Por Sérgio Vieira –
Dia 8 de julho de 1986 parti numa caravela a jato para uma aventura da qual não tinha a menor consciência onde iria aportar. Ou melhor, sabia. Só não sabia o resultado do que esta aventura iria resultar.
Casado há menos de 3 semanas, peguei a minha bagagem e minha mulher (que me acompanha até hoje), mudei de país, mudei de amigos, mudei de clima, mudei de trabalho e tantas outras mudanças. De nenhuma me arrependo.
Encontrei um país em ascensão, impulsionado pela adesão recente à antiga Comunidade Econômica Europeia, hoje apenas União Europeia e que aproveitava cada tostão para investir naquilo que eram as necessidades básicas de um país que estagnou durante mais de 40 anos sob uma ditadura Salazarista (e lazarenta).
Amigos? Fiz outros. Tão bons ou melhores do que aqueles que deixei no Brasil. Em bem menor número? Sim. Mas com muita qualidade, e os mantenho até hoje.
Clima? Agora passados estes 35 anos, já estou plenamente habituado e até curto o clima mais agreste, com a presença de amigos, um bom queijo, um bom vinho, lareira acesa e tudo de bom que o inverno proporciona. Mas confesso: no início foi duro. Reconheço, trocar o sol da Barra da Tijuca, pelo inverno quase perene aqui da terra de Camões e de Pessoa, foi muito duro.
Trabalho? Vim trabalhar no mesmo ramo (bancário), com todas as diferenças que é trabalhar no sistema financeiro Brasileiro e no Europeu. Mas tive quem me orientasse e me dissesse “vai por aqui”. Até nisso agradeço aos meus chefes diretos, também hoje já aposentados, mas com os quais mantenho relações de proximidade até os dias de hoje.
Outras mudanças: de solteirão convicto, acostumado à noite carioca, a homem casado e com responsabilidades também exigiu de mim uma mudança grande de atitudes.
Hoje, aposentado, me dedico ao ‘dolce far niente’, a acordar às horas que quero. Sou notívago. Leio até altas horas. Vivo, posso dizer, com alguma tranquilidade financeira, fruto de 30 anos duro de trabalho.
Tenho uma companheira incrível, que posso dizer sem ser piegas, que é o meu sustentáculo. Tenho 2 filhos maravilhosos, O Leonardo com (já 30 anos ) e a Iara com 25 (minha princesa).
Fica por aqui esta minha demonstração de egocentrismo.
E fiquem sabendo, aqueles que pensam que Portugal é o país dos três F’s (fado, futebol e Fátima), que as coisas por aqui são levadas bem mais à sério.
Agradeço o amável convite para colaborar com esta livre iniciativa literária, mandando daqui de Portugal e Europa temas bem mais atuais e de importância sem ser dissecar a minha vida pessoal.
Ps. 1 – De 2 anos para cá me sinto um exilado político. Como o Brasil é mal visto por esta Europa afora!
Ps. 2 – Ainda me resta uma réstia de esperança na justiça brasileira pelo andamento de um assunto que me é muito caro e que talvez, um dia venhamos a nos focar sobre ele.
Forte abraço a todos, até a próxima!
SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.
MAZOLA
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