Por Emanuel Cancella –
Numa armação sem limite, num claro intuito de beneficiar a Lava Jato de Moro e Dallagnol, o CNJ e o TRF4 afastam definitivamente o juiz Eduardo Appio da 13ª vara de Curitiba.
Eduardo Appio, quando assumiu a Vara de Curitiba, entre outras medidas, realizou a audiência virtual com o advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran (3).
Nessa audiência, Duran disse que, em 2017, foi procurado por uma pessoa, o advogado da Lava Jato Zucoloto, que atuou como cabo eleitoral da campanha de Moro, além de advogado ligado à esposa dele, Rosangela Moro, que teria oferecido um acordo de delação premiada de US$ 5 milhões durante as investigações.
Duran disse que pagou parcela da propina de US$ 612 mil a Moro e Dallagnol para não ser preso (4).
Após a divulgação do depoimento, o senador Sérgio Moro (União-PR) disse que não teme qualquer investigação: “Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou”, rebateu (1).
O problema é que Luis Nassif em seu jornal o GGN publicou que Duran o advogado espanhol fez depósito na conta de Rosangela Moro, esposa de Moro (5).
A partir das menções de Duran, em audiência virtual, Appio decidiu enviar o caso ao Supremo Tribunal, responsável pela análise de questões envolvendo parlamentares com foro privilegiado.
Em 2020 o PGR Augusto Aras ameaçou retomar o caso Duran, logo em seguida engavetou (2).
O CNJ realizou nesta quarta-feira (18) uma audiência de conciliação entre Appio e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O afastamento do juiz da 13ª Vara pelo TRF-4 ocorreu após uma denúncia de que ele telefonou para o filho de um desembargador do tribunal fingindo ser outra pessoa. Appio passou a responder a um processo administrativo.
Inicialmente, o TRF-4 queria que o juiz admitisse ter feito a ligação e fosse removido compulsoriamente da Vara. No entanto, no acordo, o juiz admitiu apenas que teve conduta imprópria, sem especificar se fez ou não a ligação. Sua defesa apresentou um laudo demonstrando que não seria dele a voz gravada em um trote.
No acordo, o magistrado também concordou em desistir da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde pretendia retornar. Para permanecer na magistratura, Appio se inscreverá voluntariamente em um edital para ser transferido. Após a transferência, o corregedor Luís Felipe Salomão encerrará o processo administrativo (6).
O filho do desembargador Malucelli, João Malucelli, que teria sofrido a ameaça, é sócio de Moro e a perícia disse que a voz da ameaça no áudio não era de Eduardo Appio (7).
Assim como o STF, que condenou Moro por parcialidade e perseguição ao presidente Lula, agora a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um relatório, nesta quinta-feira (19), que aponta falta de imparcialidade por parte do ex-juiz Sergio Moro e dos promotores envolvidos na Operação Lava Jato (8,10).
Depois de tanta evidência gritante e armações ilimitadas, vamos ver o que o STF acha dessa impunidade!
Fonte:
5 – https://jornalggn.com.br/politica/advogado-espanhol-fez-pagamentos-a-rosangela-moro/
10 – https://www.conjur.com.br/2021-jun-23/moro-suspeito-julgar-lula-decide-stf-votos
EMANUEL CANCELLA – Advogado (OAB/RJ 75.300), ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex-diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), fundador e coordenador da FNP, ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, colunista desta Tribuna da Imprensa Livre, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido no site Mercado Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2017 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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