Por Sérgio Ricardo –
O Baía Viva recebeu hoje no fim da tarde (19/05/2020) mais este vídeo de grupo de botos-cinza, espécie ameaçada de extinção, brincando nas águas da Baía de Guanabara!
A pandemia COVID-19 provocou um colapso na economia global, reduzindo o intenso tráfego de navios petroleiros e que transportam mercadorias.
A Baía de Guanabara tem um tráfego anual de mais de 10 mil navios e rebocadores da indústria petroleira que com seus motores enormes e barulhentos afugentam as espécies marinhas e provocam a ressuspensão dos sedimentos do fundo do subsolo marinho deixando turvas as águas da Baía.
Neste momento de pandemia, em que há uma redução acentuada do tráfego de navios e outras embarcações, os botos-cinza e outras espécies são beneficiadas e tem aproveitado as águas transparentes.
Além deste fator econômico conjuntural, as águas transparentes tem origem em dois fatores naturais associados: a maré de sizígia (ou “marés oceânicas”) e o processo de Hidrodinâmica da Baía de Guanabara que foi estudado pelo saudoso Professor do Departamento de Geografia da UFRJ, Elmo Amador, que também foi fundador do movimento Baía Viva na década de 1990 e tem extensa obra sobre este ecossistema e o modo de vida dos povos tradicionais (pescadores artesanais). Segundo Elmo, em média a cada 15 em 15 dias, a Baía de Guanabara promove um processo interno de “autolavagem” ou de “autodepuração” de suas águas ao lançar no alto mar, através do movimento das marés, um volume de poluentes despejados nas suas águas turvas (lixo, esgotos, óleo e metais pesados).
Na década de 1990, existiam 800 indivíduos desta espécie marinha na Guanabara e atualmente, infelizmente, são apenas 28 botos-cinza, estando a espécie classificada como ameaçada de extinção, apesar de ser o símbolo do brazão da cidade do Rio de Janeiro.
Contraditoriamente, os botos também eram o símbolo do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), que foi iniciado em março de 1995 (há 25 anos atrás e que por incrível que pareça até hoje NÃO FOI CONCLUÍDO!).
O PDBG foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), consumiu aproximadamente R$ 10 Bilhões e, até hoje, não foram construídos os Troncos Coletores que transportariam os esgotos das residências até um conjunto de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs). O resultado é que a Baía (ainda) recebe um volume de 18 mil litros de esgotos por segundo!
Ou seja: gastou-se bilhões de reais, durante 25 anos, em obras de saneamento básico que estão incompletas ou inacabadas e o resultado vergonhoso é a ameaça de extinção da espécie símbolo do Rio de Janeiro!
>>Leia também: Botos-cinza nas águas da Baía de Guanabara
SÉRGIO RICARDO VERDE – Ecologista, coordenador do movimento BAÍA VIVA, gestor e planejador ambiental, produtor cultural, engajado nas causas ecológicas e sociais, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
#BAIAVIVA
MAZOLA
Related posts
Infecção
Riani, 101 anos – por Lincoln Penna
Editorias
- Cidades
- Colunistas
- Correspondentes
- Cultura
- Destaques
- DIREITOS HUMANOS
- Economia
- Editorial
- ESPECIAL
- Esportes
- Franquias
- Gastronomia
- Geral
- Internacional
- Justiça
- LGBTQIA+
- Memória
- Opinião
- Política
- Prêmio
- Regulamentação de Jogos
- Sindical
- Tribuna da Nutrição
- TRIBUNA DA REVOLUÇÃO AGRÁRIA
- TRIBUNA DA SAÚDE
- TRIBUNA DAS COMUNIDADES
- TRIBUNA DO MEIO AMBIENTE
- TRIBUNA DO POVO
- TRIBUNA DOS ANIMAIS
- TRIBUNA DOS ESPORTES
- TRIBUNA DOS JUÍZES DEMOCRATAS
- Tribuna na TV
- Turismo