Redação

A rede social Twitter decidiu bloquear 3 postagens do presidente norte-americano Donald Trump e suspendeu a conta dele por 12 horas, após os protestos que culminaram na invasão ao Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, na tarde desta 4ª feira (6.jan.2020) e que deixaram ao menos uma pessoa morta. A medida foi divulgada por volta das 21h, no horário brasileiro.

De acordo com o Twitter, os responsáveis pela conta pessoal de Trump deverão remover as postagens listadas pela rede social, durante essas 12 horas. Caso sejam mantidas, a conta seguirá suspensa. Neste período, Trump não poderá fazer novas postagens, mas outros conteúdos ainda poderão ser encontrados por seguidores.

Segundo a empresa, o presidente norte-americano violou de forma grave e repetida as políticas de integridade cívica, que consta nas normas de uso da plataforma. O Twiiter ainda ameaçou Trump. Caso ele insista em postar conteúdos semelhantes, poderá ser banido da rede social, tendo a conta excluída.

TRUMP INCITA MANIFESTANTES E VOLTA ATRÁS

Antes da invasão dos apoiadores ao Capitólio, Trump fez diversas postagens em que defendia a manifestação realizada em Washington. Ele defende que os senadores republicanos votem contrários à homologação do resultado das eleições, que deu a vitória ao democrata Joe Biden.

Nas publicações, ele chegou a atacar o vice-presidente Mike Pence. Na legislação norte-americana, o vice acumula a função de presidente do Senado, mesmo sem exercer mandato no Capitólio. Normalmente, ele se abstém das votações, mas acaba presidindo votações simbólicas como a que deveria ter ocorrido nesta 4ª feira.

Antes de ser criticado, Pence divulgou nota em que disse que não tinha poder para alterar os votos de congressistas que fossem favoráveis à aprovação do resultado das eleições. A decisão dele irritou Trump que o acusou de ser “não ter coragem para fazer o que deveria ser feito”.

Depois da invasão dos manifestantes, Trump voltou atrás no Twitter e pediu ao grupo que deixasse o Capitólio. Segundo o presidente, o Partido Republicano representa a lei e a ordem. Ele pediu aos apoiadores que respeitem os agentes da lei. “Eles estão verdadeiramente ao lado do nosso país. Fiquem calmos!”, afirmou.

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Morre mulher baleada na invasão ao Capitólio, diz mídia dos EUA

A mulher baleada dentro do Congresso dos Estados Unidos nesta 4ª feira (6.jan.2020) durante uma invasão do prédio por manifestantes trumpistas morreu, segundo a rede de televisão americana NBC e o jornal The Washington Post.

O tiro teria partido de agentes de segurança durante o tumulto em Washington D.C, capital do país. O nome e a idade da vítima ainda não foram divulgados.

O Legislativo dos EUA tinha marcado para a tarde desta 4ª a certificação da vitória do democrata Joe Biden na eleição de 2020 sobre Donald Trump, republicano e atual presidente. A sessão foi encerrada pela invasão.

Trump tem dito, sem apresentar nenhuma prova e perdendo os processos judiciais sobre o assunto, que a eleição foi fraudada. Como consequência, seus eleitores mais aguerridos não aceitam o resultado do pleito, realizado em novembro de 2020.

Trump não recuou do discurso de fraude nem mesmo quando pediu paz e que os manifestantes voltassem para casa.

“Eu sei que vocês estão sofrendo. Eu sei que vocês estão machucados. Nós tivemos uma eleição que foi roubada de nós. Nós tivemos a maioria dos votos, todo mundo sabe –principalmente o outro lado. Mas vocês têm que ir para casa agora”, disse o atual presidente dos Estados Unidos em pronunciamento publicado em vídeo em seu perfil no Twitter.

Quando ele se manifestou a mulher já havia sido baleada.

Mais cedo, Trump criticou inclusive seu vice, Mike Pence, que comandou a sessão, conforme prevê a legislação norte-americana. O presidente disse que Pence foi covarde ao dizer que não tem poderes para anular votos do colégio eleitoral –a forma como funciona o sistema eleitoral dos EUA.

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Vídeo: Trump pede que apoiadores deixem o Congresso, mas insiste em fraude

Apoiadores do presidente dos Estados Unidos Donald Trump invadiram o Capitólio do país nesta 4ª feira (6.jan.2020), durante sessão que validaria a derrota do republicado para Joe Biden. Depois de ser pressionado, Trump pediu que os manifestantes deixassem o local: “Vão para suas casas, e vão para suas casas em paz”, disse ele em vídeo no Twitter.

Na mensagem, Trump voltou a afirmar que a eleição foi “fraudulenta”. Assista, em inglês (1min22s):

Eis a tradução do pronunciamento de Trump:

“Eu sei que vocês estão sofrendo. Eu sei que vocês estão magoados. Nós tivemos uma eleição que foi roubada de nós. Nós tivemos a maioria dos votos, todo mundo sabe –principalmente o outro lado. Mas vocês têm que ir para casa agora. Nós precisamos ter paz, nós precisamos de Lei e Ordem. Nós não queremos ninguém ferido. É um período muito difícil, nunca houve um momento como este em que acontece tal coisa que eles possam tirar de todos nós –de mim, de vocês, do nosso país. Essa foi uma eleição fraudulenta, mas nós não podemos jogar na mão dessas pessoas. Nós precisamos ter paz. Então vão para casa. Nós amamos vocês, vocês são muito especiais. Vocês viram o que acontece, vocês viram como outros são tratados. Eu sei como vocês se sentem. Mas vão para casa, e vão para casa em paz”.

O pedido de Trump só veio depois de pelo menos duas horas da invasão. Antes, o presidente havia pedido que os protestos permanecessem pacíficos. Uma mulher foi baleada.

Antes da invasão, Trump participou de um comício junto com seu filho. Lá, ele afirmou: “Nós nunca vamos desistir. Nós nunca vamos ceder. Nunca acontecerá. Você não cede quando há roubo envolvido. Nosso país teve o bastante. Não vamos aceitar mais”.

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“É um ataque à democracia”, diz Biden sobre invasão ao Capitólio

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, disse que a invasão ao Capitólio nesta 4ª feira (6.jan.2020) é “um ataque à democracia, aos representantes do povo e à lei, como nunca antes visto nos tempos modernos”.

“Hoje é um lembrete, um doloroso, de que a democracia é frágil”, declarou. “A cena de caos no Capitólio não representa a América. Não representa quem nós somos”. 

Biden chamou o episódio de “desordem” e “caos”. Afirmou que o protesto “precisa acabar agora”. Peço que essa multidão se retire para que a democracia avance”, disse.

O democrata disse que havia preparado um discurso sobre economia, mas que diante das “cenas de caos” no Congresso, precisava falar sobre democracia. “Pense no que as crianças assistindo a televisão vão pensar, pense no que o resto do mundo vai pensar”, falou.

“Me entristece ver a que ponto nossa democracia chegou”, declarou. “Invadir o Capitólio, quebrar janelas, invadir escritórios, ameaçar a segurança, não é protesto, é insurreição”.

Assista ao vídeo do discurso (8min27s):

Em seu perfil no Twitter, Biden declarou que as cenas de vandalismo foram promovidas por um “pequeno número de extremistas dedicados à ilegalidade”.

Assista ao vídeo da manifestação (3min56s):

O democrata também fez um apelo para que Trump se manifestasse. “As palavras do presidente importam, não importa quão bom ou ruim seja ele. Eu peço ao presidente Trump que vá à televisão, em rede nacional, manter seu juramento e defender a constituição”. 

O atual presidente dos EUA foi às redes sociais logo depois pedir aos manifestantes que “vão para casa”.


Fonte: Poder360