Por Alcyr Cavalcanti –
“Armaram pra mim” (Celsinho da Vila Vintém)
Após cumprir pena de mais de 20 anos, inclusive em presídio federal, Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém foi posto em liberdade por decisão judicial. Ao sair da Penitenciária Lemos de Brito no Complexo de Gericinó acompanhado por seus advogados, declarou estar há muito tempo afastado do crime e que já devia estar em liberdade há muito tempo.
Celso foi recebido em festa na favela onde dominou por muito tempo. A configuração das áreas em domínio de narcotraficantes e milicianos pode sofrer algumas modificações. Poderão ser formadas alianças cooperativas pontuais para tomada de território, devido à liderança que Celsinho ainda exerce. A acusação que pairou sobre ele, de ter participado com um bonde para tomar a favela da Rocinha que estava em poder de Rogério 157 do Comando Vermelho. A “mina de ouro” esteve durante muito tempo sob o domínio de Antônio Bonfim, o Nem, que mesmo em presídio de segurança controlava as inúmeras bocas de fumo. A invasão de 2017 queria retomar o controle e estaria orientada por Celsinho segundo delegados, inclusive Antônio Ricardo titular da 11a DP, com intuito de favorecer o contraventor Rogério Andrade.
Para Celsinho foi apenas uma “armação” dos delegados para favorecer os próprios interesses.
A rede criminal Amigos dos Amigos/ADA começou com Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, após o seu rompimento com o Comando Vermelho por causa do assassinato de Orlando Jogador, em um churrasco. O CV nunca perdoou Uê pela morte de um de seus líderes. Aos poucos Uê veio a se tornar o maior matuto, (fornecedor) o que provocou a ira da cúpula do CV, em especial de Fernandinho Beira Mar que disputava com ele o fornecimento de cocaína, na Colômbia e Bolívia. A disputa acabou em um banho de sangue em 11 setembro de 2002 em Bangu 1, conhecido como “A derrubada das Torres Gêmeas”, onde os líderes do ADA foram executados. Celsinho, conseguiu escapar milagrosamente.
Segundo versões pediu “arreglo” a Beira Mar, mas só muito poucas pessoas sabem exatamente o que aconteceu, anos depois em um depoimento Celsinho não incriminou Beira Mar, o que no “mundo do crime” é uma enorme dívida.
ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
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