Redação –
A empresa de máquinas e implementos agrícolas Stara, localizada em Não-Me-Toque e com uma segunda unidade em Santa Rosa, ambas no Rio Grande do Sul, emitiu um documento aos seus fornecedores, na última segunda-feira (3), afirmando que se o candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser o vencedor do pleito, irá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%.
O seu presidente, Gilson Trennepohl, é vice-prefeito de Não-Me-Toque e filiado ao União Brasil. De acordo com o TSE, Trennepohl fez R$ 1 milhão em doações nesta campanha, sendo R$ 350 mil à candidatura do presidente Jair Bolsonaro e R$ 300 mil para Onyx Lorenzoni, que disputa o governo do Estado.
Com a ameaça de redução de quadro, a empresa coage os seus trabalhadores e trabalhadoras para que votem em Jair Bolsonaro (PL), o que é crime. Assédio eleitoral deve ser punido judicialmente, a Stara já foi denunciada no Ministério Público do Trabalho (MPT).
O documento enviado aos fornecedores diz que “diante da parceria desenvolvida durante o passar dos anos para com a sua empresa, tem o dever de informar-lhes que, diante da atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil após os resultados prévios do pleito eleitoral deflagrado em 02 de outubro de 2022 e, em se mantendo este mesmo resultado no 2º turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30% (trinta por cento), consequentemente o que afetará o nosso poder de comprar e produção, desencadeando uma queda significativa em nossos números”.
ReproduçãoSindicatos contestam argumentos da empresa
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rosa, Sávio André dos Santos, contesta os argumentos da empresa. De acordo com ele, a unidade da Stara no município tem em torno de 400 trabalhadores e a empresa está construindo uma nova fábrica na cidade.
“As fábricas da região estão vivendo um bom momento, com aumento de produção. Esse anúncio da Stara vai na contramão da realidade”, afirma.
Já o presidente do Sindimaquinas de Carazinho, Luiz Sérgio Machado conta que ficou surpreso ao saber do comunicado
“Me causou surpresa, o recado é para os fornecedores, mas o objetivo é atingir os trabalhadores”, ressalta. O dirigente garante que os sindicatos já fizeram a sua parte, denunciando a empresa.
Extrusor faz ameaça semelhante
Nas redes sociais circulam um outro aviso, mas da empresa Extrusor, Extrusores e Soluções aos seus fornecedores, ameaçando trabalhar apenas em forma remota, a partir dom resultado das eleições, e não comprar mais insumos e peças do comércio local de Novo Hamburgo, também no Rio Grande do Sul.
Como denunciar
Para evitar a coação de patrões a trabalhadores e trabalhadoras, o Ministério Público do Trabalho (MPT), divulgou um documento no começo da campanha eleitoral com recomendação para combater essa prática. Na recomendação, o MPT alerta que as empresas que praticarem assédios podem ser punidas judicialmente por meio de ações trabalhistas.
O MPT alerta ainda que o direito à liberdade de voto está garantido na Constituição Federal que protege a liberdade de consciência, de expressão e de orientação política, protegendo o livre exercício da cidadania por meio do voto direto e secreto. Desta forma, a livre escolha de candidatos e candidatas é garantida a todos.
Os casos podem ser denunciados, ainda que de forma anônima e/ou sigilosa no site www.mpt.mp.br
Fonte: Federação dos Metalúrgicos com informações do Valor Econômico
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