Redação

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou neste domingo (9) em entrevista à GloboNews que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pode ser chamado a prestar um novo depoimento.

Queiroga prestou depoimento à CPI na semana passada por cerca de oito horas. No entanto, integrantes da comissão ficaram incomodados com o fato de Queiroga ter evitado responder perguntas sobre alguns temas.

NOVA CONVOCAÇÃO – Para que Queiroga compareça novamente à comissão, um integrante da CPI deve apresentar um requerimento, e o plenário deve votá-lo e aprová-lo. Se aprovada nova convocação, Queiroga será obrigado a comparecer a uma sessão, em data a ser definida.

“O ministro será chamado, naturalmente, porque tudo aquilo que ele está mostrando, o governo está indo na contramão do que ele disse. Não sou eu que estou me contradizendo. Quem está se contradizendo nas atitudes é o próprio Queiroga”, declarou Aziz neste domingo.

“O que mais nós perguntamos para o [ex-ministro] Teich e para ele [Queiroga] foi: ‘Qual o planejamento que os ministros que antecederam ele deixaram?’. Ele não sabia dizer porque estava só há 40 dias lá. Talvez, agora, ele consiga nos dizer o que, de fato, encontrou no ministério. Ele tem que dizer. Ele não falou”, acrescentou o presidente da CPI.

CONTRA AGLOMERAÇÃO – Ainda na entrevista, Aziz mencionou o fato de Queiroga ter dito à CPI que qualquer aglomeração deve ser dissuadida, mas que, neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro passeou de moto por Brasília com um grupo de apoiadores.

“O ministro Queiroga disse que é contra qualquer tipo de aglomeração. O presidente, infelizmente, fez hoje uma grande aglomeração, sem usar máscara. Eu faço aqui um apelo ao presidente: ouvir o ministro dele. Eu acho que o presidente, que é a grande liderança do país, que é a pessoa que tem que nos conduzir, ou ele nos conduzirá para a salvação, através da vacina, ou ele nos conduzirá para o caos, para os óbitos. Esse apelo eu faço como brasileiro, senador, não como presidente da CPI, para que ele possa colaborar nesse sentido, pedir que os ministros colaborem. Não tem Super-Homem para essa doença.”

DISSE QUEIROGA – Entre outros pontos, Marcelo Queiroga disse a vacinação contra a Covid é um fator “decisivo” no combate à doença, não o chamado tratamento precoce. Também afirmou ser necessário reforçar para a população a importância do uso de máscara contra a Covid.

No entanto, ao ser questionado sobre o fato de presidente Jair Bolsonaro defender o uso da cloroquina contra a Covid, remédio cientificamente comprovado ineficaz contra a doença, Queiroga disse que não faria “juízo” sobre o tema.

Assim como no caso da cloroquina, Queiroga também evitou responder sobre alguns outros temas, como as gestões anteriores da pasta.

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CPI VAI CHAMAR PAZUELLO DE SENHOR E NÃO DE GENERAL

Octavio Guedes
GloboNews

A CPI da Covid bateu o martelo: o ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello será tratado pelos senadores como “senhor Pazuello”. Nada de “general”. A estratégia é para deixar bem claro que a CPI quer jogar luz na atuação dele enquanto ministro — um cargo civil — e isolar a instituição Exército de toda a lambança.

Como o blog havia informado, o próprio Exército fez chegar ao general a informação de que ele será desmentido caso venha dizer que a cumpriu uma missão autorizada e determinada pela Força ao aceitar sua ida ao ministério.

Aliás… Por falar no senhor Pazuello, que vai depor em 19 de maio na CPI da Covid, quem esteve com ele nos últimos dias retrata seu comportamento como o de alguém nervoso e com medo.

Numa das sessões de treinamento para a audiência da CPI, o chamado media training, ele teria discordado da estratégia do governo e desabafado: “Vocês não vão me deixar sozinho nisso, não”. A sessão acabou interrompida. Foi um senhor constrangimento.


Fonte: G1