se desculpar. Disse que era uma comemoração “reservada” e que “da melhor maneira possível” tentou preservar a segurança de todos os presentes.
FESTANÇA – Segundo convidados, duas bandas tocaram ao longo da noite. Ao todo, entre músicos, convidados e produção eram cerca de 70 pessoas. O Estadão procurou Fabio Wajngarten para comentar a presença dele na festa, mas ainda não teve o retorno.
Wajngarten foi o primeiro integrante da comitiva presidencial que esteve nos Estados Unidos com o presidente Donald Trump, em março, a ser diagnosticado com o coronavírus. Ao todo, 23 pessoas que estiveram no grupo foram contaminadas. Ao chegar ao Brasil, já com sintomas, Wajngarten insistiu em viajar no voo do Força Área Brasileira (FAB) que ia para São Paulo.
Um militar do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que estava no voo foi infectado e chegou a ser hospitalizado. Na ocasião, o então chefe da Secretaria Especial de Comunicação foi criticado por não ter informado a real dimensão de seus sintomas.
EVIDÊNCIAS – Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há evidências científicas suficientes para afirmar que pessoas que se recuperaram do novo coronavírus estão imunes à doença. O órgão tem repetido que “nenhum estudo concluiu que a presença de anticorpos confere imunidade ao novo coronavírus em humanos”.
Em geral, o Ministério da Saúde e autoridades na área recomendam que não se faça aglomeração tanto em ambiente aberto como fechado durante a pandemia. O Ministério recomenda, inclusive, distância de um metro entre as pessoas “em lugares públicos e de convívio social”.
SEM MÁSCARA – No início deste mês, Wajngarten se recusou a usar uma máscara de proteção durante um voo comercial de Brasília a Guarulhos alegando que já tinha contraído a doença. Conforme revelou o colunista Guilherme Amado, da Revista Época, vários passageiros reclamaram e uma comissária de bordo teve de insistir. Após o pedido, o secretário usou a proteção.
A festa de Felipe Melo ocorreu em sua residência no condomínio Tamboré II, na Grande São Paulo. Nos vídeos, o jogador canta junto com músicos e convidados. Em um deles, Wajngarten aparece gravando o atleta. O secretário também aparece abraçado com Felipe e outras pessoas em frente ao bolo. O condomínio fica em Santana de Parnaíba. Até o dia 25 de junho, segundo o site do município, 963 pessoas adoeceram e 36 morreram por causa do coronavírus.
Em meio à pandemia, @fabiowoficial vai em festa de @_felipemelo_, do Palmeiras – No vídeo abaixo, o nº 2 do Ministério das Comunicações do governo Bolsonaro aparece vestindo jaqueta preta e filmando a festa com o celular. https://t.co/UdyliJ1dkf pic.twitter.com/93wMJdvYzB
— Política Estadão (@EstadaoPolitica) June 27, 2020
DESCULPAS – “Comemorei meu aniversário com minha família e amigos mais próximos. Sei que o mundo passa por um momento difícil, mas, depois, de muito pensar, meus familiares e eu decidimos comemorar de forma reservada. Foi na minha casa e tentamos, da melhor maneira possível, preservar a segurança de todos que estavam presentes. Se ofendi algumas pessoas, peço desculpas. Não foi esta a intenção”, publicou Felipe em uma rede social.
No Estado de São Paulo, o governo decretou quarentena, com restrições para realização de eventos públicos. Não há uma regra que proíba uma festa em casa, mas é recomendado que não ocorram. O Ministério da Saúde recomenda evitar situações de aglomeração e o uso de máscaras em todos os ambientes, incluindo lugares públicos e de convívio social. A orientação é manter distância mínima de um metro entre pessoas em lugares públicos e de convívio social.
PROXIMIDADE – Felipe Melo se tornou próximo de Bolsonaro, que é torcedor do Palmeiras. O presidente gravou um vídeo para parabenizar o atleta. “Eu te conheço há mais tempo do que você me conhece. Te acompanhei sempre no futebol, sua garra, sua determinação, sua vontade de vencer, seu empenho, sua liderança em campo. Posso dizer que um pouco de você eu trouxe pra mim. Só quem realmente age dessa maneira atinge seu objetivo final”, disse Bolsonaro, que relembrou que conheceu o jogador quando o Palmeiras ganhou o Brasileirão de 2018.
“Confesso que eu me apaixonei por você”, falou. Os dois trocam mensagens frequentemente. Em 17 de junho, o jogador esteve na posse no ministro das Comunicações, Fábio Faria. Após o evento, almoçou com Bolsonaro.
CASOS – O Brasil registrou até a noite de sexta-feira, 26, 56.109 mortes por coronavírus e 1.280.054 casos confirmados da doença, segundo levantamento feito pelo consórcio dos veículos de imprensa junto às secretarias estaduais. O Estado de São Paulo, que desde o início é o epicentro da doença, contabiliza 258.508 casos e 13.996 óbitos.
O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre jornalistas dos seis meios de comunicação, que uniram forças para coletar junto às secretarias estaduais de Saúde e divulgar os números totais de mortos e contaminados. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia. Diante da repercussão, o Executivo voltou a divulgar os dados consolidados.
Responsável pela Comunicação do governo, Wajngarten usou as redes sociais para rebater às críticas feitas ao Ministério da Saúde, que passou a informar números da pandemia do Brasil às 22h. No dia 8 de junho, usou o Twitter para comparar a divulgação dos dados do coronavírus com as partidas de futebol. “Novamente dois pesos e duas medidas por parte da mídia: divulgar boletim da saúde às 22:00 é um escândalo. Transmitir futebol às 22h sem transporte público, todos ficam calados”, escreveu.
Fonte: Estadão
MAZOLA
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