Redação –
A indicação da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara não foi bem recebida no mundo político e levou outros partidos a lançarem nomes para disputar ao cargo.
O colegiado é considerado o mais importante da Casa e, normalmente, a presidência é definida consensualmente.
Bia Kicis integra a ala bolsonarista do PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu. Ao se desfiliar da legenda, o presidente abriu um racha no partido. A parlamentar é uma das mais fiéis aos interesses do governo Bolsonaro, votando alinhada ao Executivo em 97% das votações nominais, segundo o levantamento do Radar do Congresso.
Bia é investigada em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a disseminação de informações falsas. Em um segundo inquérito que apura a realização de atos antidemocráticos, apesar de não ser investigada, a parlamentar foi convocada a prestar depoimento.
A deputada ganhou projeção política como uma das criadoras do movimento Escola Sem Partido, autodeclarado contra o que chamam de “doutrinação ideológica”. Outra pauta defendida por ela é a do voto impresso, que considera o sistema eleitoral brasileiro inseguro e sujeito a fraudes.
A parlamentar também é considerada uma “negacionista” da pandemia de covid-19. Alinhada ao discurso de Bolsonaro, Bia Kicis é contra medidas como o isolamento social e o uso de máscaras. A deputada foi inclusive citada pelo site de fact checking Aos Fatos como uma disseminadora de desinformação na crise sanitária. O caso ganhou repercussão jurídica.
Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ela é a terceira colocada entre os sete políticos, que são ou eram da base governista, que mais moveram ações contra a imprensa. Bia processou o site, pedindo a retirada do conteúdo e uma indenização. A ação foi julgada como improcedente.
Relembre as principais polêmicas envolvendo a parlamentar:
1. Defendeu o fim das medidas de isolamento social em Manaus
No final de dezembro, a parlamentar foi às redes sociais e elogiou o fim do lockdown decretado pelo governador Amazonense. Em janeiro, Manaus alcançou um novo pico de mortes pelo coronavírus, entrando num verdadeiro colapso por falta de insumos e equipamentos hospitalares como oxigênio.
A pressão do povo está funcionando. A notícia é de que o governador do Amazonas, @wilsonlimaAM , resolveu voltar atras em seu decreto de lockdown. Tomara! https://t.co/Ev7gtuDdYR
— Bia Kicis (@Biakicis) December 27, 2020
2. Em vídeo, a parlamentar confessa truque para burlar o uso de máscaras
O vídeo foi divulgado pela página no Twitter chamada Brazil Covidfest, que tem o objetivo de denunciar eventos e pessoas que não respeitam as recomendações sanitárias feitas pela Organização Munidal da Saúde (OMS) durante a pandemia.
Não existe vacina contra a ignorância#covid_19 #Ignorância pic.twitter.com/dMKeKfgqa0
— Brazil Covidfest 💉 (@BCovidfest) January 5, 2021
3. Defendeu que houve fraude nas eleições presidenciais dos Estados Unidos
Sem apresentar provas, assim como Bolsonaro, a deputada chegou a defender a suspeita de fraude levantada pelo ex-presidente Donald Trump, quando perdeu as eleições ano passado para Joe Biden. Na ocasião, ela argumentou em favor da sua proposta de voto impresso.
As urnas eletrônicas não permitem a auditagem completa dos votos. Não há transparência na apuração. O TSE e o STF impedem a impressão do voto, medida que traria segurança. Quem quer segurança é taxado de obcecado. E ainda tem quem aplauda! https://t.co/xD9Aw9imtU
— Bia Kicis (@Biakicis) November 3, 2020
4. Questionamentos sobre vacinas
A deputada apresentou um projeto de lei sobre vacinação contra a covid-19 alinhado às falas do presidente Jair Bolsonaro, que se posiciona contra a obrigatoriedade e coloca em dúvida a comprovação da vacina. Na proposta, a parlamentar suprimiu do texto a menção de vacinação compulsória e defendeu que a vacina contra a covid-19 só terá comprovação científica confirmada em “aproximadamente dez anos”.
5. Acusação de racismo
A parlamentar chegou a ser acusada de racismo e foi denunciada pelo Facebook após divulgar um meme com uma montagem de fotos dos ex-ministros Sergio Moro e Luiz Mandetta pintados de preto, afirmando que os dois teriam mudado o visual para conseguir emprego por cota racial na Magazine Luiza.
O estrago de Paulo Freire na mente dos estudantes brasileiros é pior do que se imagina.E os estudantes um dia viram médicos, advogados, jornalistas, aí é tragédia https://t.co/M8PO8yGeKI
— Bia Kicis (@Biakicis) September 27, 2020
O povo não consegue mais entender um meme.Sabe quem é racista?A magazine Luiza e quem mais achar q os negros precisam de favor e ter vaga exclusiva p/ emprego pq não tem capacidade intelectual. Nem falem quem é falta de oportunidade pq pobre branco tem as mesmas dificuldades.
— Bia Kicis (@Biakicis) September 27, 2020
6. Divulgação de informações falsas contra membro morto do Psol
Após a morte por covid-19 de Marcelo Biar, membro da direção do Psol no Rio de Janeiro, Bia Kicis se uniu a outros parlamentares bolsonaristas afirmando que o diretor teria desejado a morte de Bolsonaro quando o presidente foi diagosticado com covid-19. No entanto, membros do partido alegaram que Marcelo não realizou postagens neste sentido.
7. Xingou ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Após se tornar alvo no inquérito das Fake News, a parlamentar gravou um vídeo chamando o ministro Celso de Mello de “juiz de merda”, afirmando que utilizava da sua imunidade parlamentar para criticar o decano.
8. Informação falsa sobre decisão da Procuradoria-Geral da República
A deputada postou nas suas redes sociais que o PGR, Augusto Aras, tinha recomendado o arquivamento da notícia-crime do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) contra o presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, a própria PGR publicou uma nota afirmando que “não houve manifestação do órgão”.
Fonte: Congresso em Foco
MAZOLA
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