Por Jeferson Miola

Na eleição deste ano, assim como aconteceu na eleição fraudada de 2018, dois processos simultâneos e paralelos de disputa de votos estão em curso. É possível até se sentir o cheiro de 2018 II no ar.

De um lado, um processo eleitoral convencional, dentro do qual a candidatura Lula desenvolve uma campanha nos termos das regras e das leis para esclarecer, apresentar seu programa, sensibilizar a população, convencer o povo e angariar votos.

De outro lado, há uma guerra multiforme – ou híbrida, se se preferir – desenvolvida pela candidatura do Bolsonaro a partir de diretrizes e princípios fascista-militares.

A eleição de 2022 está sendo brutalmente roubada, fraudada e corrompida pelos fascistas. A reportagem da Patrícia Campos Mello na Folha [20/10] serve como um inventário dramático da falência e da impotência da institucionalidade democrática em enfrentar o arsenal poderoso e sofisticado que está sendo empregado.

Se o próprio presidente do TSE constata que o descontrole da imundície bolsonarista nas plataformas digitais “está um desastre”, quem se atreveria a duvidar da gravidade da situação?

O agravante é que o TSE não conseguiu determinar [pois não conseguiu “fazer acordos”, segundo relatado] um código de conduta a ser observado pelas redes sociais em relação aos crimes perpetrados pelo bolsonarismo em escala industrial.

Patrícia Campos Mello relata que o “representante do Telegram só chegou quando a reunião já havia terminado”. Como se sabe, o Telegram é uma plataforma essencial para o funcionamento da maquinaria fascista. Sua ausência na reunião, neste sentido, é uma atitude suspeita, para dizer o mínimo.

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A jornalista da Folha relata um quadro que pode ser considerado deprimente e desalentador. Ela cita queixas no TSE de que “as plataformas demoram para remover conteúdo”, chegando a levar “mais que quatro a cinco horas para remover vídeos após denúncias do tribunal”.

“Há percepção de que as ações e a remoção estão sendo muito morosas e não impedem a viralização de conteúdo já classificado como ilegal”, escreve Patrícia Campos Mello. Isso significa que os conteúdos criminosos, mesmo depois de condenados pelo Tribunal, continuam sendo propagados por algumas horas, podendo atingir até dezenas de milhões de internautas, causando um estrago danado e irreversível à imagem e à reputação do Lula e do PT.

A reportagem ainda denuncia que, “na percepção de parte da Corte, o MPE vem se omitindo” em relação aos crimes que afetam a integridade e a lisura da eleição. O MPE, vale lembrar, é chefiado pelo PGR Augusto Aras, o notório colaboracionista do fascismo e sabotador da democracia que ironicamente foi reconduzido ao cargo pelo Senado.

Seria bizarro não fosse trágico, ainda, que para tirar conteúdo falso do ar, o TSE exija a indicação do endereço completo do link que propaga o crime, quando poderia determinar automaticamente a proibição do conteúdo criminoso em caráter universal e urgente, punindo os criminosos que agem de modo contumaz e deveriam ir para a cadeia.

A campanha Lula não pode continuar trabalhando como se estivéssemos numa situação de normalidade eleitoral e institucional, porque rigorosamente não estamos! Está em andamento um processo monumental de fraude e corrupção eleitoral para impedir, por todos os meios sujos e criminosos, a vitória do Lula no dia 30 de outubro.

É urgente haver uma reação dura. Com suas armas poderosas e diversas, o fascismo não titubeará em dar um golpe mortal na democracia para avançar o projeto totalitário.

Nesta eleição, Bolsonaro e as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas aprimoraram e sofisticaram as armas e os meios criminosos que empregaram em 2018 para fraudar a eleição e minar a democracia.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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