Por Ricardo Cravo Albin

Muitos consideram vergonhoso e até insultante o aposto mais comum com que de há muito conta o país: aquele que diz que o Brasil é o país do carnaval e do futebol. Verdade? Mentira?

Bem, com certeza, mentira não é. E, de mais a mais, não acho que seja nada aviltante que um país miscigênico, um país que celebra e por que não a arte e a alegria possa assim ser definido. É claro que o Brasil não é só isso. Mas que esses dois itens são fundamentais, isso lá são. Então, vamos por etapas.

Inicialmente, há que se refletir sobre o fenômeno que é o carnaval do Brasil, através de uma única pergunta: em que outro lugar do mundo um contingente de mais de cem milhões de pessoas param durante quase uma semana para celebrar o carnaval? Se a resposta não fosse suficiente, eu arriscaria outra perguntinha: e em que país do planeta cerca de sessenta mil pessoas, ricamente fantasiadas, por conta própria, desfilam de graça para fazer o maior e o mais belo espetáculo-arte do mundo, as escolas de samba do Grupo Especial do Rio? E as outras mais de mil escolas espalhadas de Norte a Sul, os trios elétricos da Bahia e grupos de frevo do Recife?

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Quanto ao futebol, a segunda paixão nacional, bem que pode ser considerado a primeira. Mais que isso: pode ser considerado o fator mais essencial (eu diria até mais estratégico) de união nacional. E por quê? Elementar, meu caro leitor, elementar. Uma vez a cada quatro anos, a Copa do Mundo retempera a unidade do país em torno da Seleção. Agora, sem mentir, responda rápido: que data nacional, que herói, que conjuntura neste país recebe as homenagens e as preocupações globais da população como a Seleção para a Copa? Em que tempo todas as bandeiras e as cores nacionais enfeitam casas e ruas, jornais e tevês? Nem há como discutir a frase genial do nosso querido Nelson Rodrigues: “A Seleção é a pátria de chuteiras”.

Portanto, cada Copa vale mais que dez Dias da Pátria, vinte Dias da Bandeira, quinze celebrações da Proclamação da República ou cinco datas do Descobrimento do Brasil. Verdade ou mentira?

RICARDO CRAVO ALBIN – Jornalista, Escritor, Radialista, Pesquisador, Musicólogo, Historiador de MPB, Presidente do PEN Clube do Brasil, Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin e Membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

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