Por Jeferson Miola

A inundação de Porto Alegre poderia acabar em no máximo 48 horas, se o prefeito Sebastião Melo acolhesse as recomendações de especialistas, acadêmicos, cientistas e de ex-diretores dos departamentos de Esgotos Pluviais [DEP] e de Águas e Esgotos [DMAE] que foram entregues a ele nesta 6ª feira, 17/5.

As medidas são perfeitamente exequíveis, e tiveram sua eficácia comprovada nas estações de bombeamento da cidade que já foram consertadas, como nos bairros Menino Deus e Cidade Baixa, onde as águas refluíram mesmo com a elevação do nível do Guaíba acima dos 5,2 metros na última 3ª feira, dia 14/5.

Os especialistas recomendam o emprego de mergulhadores para vedar as comportas e impermeabilizar as áreas de infiltração com materiais específicos; o fechamento hermético de tampas de dutos forçados para impedir o refluxo de águas; e a energização ou conserto das casas de bombas que devolvem a água invasora para o Guaíba.

O engenheiro Vicente Rauber, ex-diretor do DEP e signatário do documento, participou da reunião para formalizar a entrega do documento ao prefeito da capital, e relatou que “Melo os atendeu por alguns minutos e se retirou apressado, dizendo que continuaria falando conosco”.

A reunião então continuou com o assessor do prefeito, Marcus Vinícius Caberlon, “que negou os problemas o tempo inteiro”.

Rauber disse, ainda, que diante da irredutibilidade do representante do Executivo Municipal, alertaram “que a Prefeitura tem duas saídas: ou continua o negacionismo, agravando a situação da cidade, ou adota as propostas e interrompe o sofrimento da população e os prejuízos da cidade”.

Apesar da sugestão destas medidas para acelerar o escoamento das águas e acabar com a inundação da cidade em até 48 horas, o governo municipal continua impassível no erro, na incompetência e no negacionismo, ameaçando deixar Porto Alegre alagada por pelo menos 20 dias, embora pudesse resolver o problema imediatamente.

Com esta postura, o prefeito Sebastião Melo assume a responsabilidade objetiva pela ampliação dos danos, dos prejuízos das pessoas, empresas e da economia local, assim como pela exposição da população ao risco de colapso sanitário ainda pior.

Com sua incompetência, negacionismo e negligência que causaram graves consequências à população, o prefeito Melo deve ser responsabilizado nas esferas administrativa, cível e criminal.

A recusa em adotar as medidas para o escoamento urgente das águas da cidade que permitiriam o fim da inundação em até 48 horas agrava ainda mais a responsabilidade do prefeito.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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